quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pedido Prof. Nilo Batista.

Prezados Colegas,

Peço àqueles que estiverem de acordo com o presente manifesto para que, além de auxíliar em sua divulgação, nos encaminhe sua aceitação para que o incluamos como signatário.

Saudações cordiais,

Nilo Batista.


Link do manifesto:
http://mail.google.com/mail/?ui=2&ik=f8ccddf071&view=att&th=1240ca98fd9d33ca&attid=0.1&disp=vah&zw
E-mail para retorno: criminologia@icc-rio.org.br

...mesmo que você feche os ouvidos e as janelas do vestido,

minha musa,vais cair em tentação...

(C. Buarque)

É hoje!

Toffoli será sabatinado pelo CCJ .

Há mais de um século, o Senado não rejeita nomes.
Apesar de esta não ser a primeira indicação polêmica ao Supremo, a sabatina é vista como chancela, já que, nos últimos anos, as sessões foram marcadas mais por elogios do que perguntas.
O Senado, porém, já rejeitou nomes à Corte.
Estudo do ministro Celso de Mello, com curiosidades históricas do Supremo publicado no site da instituição relata que, na história da República (desde 1889), houve cinco rejeições durante o governo.
Floriano Peixoto (1891 a 1894/): Barata Ribeiro, Innocêncio Galvão de Queiroz, Ewerton Quadros, Antônio Séve Navarro e Demosthenes da Silveira Lobo. Naquela gestão, o tribunal possuía, ao todo, 15 juízes.

Extraído da Uol notícias, em 30/09/2009.

Imperdível.

Começa hoje o Seminário Internacional de Justiça Restaurativa, em São Caetano, SP.

http://uniabc.br/site/eventos/justica/programacao.html

terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Em cima do muro não é preciso muita ginástica intelectual para explicar tantas contradições."

segunda-feira, 28 de setembro de 2009



Onde você vê um obstáculo, alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro, a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura."
(F. Pessoa)

Para poucos e bons...

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.

Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.

Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis,nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,

mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice.

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto

e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois os vendo loucos e santos,


bobos e sérios,


crianças e velhos,

nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
(O.Wilde )
Seminário Jurídico Franco-Brasileiro

Data: 5 e 7/10/09

Horário: 16h

Local: São Paulo/SP


Em comemoração ao ano da França no Brasil, a OAB/SP , a Embaixada da França, a Ordem dos Advogados de Paris, a Missão Econômica do Rio de Janeiro e a Câmara de Comércio França-Brasil promovem o "Seminário Jurídico Franco-Brasileiro", entre os dias 5 e 7 de outubro, com apoio da Fecomércio, Cesa, Aduaneiras e Fundação de Direito Continental da França.
Seminário

Inscrições e informações: (11) 3291 8100
I Seminário Interdisciplinar de Justiça Restaurativa.


Data: 28,29 e 30 de setembro de 2009.

Local: PUCRS Seminário Internacional de Justiça Restaurativa.


Informações úteis:

- INSCRIÇÕES ESGOTADAS!
Agradecemos a todos pelo interesse no seminário, e informamos que não há mais vagas disponíveis.Infelizmente, não há cadeiras extras disponíveis.

- MUDANÇAS NA PROGRAMAÇÃO:
1. A participação da Profa. Dra. Beatriz Aguinsky será no dia 29/09, e não mais no dia 28.
2. O Prof. Dr. Leonardo Sica não mais poderá estar presente no dia 29/09, motivo pelo qual cancelou a sua participação.

Ganhei de presente...

O MEU AMOR


Ar que se acaba,
E toda lágrima é pouca e já não há mais lágrima,
Nem moribundo, mais suicida pelo tempo,
O que tenho é espera,
Covarde preguiça de morrer.

Nem sei se como sonho,
Ou raio ou corte ou dor,
Sei que, repentino e forte, já rio e gosto,
Porque sei, é você que vem, e gozo.

Assim é o meu amor, feito de paixão, todo desejo,
Que, à sua presença, faz arder e reviver,
Sorriso tolo e olhar de súplica,
Aguardando seu soro e da aproximação quase o choro,
Até se fazer matéria, de cheiro e gosto.

Nem mais lembro do que era entrega,
Quase cuspo coração afora,
Vício a saciar é prenúncio de prazer.

Vem, imensa e rude, atropelar minhas regras,
Desordena, se espalhando sobre mim,
Desprezando minha razão,
Refazendo meus planos,
Toda destino, definitiva pelo tempo que quiser.

Se me quer pleno ou rasgado,
Se me dá ou não seu corpo,
Se me sorri ou ri,
Se quer gozo ou recordar prazer só seu,
Sabe que, presa sua e preso ao que lhe preza,
Encontro, breve, no êxtase, motivo e fim.

Deixo-me agora só a usar sua imagem e voz,
Como encanto e afago,
E já me deformo, insano em guerreiro,
Querendo, de si, você,
Feliz já se puder querer.

Se vejo que veio e vai,
Sigo com o olhar seus passos. a suspirar,
E assim me fez seu homem,
E me bastou como mulher.

Mas, se quer me abater,
Então se multiplica e é todas,
Revolvendo minhas idéias,
Louca, ousada e genial;
Reparando meus conceitos,
Na revolução de fatos e mitos com que me confunde;
Destruindo minha segurança,
E novos passos tenho a testar.

Rendo-me, sei disso, à pobreza de meus sonhos e pesares.
Não é mais de alma que cogito.
Se fartou meu coração,
De amar, com tanto amor,
Vejo-me virgem à sua chegada,
Sinto a violência de tanto gostar.

Como pude, por longa vida, acreditar,
Que amor me compunha então,
Se me faz, só ao sorrir,
Ver que pouco sou para suportar,
Num corpo pequeno, todo paixão,
É no que me transformou.

E se é amor tanto pensar, tanto querer, tanto buscar,
Faz-me assim compreender,
Toda dor e sofrimento, se distante de você,
São retratos do inverso, de todo amor que a si professo.

Poderia ainda revelar seus infinitos segredos,
Que seu toque e seu calor me abrasam, me destroem,
Na surpresa de aceitar mesmo a morte a saciar.

É assim que a vejo e sinto,
É assim que a amo e venero,
É assim que me desespero,
Pois que tanto sentimento,
Faz-se vício, faz-me seu.

Nem limite a seu encanto me é dado pretender,
Sua alma é viajante,
Busca o novo e o desafio,
Não se prende a territórios,
Cega a laços e tradições,
Faz as regras, tenta, experimenta.

E passeia, linda e leve, desfrutando todo fruto,
Livre como um cão de rua, mas, cuidado, é só disfarce,
Soberana, bem se sabe, faz do mundo seu reinado,
Brinca e cansa, qual criança,
E retorna ao seu berço,
Se seu leito, mais macio,
Num instante, de momento,
Se fizer de lhe agradar.

É de si, seu jeito seu, e se é minha é que me quer,
E me tem de qualquer modo,
Todo seu, entregue e posto,
Por seu gosto a suspirar.
Faz-me assim completo amante,
Em meus braços, ou a voar,
Não conjugo possuir, algo mais do que estar,
Pois que sei de seus limites, tão distantes, seu olhar.

É assim a minha Luz, definindo os meus caminhos,
E é Luz se o que persigo, o que quero alcançar,
Luz, é luz, o tempo todo, que me aquece e faz cegar.
Quando longe, tudo escuro, é em mim só em lembrança,
Não se perde, nem retrai,
Antes pulsa, sempre ardente, brilho interno, brilho intenso,
Pois me tem, Luz da minha vida,
Feito seu, eternamente, a si cativo, seu refém.

Não pretende a divindade, não rejeita assim o mal,
O que diz é o que sabe, vive e toca,
Rebelde ao alheio pensar.
Faz então as suas leis, um império sedutor,
Em que fico a habitar, fiel e mudo, a venerar.

Sei que não é só divina.
Sei que elege os seus pecados,
Ilumina e prende, sacia e suga,
Mascara a dor, se engana, ingênua,
Afronta seus desejos e se entrega sem pudor.
Posso ver carne em sua alma,
Alma tem, mesmo sem corpo.

Pois assim veio e se assentou,
Fez-me seu, seu servo, fez de si minha vida.
Cruel e generosa, serena e impulsiva,
Faz da dor o amor, do amor, o desejo, que se torna paixão, daí num louco amor, então tornado dor, que se expressa em mais amor.

Veio, e vem, bem sei, e se esquiva de explicações e padrões,
E ficou e ficará, já conquistado este reino,
Absoluta e eterna, fingindo-se menor, escondendo e exibindo toda graça e manha,
Senhora dos dias, dos sonhos e meu mundo,
Que se põe, para meu prazer, a dominar.

domingo, 27 de setembro de 2009

Hoje me acordei pensando em uma pedra numa rua de Calcutá.
Numa determinada pedra numa rua de Calcutá.
Solta.
Sozinha.
Quem repara nela?
Só eu, que nunca fui lá.
Só eu, deste lado do mundo, te mando agora esse pensamento...
Minha pedra de Calcutá!
(M. Quintana)

sábado, 26 de setembro de 2009

Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou a minha vida.

Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos.

"O amar os outros" é tão vasto que inclui até o perdão para mim mesma com o que sobra.

As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto.

Tenho que me apressar, o tempo urge.

Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida .

Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.

E nasci para escrever.

A palavra é meu domínio sobre o mundo.

Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente.

Uma das vocações era escrever. E não sei por que, foi esta que eu segui.

Talvez porque para outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado,

enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós.

É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever.

Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder.

E no entanto cada vez que eu vou escrever, é como se fosse a primeira vez.

Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz.

Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever.

Quanto aos meus filhos, o nascimento deles não foi casual.

Eu quis ser mãe.

Meus dois filhos foram gerados voluntariamente.

Os dois meninos estão aqui, ao meu lado.

Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar.

Se eu não fosse mãe, seria sozinha no mundo.

Mas tenho uma descendência, e para eles no futuro eu preparo meu nome dia a dia.

Sei que um dia abrirão as asas para o vôo necessário, e eu ficarei sozinha:

É fatal, porque a gente não cria os filhos para a gente, nós os criamos para eles mesmos.

Quando eu ficar sozinha, estarei seguindo o destino de todas as mulheres.

Sempre me restará amar.

Escrever é alguma coisa extremamente forte

mas que pode me trair e me abandonar:

posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo

e que eu devo aprender também a parar.

Em escrever eu não tenho nenhuma garantia.

Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer.

Amar não acaba.

É como se o mundo estivesse a minha espera.

E eu vou ao encontro do que me espera.
(C.Lispector)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sedução



Mais uma dose?


É claro!


É claro que eu tô a fim


A noite nunca tem fim


Por que quê a gente é assim?
Agora fica comigo
E não, não


Não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole


Não me mastigue assim...
Canibais de nós mesmos


Antes que a terra nos coma
Cem gramas, sem dramas
Por que quê a gente é assim?
Mais uma dose?


É claro!É claro que eu tô a fim


A noite nunca tem fim


Por que quê a gente é assim?


Você tem exatamente


Três mil horas


Prá parar de me beijar


Meu bem, você tem tudo


Tudo prá me conquistar...


Você tem apenas um segundo


Um segundo


Prá aprender a me amar


Você tem a vida inteira


Baby!A vida inteira


Prá me devorar...


Agora fica comigo


E não, não


Não desgruda de mim


Vê se ao menos me engole


Não me mastigue assim...


Você tem exatamente


Três mil horas


Prá parar de me beijar


Meu bem, você tem tudo


Tudo prá me conquistar...


Você tem apenas um segundo


Um segundo


Prá aprender a me amar


Você tem a vida inteira


A vida inteira


Prá me devorar...

Congresso Brasil-Alemanha.


A AASP – Associação dos Advogados de São Paulo, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, o Instituto Max Planck de Direito Penal Estrangeiro e Internacional, o Instituto Panamericano de Política Criminal e o Núcleo Direito e Democracia – CEBRAP, promoverão, nos dias 5 a 7 de outubro de 2009, o “CONGRESSO BRASIL – ALEMANHA RESPONSABILIDADE E PENA NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO”.

Objetivo:
O objetivo central deste congresso é tentar construir um diagnóstico das principais mudanças que vêm ocorrendo no Direito Penal contemporâneo e refletir sobre desenvolvimentos possíveis para a atribuição de responsabilidade jurídica diante dos desafios atuais.

Temas:
Diagnóstico, tendências, framework teórico: desafios do Direito Penal hoje: Brasil e Alemanha.

Diagnóstico, tendências, framework teórico: responsabilização individual na sociedade de risco.

Política criminal:
- Crise da pena hoje.
- Segurança e culpabilidade no Estado Democrático de Direito.
- Alternativas à pena e ao Direito Penal.
- Tutela penal dos Direitos Humanos?

Casos. Desafios à dogmática penal:
- A noção de bem jurídico e a regulação de riscos
- Criminalidade de empresas: sanções penais, administrativas e autorregulação.
- Direito Penal e regulação de riscos e fluxos financeiros.
- Criminalidade organizada.

Corpo docente:
Álvaro Pires
Ana Paula Zomer Sica
André Rodrigues Corrêa
Angélica Romero
Bernd Heinrich
Bernd Schünemann
Bruno Meyerhof Salama
Cornelius Prittwitz
Danilo Borges dos Santos
Davi Tangerino
Flávia Portela Puschel
Hans-Jörg Albrecht
Helena Lobo da Costa
Heloísa Estelitta
Jan Simon
José Rodrigo Rodriguez
Klaus Günther
Laurindo Dias Minhoto
Leonardo Sica
Luciana Boiteux
Luís Fernando Schuartz
Luís Greco
Luiz Guilherme Mendes de Paiva
Marcos Nobre
Maria Celina Bodin de Moraes
Marta Rodriguez de Assis Machado
Miguel Reale Jr.
Oscar Vilhena Vieira
Pablo Galain
Pierpaolo Cruz Bottini
Rafael Mafei Rabelo Queiroz
Renato de Mello
Jorge Silveira
Salo de Carvalho
Tarso Genro
Theodomiro Dias Neto
Ulrich Sieber
Urs Kindhäuser
Viviane Muller Prado

Informações: http://www.aasp.org.br
VAGAS LIMITADAS
Informações: telefone (11) 3291-9200

Será possível, para quem quiser, acompanhar o evento via internet.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Artigos para publicação - Revista Systemas.

SEMINÁRIO ANISTIA REPARAÇÃO E MEMÓRIA

CFCH/UFRJ, 30 de setembro de 2009
Núcleo de Estudos de Políticas Públicas
em Direitos Humanos - NEPP-DH

Convite/Dica.


Para as pessoas de outros Estados, como eu, fica o convite para a leitura do livro de Daniel Achutti - Modelos Contemporâneos de Justiça Criminal. Vale conferir!!


Salo de Carvalho disponibilizou o prefácio do livro de Daniel em seu blog, veja:

O Autor e o seu (Con)Texto

[Prefácio do livro Modelos de Contemporâneos de Justiça Criminal, de Daniel Achutti]

Honra-nos Daniel Achutti com o convite de prefaciar/apresentar seu primeiro livro, fruto de investigação de Mestrado realizada no Programa de Pós-graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS (PPGCCrim). Devemos registrar ao leitor, ainda que preliminarmente, a felicidade em ler o texto e compartilhar desta obra com esta pequena contribuição.
Em 2008 o PPGCCrim completou dez anos de atividade, coincidindo a passagem de uma década que somos professores da Faculdade de Direito da PUCRS. Neste período, dedicamo-nos conjuntamente com nossos colegas docentes na construção e na solidificação de uma idéia: um Programa de Pós-graduação em Ciências Criminais que, desde a perspectiva da transdisciplinaridade, oferecesse à comunidade científica nacional abordagem crítica dos problemas relacionados à violência, ao crime e ao controle social. Para nossa felicidade o projeto ganhou reconhecimento nacional e em 2009 abriu sua primeira turma de Doutorado, da qual faz parte Daniel.
Ao longo destes anos vivemos a academia de forma intensa e junto com os demais professores e alunos construímos, mais que um Curso, um projeto que se consolida hoje em uma escola aberta de Criminologia e de Direito Penal. Nascida no PPGCRIM da PUCRS se fortaleceu no Instituto Transdisciplinar de Estudos Criminais (!TEC).
A publicação de Daniel Achutti é motivo de euforia em decorrência de sua trajetória estar diretamente ligada a este processo. Daniel é partícipe e herdeiro deste movimento. Ao estar conosco desde a graduação – orientando no Trabalho de Conclusão de Curso de Alexandre Wunderlich, seu paraninfo em 2004, e orientando no Mestrado de Salo de Carvalho –, fortalecemos vínculos de acadêmicos e profissionais que se solidificaram em indiscutível vínculo afetivo.
De aluno pesquisador e interessado, Daniel passou a ser colega de atividade docente, interlocutor de nossos diálogos e cúmplice de nossas vivências diárias. Muitas vezes foi co-autor de nossos artigos e participante ativo de nossas pesquisas e seminários.
Assim, partilhamos as mesmas idéias, os mesmos ideais e lutamos juntos assumindo o compromisso da defesa intransigente da Constituição da República e das garantias constitucionais.
Neste momento de reflexão sobre o autor e a sua obra, Daniel nos faz pensar que lecionar ainda vale à pena, pois formamos na Faculdade de Direito e no PPGCRIM da PUCRS um extraordinário professor, um pesquisador de qualidade.
Mas Daniel não é apenas um “teórico” – na tonalidade pejorativa daqueles que ainda acham que possa existir teoria sem prática ou que a prática é possível emergir alheia a uma teoria que a informe –, é um militante humanista que detém uma sensibilidade invulgar e que está preocupado com a prática forense e com a necessidade de diminuir o espaço existente entre a produção acadêmica e as decisões dos Tribunais. Desta forma, para além de sua atividade docente, é também advogado combativo e competente.
Assim, apresentar o autor da investigação intitulada “Modelos Alternativos à Justiça Criminal” não é tarefa difícil, pois falamos ao leitor de um aluno que vimos crescer, de um colega que admiramos e de um amigo que cultivamos.
Acompanhamos sua carreira desde o princípio, passo a passo, ano a ano e vimos o seu amadurecimento pessoal, o que se percebe na leitura do trabalho que ora ganha publicação.
Longe de tentar se esconder no mito da ‘neutralidade científica’, Daniel tem personalidade e deixa claro seu referencial teórico, inclusive para que críticas a ele possam ser direcionadas.
A defesa do modelo garantista, comungada por nós, permite projetar a construção de modelo de justiça criminal desde outros referenciais, como o da redução dos danos causados pela inábil interferência do direito penal, sobretudo nos países periféricos da América Latina, países de modernidade incompleta como o Brasil. A luta por um modelo jurídico estruturado no pensamento garantista permite a crítica e a visualização de modelos alternativos ao falido sistema criminal. O norte e o objetivo, contudo, são claros: “es el fruto de una opción garantista a favor de la tutela de la inmunidad de los inocentes, incluso al precio de la impunidad de algún culpable” (Ferrajoli).
Por todos estes motivos é um grande prazer e renovado orgulho apresentar aos leitores o autor e sua obra.
E está de parabéns a Livraria do Advogado por, mais uma vez, receber um autor comprometido com a defesa da ‘boa ciência’. A obra deve ser lida e apreciada por todos aqueles que querem retirar os véus do discurso hipócrita que tem pautado o sistema de justiça criminal nas últimas décadas.
PUCRS, março de 2009.

Alexandre Wunderlich - Prof. Coord. do Dep. de Direito Penal e Processual Penal e do Pós-graduação em Direito Penal Empresarial da PUCRS.
Salo de Carvalho - Prof. Titular de Criminologia e Direito Penal do PPGCRIM da PUCRS.


quarta-feira, 23 de setembro de 2009



Se as coisas são inatingíveis... ora!


Não é motivo para não querê-las...


Que tristes os caminhos, se não fora


A presença distante das estrelas!


(M.Quintana)


Acordei pensando em você...
A primavera trouxe uma saudade imensa de você pequenina, aninhada em meu colo.
Uma saudade que dói, um amor imensurável.
Seu olhar, seu doce sorriso, suas risadas, seu gigante coração...
No seu aniversário estaremos longe e assim, fica aqui, meu olhar antecipado.
Foi exatamente com esta idade que ganhei você em minha vida...
com todo meu amor.


"Leve na lembrança
A singela melodia que eu fiz
Prá ti, ó bem amada
Princesa, olhos d'água
Menina da lua
Quero te ver clara
Clareando a noite densa deste amor
O céu é teu sorriso
No branco do teu rosto
A irradiar ternura
Quero que desprendas
De qualquer temor que sintas
Tens o teu escudo,
Tens o teu tear
Tens na mão, querida
A semente
De uma flor que inspira um beijo ardente
Um convite para amar"
(Menina lua -Renato Motha)

Olhar de Primavera.



É Primavera agora, meu Amor!

O campo despe a veste de estamenha;

Não há árvore nenhuma que não tenha

O coração aberto, todo em flor!

Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor

Da vida... não há bem que nos não venha

Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!

Não há bem que não possa ser melhor!

Também despi meu triste burel pardo,

E agora cheio a rosmaninho e a nardo

E ando agora tonta, a tua espera...

Pus rosas cor-de-rosa em em meus cabelos...

Parecem um rosal!

Vem desprendê-los!

Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...

(F.Espanca)

terça-feira, 22 de setembro de 2009


É impressionante como o Lula me surpreende a cada dia.
Abro meu jornal e me deparo com essas pérolas:

"Falar que o Toffoli não passou num concurso? A vida é assim mesmo. Alguns dos maiores cientistas do mundo foram péssimos alunos, tiraram nota zero na escola. Os jogadores de futebol mais brilhantes do mundo foram rejeitados por uns 30 clubes antes de serem contratados."

"Alguém observa que Toffoli é um "bom ser humano". "Não é só, meu caro", diz Lula, juntando o indicador, o polegar e enfatizando com uma das mãos: "Ele é um puta advogado. Ele foi advogado da gente desde a campanha de 1998. Nós sabemos como ele é bom".

La grande finale:"As pessoas têm que entender que, depois que o Brasil elegeu um Presidente da República que não tem diploma, sabe, e um vice-presidente [José Alencar] que não tem diploma, o preconceito acabou neste país".

(Folha de São Paulo, 22/09/2009)



Senhor, tende piedade de nós!




Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é o que estraga o amor.

Só em Deus ela pode encontrar satisfação.

Não noutra alma.

Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo estender-se com outro corpo.

(M.Bandeira)

Acho que começou no parto. Meu, lógico. Porque parece que sempre fui assim. Dolorido e cético. Meio choroso, isso eu sei. Daí que nem sei o que veio primeiro. É o que talvez explique porque uso tanto mas. Isso, mas... Legal, mas... Talvez até algo como: amo, mas... Será que tenho tanta desconfiança assim? Não creio. Sou o cara mais fácil de se convencer que tem. Porque eu quero acreditar. Verdade. A coisa parece meio esquisita, o cara meio malandrão, fala que fala e tem a boca grande. Que coisa: sempre que vejo um cara fazer grandes afirmações com a boca grande, fico com vontade de acreditar no que ele diz. Não vontade do coração. Mas sua boca grande, seus dentes de lobo crescem tanto que, sem acreditar, acabo achando até gostoso acreditar. Meio que acomodar e não ter que resolver. Deixe para o Boca Grande. Ele fala fácil, parece que as inúmeras dúvidas do mundo são tão simples de superar. Claro que penso que isso é preguiça mental minha, lembro de que se diz que quanto maior a ignorância maior a certeza. Mas é mais que convincente. Dá vontade de acreditar. Sabe aquele cara que você procura, desesperado, porque não consegue resolver um problema depois de tanto pensar. E ele tem a solução. Seu raciocínio não tem muita lógica, a coisa parece até mística. Mesmo assim, dá uma vontade de acreditar, principalmente quando o da boca grande fala muito, com gosto, convicto, ele, da própria sabedoria. E fico com vontade de acreditar.

Acho que você poderá entender quando pensa numa feira popular e um carinha, óculos grandes escuros, roupa miserável, apresenta para você um produto e fala tão bem dele, com a boca a marejar, gostoso, que você quer acreditar que é verdade. Voto nesse cabra simpático para Presidente.

Preciso voltar ao início. É assim, eu acredito. Ou gosto de acreditar. Porque, no fundo, não acredito em nada. Só gosto de acreditar. E me apequenar. Nossa, como você é legal. Como você consegue isso? Como você dá conta de tudo? Que coisa. Nessas horas, só quero elogiar. Com gosto. Não sou falso. Na hora, concordo e quero concordar. Sei que nem vou lembrar daquilo com que concordei. Fica meio cabotino, sei disso. Finjo e desprezo, na verdade. E, olha, desprezo mesmo. Acho todo mundo mais que eu. Sou inseguro. Deixe para o Boca Grande resolver. Só que, na verdade, internamente, não acredito no Boca Grande. Vejam que coisa louca: eu não sirvo, porque sou inseguro, e o Boca Grande também, porque, na verdade, ele é, digamos, inferior. Só contradição: quero saber como ele pensa, não valorizo o que eu acho e desprezo o Boca Grande.

Muito doido, tudo isso, eu percebo. Queria falar sobre desamor, insegurança. Pra falar a verdade, eu queria chorar meu destino. Mas o Boca Grande veio tão forte à minha mente, que estragou minha dor, me chamou à razão e, como só ele, complicou a minha escrita. O O jeito é tirar alguma conclusão sobre a importância do Boca Grande na minha vida. Eu sei, bebi demais, e talvez meu raciocínio não esteja muito preciso. Mas sabe que esse malandro fez minar minha dor, esconder meu choro e até simpatizar, desta vez sem ironia, com o Boca Grande. Acho que precisamos de gente assim. Será que isso explica nosso Congresso Nacional?

(OG)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Para Daniel Achutti


Mergulhe no que você não conhece...
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
(C.Lispector)

Recebi o convite dessa revista no ano passado e repasso para o conhecimento de todos.

Studi Sulla Questione Criminale - nuova serie di Dei delitti e delle pene.
Rivista fondata da Alessandro Baratta.

Direção: Dario Melossi (Bologna), Giuseppe Mosconi (Padova), Massimo Pavarini (Bologna, diretor responsável), Tamar Pitch (Perugia).

Com esta revista estamos nos propondo a preencher o vazio italiano existente no que tange aos estudos sociológicos, políticos, culturais, e economicos acerca dos temas penalidade, criminalidade, segurança e controle social. Herdeira de Dei delliti e delle pene e , ainda antes, de La questione criminale, esta nova revista entitulada Studi sulla questione criminlae: nuova serie di Dei delitti e delle pene, pretende afrontar estes tópicos dentro de uma perspectiva que o conecte aos processos de transformação sociais e culturais genericamente compreendidos e , paralelamente, se ofereça como uma chave de leitura possível dos mesmos.

Como já faziam Dei delitti e delle pena e La questione criminale, a revista hospedará estudos teóricos e pesquisas de caráter histórico, sociológico e jurídico sobre todos os aspectos e fenômenos que contribuem para construção da questão criminal, tal qual hoje ela apresenta, bem como pesquisas e studos que utilizem a referida questão para ler o estatuto dos conflitos, do direito, dos direitos e da democracia.

A revista é dirigida, particularmente, a estudiosos das ciências jurídicas, sociais e políticas, bem como aos operadores do Direito (magistrados, advogados) e todos aqueles que se interessam pelo universo das políticas sociais e penais.

Para maiores informações:
http://www.carocci.it/caroccifrontend/Controller.do?query=__EXECUTE_VISINFORIVISTE&rivista=51&jscr=0

domingo, 20 de setembro de 2009

As coisas, não as palavras.



Extraído do blog de Luis Alberto Warat


Que tal pensarmos as coisas sem nomea-las? Sem batiza-las de isto ou aquilo?
Deixando apenas que a Palavra aurática manifeste-se em nós, em nossos corpos como suaves ou bruscas vibrações.
Que tal deixarmos aos sentidos a função de nos revelar o nosso entorno? E, ao mesmo tempo, nos revelar ao entorno, como num desnudamento onde o vestuário dos enunciados, das frases de efeito, das definições prévias, dos neologismos, simplesmente vá se esvaindo, se esmaecendo até que a nudez aconteça sem sustos nem alardes, como um acontecimento qualquer?
Que tal abrirmos nossos corpos sensíveis (normalmente impedidos de sê-los) aos movimentos gestados pelo Cosmos e o que o anuncia enquanto luz, enquanto som, enquanto imagens, enquanto sensações térmicas, enquanto cheiros, enquanto sabores? Sem nada nomear, apenas sentir. Que tal escancararmos as portas e as janelas de nossas moradas, para que assim possamos nos ver sem as restrições habituais que costumamos antepor ao olhar, ao escutar, ao sentir?
Que tal abandonarmos nossos “voyerismos”, plenos de apreensões clandestinas das intimidades do outro, para tão somente olharmos e nos deixarmos olhar? Diria o poeta Roberto Carlos: “janelas e portas vão se abrir, pra ver você chegar”, pensando no exílio de Caetano Veloso. Não precisamos tão somente abrir portas e janelas para quando o exilado chegar, pois exilados somos todos nós, de nós próprios e dos outros, trancafiados que estamos nas quatro paredes de nossos egos.
Que tal reaprendermos o uso da Palavra que é elaborada “poieticamente”, num fazer-se que envolva cada momento do existir, quando o gesto poderá acontecer como se fosse único, derradeiro e irrepetível?
Que tal elaborarmos as perguntas sem a angústia das respostas esperadas ansiosamente? Lembremo-nos que as perguntas já trazem consigo as respostas previsíveis.
Que tal perguntarmos tão somente? Porque viver já é por si mesmo um permanente espantar-se. Recuperemos nossa capacidade do encantamento. Perguntas prenhes de respostas gestam des-encantamentos.
Que tal deixarmos a procura da verdade para aqueles que cultivam a mentira? O excesso de frases e argumentos explicativos geram emaranhados de palavras vazias de sentido que são anunciadas em nome da verdade e da mentira.

Albano

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Olhar da semana que vai partindo...


Permita-se.
Aposte todas as suas fichas.
Jogue alto.

"...perder-se também é um caminho!"
(C. Lispector)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Departamento Jurídico do Centro Acadêmico XI de agosto - Semana de acesso à Justiça.


Programação Semana de Acesso à Justiça
Coordenação: José Eduardo Faria

21/09 - segunda-feira
19h30 - Dra. Ada Pellegrini Grinover (Professora Titular do Departamento de Direito Processual da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo)
Tema: Acesso à Justiça - O Controle das Políticas Públicas pelo Poder Judiciário
20h30 - Dalmo de Abreu Dallari (Professor Titular do Departamento de Direito do Estado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo)
Tema: A Inserção do Acesso à Justiça nos Textos Constitucionais.

22/09 - terça-feira
19h30 - Luciana Gross Siqueira Cunha (Professora da Escola de Direito de São Paulo - EDESP/FGV)
Tema: Análise sobre a Confiabilidade da Justiça.
20h30 - Dr. Pierpaolo Cruz Bottini (Professor Doutor do Departamento de Direito Penal da Faculdade de Direito da Universide de São Paulo - USP, ex-Secretário da Reforma do Judiciário)
Tema: A Reforma do Judiciário e a Efetivação do Acesso à Justiça.

23/09 - quarta-feira
19h30 - Celso Fernandes Campilongo (Professor Doutor do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo-USP)
Tema: Movimentos Sociais e o Acesso à Justiça.
20h30 - Dr. José Eduardo Campos de Oliveira Faria (Professor Titular de Sociologia Jurídica da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo-USP)
Tema: O Futuro dos Direitos Sociais.

24/09 - quinta-feira
19h30 - Dra. Cristina Guelfi Gonçalves (Defensora-Geral do Estado de São Paulo)
Tema : O Papel das Defensorias Públicas no Exercício do Direito de Acesso à Justiça.
20h30 - Dr. José Antonio Dias Toffoli (Ministro Advogado-Geral da União)
Tema: A Experiência do Departamento Jurídico XI de Agosto e o Acesso à Justiça como Política de Desenvolvimento Social.

Informações e inscrições: http://www.djonzedeagosto.org.br

Göran Therborn - Sexo e Poder: a família entre 1900 e 2000.


O patriarcado e os direitos relativos de pais e filhos, homens e mulheres; o papel do casamento e do não-casamento na regulação do comportamento sexual e a fecundidade e seu controle. Sobre esses temas, o sociólogo Göran Therborn falará no dia 24 de setembro, na FFLCH-USP.
Sua proposta é comparar as mudanças ocorridas nos principais sistemas familiares mundiais.
Göran Therborn tornou-se catedrático do Departamento de Sociologia da Universidade de Cambridge em 2006, depois de se aposentar como Diretor do Collegium Sueco de Estudos Avançados e como professor de Sociologia, na Universidade de Uppsala.
A conferência é uma iniciativa do Núcleo de Estudos da Violência em conjunto com a Cátedra UNESCO de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância do Instituto de Estudos Avançados e o Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Data: 24 de setembro de 2009 Horário: 10h30
Local: Sala 8 do Conjunto Didático de Filosofia e Ciências Sociais FFLCH-

Av. Prof Luciano Gualberto, 315 - Cidade Universitária - São Paulo - SP

Informações: www.nevusp.org / sedini@usp.br ou pelo fone 3091-1678
Transmissão ao vivo: www.iea.usp.br/aovivo/ (A palestra será proferida em espanhol)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A arte de dar a cara a tapa.

Texto escrito no ano passado...

Souza, centroavante do Flamengo, disputou 40 partidas com a camisa rubro-negra até o final do ano passado [ 2007 ], marcando 15 gols. Uma média de 0,37 gols por partida. A torcida adora vaiar Souza, pegar no pé de Souza, espezinhar Souza. Obina, o outro centroavante do Flamengo, jogou 106 partidas pelo clube até o último dezembro e marcou 32 gols. Média: 0,30. A torcida adora Obina, incensa Obina, clama por Obina. Quanto mais gols Souza marca, mais forte ecoa pelas arquibancadas o nome de Obina. Tem sido assim. Aconteceu recentemente contra o São Paulo no Maracanã.

Esse descompasso entre o desempenho objetivo de Souza e a imagem que ele projeta, entre os resultados que ele produz e o que recebe em troca não é de agora. Souza já foi artilheiro do Brasileirão, vice-artilheiro do Brasileirão, já decidiu no bico da sua chuteira campeonatos estaduais para Goiás e Inter. Já foi decisivo em várias partidas pelo próprio Flamengo. No entanto, nunca deixou de ser atazanado pelas torcidas com que conviveu. Nunca ganhou a confiança dos clubes, nunca foi alçado ao panteão dos goleadores aos quais somos eternamente gratos. Souza tem deixado gols e conquistas por onde passa. Contraditoriamente, não tem deixado saudades. Não tem conseguido formar laços emocionais consistentes, por mais que, racionalmente, tenha feito a sua lição de casa.

Alguém dirá que Souza irrita porque erra mais do que acerta. Um argumento fácil e frágil. Talvez Souza erre mais simplesmente porque tenta mais, porque não se esconde em campo com medo de não acertar uma jogada ou uma finalização. A verdadeira questão, para Souza, é outra: ele tem o dom de chamar para si a ofensa, a injúria, o achincalhe. Trata-se de um viés subjetivo que a análise fria dos fatos não ajuda a deslindar. Souza é daquelas pessoas com tendência a serem pegas para cristo. E nisso temos, ele e eu, algo em comum. Somos de uma estirpe cujo tom de voz, o jeito de olhar, de caminhar, os gestos, o penteado, os trejeitos, as expressões faciais, a postura corporal, o modo de se posicionar diante de certas questões e de certas audiências, enfim, alguma coisa, qualquer coisa, funciona aos olhos dos outros como um convite à agressão, à farra do linchamento moral, como uma licença para enfiar a faca até o cabo sem sofrer represália ou retaliação. Esses sinais são decodificados e fazem a alegria especialmente de uma certa estirpe de gente - os perversos, os canalhas, os pusilânimes, os mal-intencionados em geral.

O ponto, para Souza e também para mim, é que tem gente com carisma, com facilidade para se fazer querida, para ser aceita, para seduzir, para encantar e conquistar sem esforço. Gente com habilidade para sentar sempre nos melhores lugares, freqüentar só as melhores turmas -- e assim se blindar contra a crueldade alheia. E há gente que nasceu para ser gauche na vida. Que pode fazer tudo certinho mas não tem o charme, esse importante élan social. Viola, com seu jeito de Cuba Gooding Jr. de Itaquera, sacava uma pistola imaginária do bolso ao comemorar um gol - ou um arco e flecha, a la John Rambo - e a galera ia ao delírio, e a crítica ficava mesmerizada com aquela erupção de charme do gueto. Souza, ano passado, comemorou um gol com uma espingarda virtual e foi execrado nacionalmente. Faltou pouco para ser responsabilizado por toda a violência do Rio de Janeiro. A você, portanto, bravo companheiro de sina, minha solidariedade. E votos de que o paradoxo que o assola se aguce ainda mais: quanto mais injustos e covardes forem com você, que mais gols você marque e mais faixas você pendure no peito. Só não espere aplauso e tapinha nas costas. Eles não virão para você.

Se algum dia te afastares de mim, Vida - o que não creio
Porque algumas intensidades têm a parecença da bebida -
Bebe por mim paixão e turbulência, caminha
Onde houver uvas e papoulas negras (inventa-as)
Recorda-me, Vida: passeia meu casaco, deita-te
Com aquele que sem mim há de sentir um prolongado vazio.
Empresta-lhe meu coturno e meu casaco rosso:compreenderá
O porquê de buscar conhecimento na embriaguês da via manifesta.
Pervaga. Deita-te comigo. Apreende a experiência lésbica:
O êxtase de te deitares comigo. Beba.
Estilhaça a tua própria medida.
(H. Hilst)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Seja a mudança que deseja ver no mundo
(Gandhi)

domingo, 13 de setembro de 2009

Presente

Minha pitangueira carregada em meu quintal.
Pura e simples.
Beleza para os olhos,
sabor para o paladar e
cheirinho de dias melhores.
Dias de pura felicidade.

"Olhos fechados prá te encontrar..."


O encontro dos olhares,
desejo puro.
Pecado perdoável.
Sem lugar para culpas, para mais nada.
Somente eu e você.
Seu olhar dentro do meu.
Eis o meu desejo.
Saberá você contemplar o meu?
Olhar da razão, a cegueira.
E do nosso olhar,
só restou escuridão...

LUIZ FELIPE PONDÉ
Cama suja

NO FUNDO, desconfio muito dessa coisa de ética. Antes de tudo porque a palavra "ética" é como "energia", cabe em qualquer lugar. Ética profissional, ética no amor, ética com a natureza, ética na cama. Falando especificamente de cama, quanto mais suja, melhor. Quando ouço alguém falar em nome da ética, fujo.Prefiro mentirosos inseguros. Os hábitos civilizados dependem mais da mentira do que da verdade.Claro que não se trata de desprezar a sólida tradição da ética na filosofia: Aristóteles e sua ética das virtudes e do caráter; Kant e sua busca insaciável por regras universais de comportamento; ou os utilitaristas ingleses e os céticos escoceses, e a sensibilidade de ambos para com os limites psicológicos da moral presente no reconhecimento do horror ao sofrimento e da preponderância do hábito e dos afetos sobre ideais abstratos de "bem" ou de "justiça" como verdadeiros critérios da vida moral.Por exemplo, o que vem a ser "ética no amor"? Dizer pra ela que está gorda? Ou dizer pra ele que seu desempenho está abaixo de seus outros amantes? Ou seja: é dizer sempre a verdade?Outro tipo que me põe correndo é gente bem resolvida com seus afetos. Só confio em quem enlouquece de ciúme, em quem perde a cabeça quando sua mulher ou seu marido está conversando com alguém do sexo oposto com cara de quem achou um espécime interessante na festa. Aceitar que sua mulher ou seu marido está a fim de outra pessoa e ficar de bem com isso é papo de gente imatura. Ou de quem, na verdade, não ama. Amar é ficar fora de si ou ficar bem consigo mesmo porque não ama mais. Não existe gente bem resolvida, só gente indiferente.Todavia, com o tempo e as frustrações, a maioria de nós chega à triste conclusão de que é mais feliz quem é mais indiferente.Aliás, a partir de determinada idade, achar alguém interessante é tarefa para deuses. Com o tempo, temos a impressão que só existem três tipos de pessoas com três tipos de problemas básicos. Suas vidas são comuns; seus anseios, banais; seus desejos, mesquinhos.Cheias de amores malsucedidos, quanto mais experiência amorosa, mais previsível.Bobagem essa coisa de dizer sempre a verdade. Coisa de gente que não conhece gente e pior, gente que não gosta de gente. Nesse assunto, não existem imperativos categóricos (leis morais universais à la Kant). Aliás, o grande filósofo alemão Kant era muito bom de filosofia, mas não entendia nada de como as pessoas cheiram ou suspiram.Por exemplo, tirem o pudor do amor e do sexo, e eles desaparecem. A simples suspeita de que o inferno te espera por culpa de tua fraqueza torna o amor e o sexo dádivas das deusas. Como se com elas deitássemos às escondidas. Por isso minha desconfiança visceral com as bobagens juradas contra o sexo e o amor atormentados pelo pecado.Já disse antes que confio mais no fígado do que no cérebro, hoje diria que confio mais na alma afogada nas secreções do desejo do que na higiene das santas e honestas. Não há nenhum dos dois (sexo e amor) se não existir a ameaça da condenação. O medo aqui é como uma saia curta que esconde, entre as pernas, uma alma ansiosa. A banalidade da nudez contemporânea é a prova cabal contra o discurso dos afetos bem resolvidos. Neste sentido, os medievais, aliás, como numa série de outras coisas (o leitor dirá "sempre desconfiei que este colunista fosse um medieval"), sabiam mais do que nós, bobos da razão.Qualquer boa literatura romântica medieval sabe que amor e sexo estão intimamente ligados ao inferno nas paixões. Ninguém ama no paraíso, argumento final contra a salvação. Mesmo na Bíblia, no Cântico dos Cânticos, aquele livro considerado pela tradição judaica como o mais sagrado dos livros sagrados, encontramos a advertência da amada, a heroína da narrativa: "filhas de Jerusalém não despertem o amor de seu sono... a paixão é um inferno".Mulheres sempre foram vistas como especialistas no amor, talvez pela imagem ancestral de que nunca foram seres iludidos pela razão, mas sempre torturadas pelo desejo. Para mim está é a maior das provas de que cegos são os homens que as veem como inferiores.Divago, dirá meu caro leitor. Sim, divago, mas não deliro. Como se num voo, do alto, contemplasse homens e mulheres vagando por um continente abandonado, fugindo da própria sombra. Pessoalmente vejo a ética como o combate supremo do homem com o animal que o devora.

Fonte: Folha de São Paulo, 15/06/2009

Olhar de saudade


Para Elen e Erlon, meus irmãos.
Com todo o amor que houver nessa vida.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dica



A Casa do Saber é um centro de debates e disseminação do conhecimento em São Paulo e no Rio de Janeiro, que oferece acesso à cultura de forma clara e envolvente, porém rigorosa e fiel às obras dos criadores.

Em um ambiente extra-acadêmico, a Casa do Saber oferece cursos livres, palestras e oficinas de estudo nas áreas de artes plásticas, ciências sociais, cinema, filosofia, história, música e psicologia, reunindo renomados professores e conferencistas.

As palestras e os cursos, estes com duração de um a seis meses, apresentam o diferencial de serem ministrados em pequenos grupos, para promover a troca de ideias e maior interação entre os participantes e os mestres.

Vale conferir!

http://www.casadosaber.com.br/


Uma sentença que emociona


O Juiz Alexandre Morais da Rosa, em uma sentença corajosa e emocionante, julgou improcedente a Denúncia ao reconhecer a ilegalidade da denúncia anônima que resultou na prisão em flagrante do acusado, radicalizando a aplicação dos Direitos Fundamentais.
A íntegra da sentença está disponível no blog do Juiz. Confira...


Para provar que tenho razão, adianto apenas dois parágrafos da conclusão:


9. Por tais razões, diante das condições em que a droga foi apreendida, em decorrência de ilegal denúncia anônima, bem assim a atuação dos policiais sem mandado judicial, declaro ilegal a prova obtida por tal ação, implicando, pois, na ilegalidade da apreensão da droga e, por via de consequência, da ausência de materialidade.


10. Mesmo que superada esta questão – insuperável – tenho que diante do local onde a droga foi apreendida, fora da residência do acusado, sem cerca no terreno, por denúncia anônima, bem assim que a droga apreendida diverge da encontrada na casa do acusado, conforme foto de f. 17, restaria evidenciada a dúvida quanto a autoria.


Extraído do blog de Gerivaldo Neiva - http://gerivaldoneiva.blogspot.com/

Se hoje o sol sair, eu te prometo o céu.
(C. Abreu)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Se pode olhar, vê, se podes ver, repara.


Ex-presidente defende descriminalização da maconha
Fonte: IBCCRIM (http://www.ibccrim.org.br/)

No último dia 6 de setembro, foi publicado no jornal britânico The Observer texto do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (FHC), no qual critica a política de combate às drogas, que ficou conhecida como “War on Drugs”.
Ainda, o ex-presidente defende a descriminalização da maconha.
Leia o texto abaixo, em tradução livre feita por Luciano Anderson de Souza, Coordenador-chefe de Internet do IBCCRIM:

Por Fernando Henrique Cardoso:
É hora de admitir o óbvio. A "guerra às drogas" falhou, pelo menos na maneira que tem sido empreendida até agora. Na América Latina, as "despretenciosas" conseqüências foram desastrosas. Milhares de pessoas perderam suas vidas na violência associada às drogas. Os barões da droga tomaram comunidades inteiras. A miséria espalhou-se. A corrupção está minando democracias frágeis.
E, após décadas de ataques, interdições, pulverizações e invasões em fábricas da droga na selva, a América Latina permanece o maior exportador do mundo de cocaína e maconha. Está produzindo cada vez mais ópio e heroína. Está desenvolvendo a capacidade de produção em massa de drogas sintéticas.
Continuar a guerra às drogas com o mais do mesmo é ridículo. O que é necessário é um debate sério que conduza à adoção de estratégias mais humanas e eficazes para tratar do problema global da droga. No começo desse ano, a Comissão Latinoamericana sobre Drogas e Democracia, que eu chefiei em conjunto com o último presidente da Colômbia, César Gaviria, e com o último presidente do México, Ernesto Zedillo, lançou a primeira medida efetiva para endossar genericamente a política de redução de danos e especificamente de descriminalização da maconha.
A conclusão fundamental do documento é a de que um deslocamento do paradigma é exigido, afastando-se da repressão dos consumidores de droga e em direção ao tratamento e à prevenção. O desafio é reduzir drasticamente os danos causados por narcóticos ilegais às pessoas, às sociedades e às instituições públicas.
Para se caminhar nesta direção, é essencial diferenciar-se as substâncias ilícitas de acordo com o dano que elas impõem. O status dos viciados deve mudar daquele de compradores de droga no mercado ilegal àquele de pacientes tratados pelo sistema de saúde pública. As atividades da polícia podem então ser melhor focadas em face dos barões da droga e do crime organizado.
O dispêndio de esforços em direção a uma política de redução de danos e descriminalização já começou. Recentemente, uma decisão paradigmática da Suprema Corte argentina e uma lei aprovada pelo Congresso do México, diante de todas as propostas práticas, afastaram penalidades criminais naqueles países para a posse de pequenas quantidades de drogas para o consumo pessoal e imediato.
A Colômbia foi o primeiro país a adotar esse rumo. Uma decisão de seu Tribunal Constitucional, em 1994, afastou as penalidades para o consumo privado. Bolívia e Equador liberalizaram suas leis sobre drogas. A mudança é igualmente iminente no Brasil. O chefe da Justiça de nossa Corte mais elevada fez uma argüição pública para o esclarecimento da diferenciação entre o consumidor de droga e o traficante de drogas. Uma ambigüidade atual na lei abre eficazmente oportunidades para a corrupção policial e a extorsão. A atual legislatura do Brasil está a ponto de considerar uma nova lei com vistas a remover as penalidades para o consumo de pequenas quantidades de maconha.
Isto é coerente com a tendência mais forte na Europa: a Holanda descriminalizou anos atrás; Portugal seguiu em 2001, enfatizando-se que a criminalização esvaiu recursos de tratamento e ainda intimidou pessoas na busca por auxílio - o número de pessoas que usavam drogas antes da descriminalização era mais elevado do que após. Nos Estados Unidos, as idéias de descriminalização e tratamentos alternativos à prisão está crescendo, mas não tem conseguido ainda uma massa crítica da sustentação e impulso em face das tradicionais - falhas - políticas punitivas, as quais permanecem fortes.
Há ainda um longo caminho a percorrer. A tendência para a descriminalização do porte ajuda a incrementar um paradigma de saúde pública. Quebra o silêncio sobre o problema da droga. Permite às pessoas pensar em termos de aproximação ao abuso de drogas não no sentido essencial de um problema para o sistema judicial penal. Reduzir o dano causado pelas drogas vai pouco a pouco em direção à diminuição do consumo.
As políticas repressivas para consumidores de droga são firmemente calcadas em preconceito, medo e visões ideológicas, mais do que na avaliação fria e dura das realidades do abuso de drogas. A aproximação recomendada na declaração da Comissão não implica complacência a respeito dos narcóticos e dos seus provedores. O abuso das drogas é prejudicial à saúde. Drogas abusivas minam a capacidade de autodeterminação do usuário. Agulhas compartilhadas propagam HIV/Aids e outras doenças. O vício pode conduzir à ruína financeira e ao abuso familiar, especialmente de crianças.
Para ser digna de crédito e eficaz, a descriminalização deve ser combinada com robustas campanhas de prevenção. A queda profunda no consumo de tabaco nas últimas décadas mostra como as campanhas de informação pública e de prevenção podem ser eficazes quando são baseadas em mensagens coerentes com a experiência daqueles que alvejam.
Nenhum país divisou uma solução detalhada ao desafio do abuso de drogas. E a solução não precisa de ser de uma escolha maniqueísta entre a proibição e a legalização. As aproximações alternativas estão sendo testadas e devem com cuidado ser revistas. Mas é claro que o caminho a seguir envolverá uma estratégia de alcance, paciente e persistentemente dirigida aos usuários, e não à contínua manutenção de uma guerra equivocada e ineficaz, que faz dos usuários, mais do que dos barões da droga, as vítimas principais.


Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil (1995-2003)
(Fonte: The Observer, 6 de setembro de 2009)

Olhar essencial



O seu olhar contemplando o meu ...


"Lindo, sensível, profundo, misterioso, delicado, insinuante, sutil, tocante,um corredor de sombras e pouca luz, cheiro gostoso, ao fundo uma brisa surgindo e sugerindo o brilho de uma manhã de sol,um caminho triste, de memória de quem se foi, um aceno malicioso, do riso contido e moleque da menina bonita,exibição e esconderijo, segurança de quem sabe e incerteza de quem procura,muito a saber, que vontade louca de conhecer, quem não parece disposto a tanto permitir,mas parece, sim, e ao mesmo tempo não,alma oculta olhando pelo canto da janela,selvagenzinha querendo, rústica e petulante, enfrentar,sem medo e cautelosa, a flor que se fecha, escondida para um beijo,a promessa de um céu aberto, onde todos quererão voar."



Meu querido,

"Así te quiero, amor, amor, así te amo, así como te vistesy como se levantatu cabellera y como tu boca se sonríe, ligera como el aguadel manantial sobre las piedras puras, así te quiero, amado. Al pan yo no le pido que me enseñesino que no me falte durante cada día de la vida.Yo no sé nada de la luz, de dónde viene ni dónde va, yo sólo quiero que la luz alumbre, yo no pido a la noche explicaciones, yo la espero y me envuelve, y así tú, pan y luzy sombra eres. Has venido a mi vida con lo que tú traías, hecha de luz y pan y sombra te esperaba, y así te necesito, así te amo, y a quantos quieran escuchar mañanalo que no les diré, que aquí lo lean, y retrocedan hoy porque es temprano para estos argumentos. Mañana sólo les daremos una hoja del árbol de nuestro amor, una hoja que caerá sobre la tierra como si la hubieran hecho nuestros labios, como un beso que caedesde nuestras alturas invencibles para mostrar el fuego y la ternurade un amor verdadero."
(P. Neruda)

Olhar de esperança.


Meu desejo de escuta...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sonhos, o olhar da alma.



"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.

Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão.
No fundo isso não tem muita importância.

O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas
as épocas do ano, dormindo ou acordado."
(W. Shakespeare)


Bons sonhos...

terça-feira, 8 de setembro de 2009


"- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende."

(C.Lispector)

Para ir além...


Salo de Carvalho, um olhar no futuro!
Ele está disponibilizando, em seu blog, alguns tesouros.
Visitem: http://antiblogdecriminologia.blogspot.com/

Para Andréa



"Ganhei" o título do meu blog com a indicação de Andréa Beheregaray.
Uma menina doce, inteligente, que nos leva para outros mundos com suas palavras.
Uma menina como uma flor.


"Para uma Menina com uma Flor

Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino,
o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.

E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.

E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte
eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.

E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta,
e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.
E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.

E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena;
é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.

E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha
- a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.

E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor." (V. de Moraes)

Obrigada.