A conservação da carta não enviada é a sua característica impressionante.Nem a escrita nem o envio são notáveis (com frequência fazemos rascunhos de cartas e os jogamos fora), mas sim o gesto de guardar a mensagem quando não temos nenhuma intenção de enviá-la. Ao guardar a carta, nós a estamos enviando de algum modo, afinal. Não estamos abandonando nossa ideia ou rejeitando-a como tola ou desprezível (como fazemos ao rasgar uma carta); ao contrário, estamos lhe dando um voto de confiança extra. Estamos, na verdade, dizendo que nossa ideia é preciosa demais para ser confiada ao olhar do destinatário real, que pode não compreender seu valor, de modo que a "enviamos" a seu equivalente na fantasia, em quem podemos confiar completamente para uma leitura compreensiva e apreciativa."
(S.ZiZek - Como ler Lacan)
É como escrever em um blog sem pretensões de atrair qualquer público, só pelo prazer de escrever. Nós escrevemos sem destinatário específico mas, ao mesmo tempo, o texto está ali, lançado na internet num mar de miríades de outros textos: o leitor existe e não existe.
ResponderExcluirMuito, muito bom.
ResponderExcluirQuantas cartas não enviadas...
Saudades tuas guria.
É Victor, esse Outro só existe pq acreditamos na sua existência.
ResponderExcluirBom revê-lo aqui!
um bjo
Ai minha loira, há um bocado de cartas nas gavetas reais e nas gavetas da alma.
Tbém tenho saudade, em agosto estarei por perto ;)
bjos meu