"O olhar é o personagem principal do mundo de Narciso, central no mito de Édipo e é ele que confere o aspecto cênico da fantasia constituída pelo quadro que cada sujeito pinta para colocar em sua janela do real." (Um olhar a mais - A. Quinet.) O meu olhar... É um prazer ter o seu olhar aqui!
quarta-feira, 30 de junho de 2010
O essencial.

(Rubem Alves)
terça-feira, 29 de junho de 2010
Olhar para meias furadas.
Duplo olhar.
Família Margarina.

Nunca sonhei com uma família margarina, talvez por intuir como seria a minha.
Na minha família não temos sorrisos branco-polar mas sim multicoloridos! Todos de carne e osso. Demasiadamente humanos, diria o poeta!!
Cada qual com suas particularidades, buscando seus caminhos...
Assim, quando me deparo com alguma jovem esposa mostrando com orgulho sua aliança, que ofusca minha visão (deve ser o brilho da aliança que a impede de ver!); seu lindo discurso "sobre como é feliz e realizada em seu casamento"; seu manual de esposa e mãe perfeita, sou invadida por um sentimento de tristeza. Tristeza alheia.
Não as culpo, elas não sabem o que dizem! Não as invejo, a vida é muito além da sua família margarina, minha cara!
É que a vida me ensinou que tudo pode mudar repentinamente e essa mesma vida não pergunta se você está pronta ou quer mudar tudo. Tudo muda e fim (e ainda bem!!!)!
Nada contra o casamento, muito pelo contrário (rs), mas se realizar no outro é algo que sai totalmente do meu entendimento.
Colocar as minhas vontades, meus sonhos, minhas realizações nas mãos do outro. Tremenda FILHADAPUTICE com o outro!!!
O mesmo com os filhos. Filhos nos ensinam muito, melhoramos por eles. Mas não por esta ou aquela razão, melhoramos por que queremos ser melhores para eles, sem expectativa de ganharmos nada em troca.
Nada em troca, o doar pelo doar, acho que este é o segredo!
Mas respeito e desejo boa sorte para quem sonha, tem ou quer uma família margarina!
"Quero acrescentar que o logos só é ideal quando contêm eros; de outra forma o logos não é nada dinâmico. Um homem que é apenas logos pode ter um intelecto muito afiado, mas não é nada além de um racionalista árido, e o eros que não contém nenhum logos em si nunca entende coisa alguma, não há nele além de um cego apego. Essas pessoas podem estar ligadas a deus sabe o quê, como certas mulheres totalmente absorvidas por sua pequena família feliz - primos, parentes, etc. - e em toda essa maldita coisa não há nada, é tudo completamente vazio" (Jung)
Carlos Gustavo sabia das coisas!!
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Olhar...

sexta-feira, 25 de junho de 2010
Olhar de adeus.
"Senado aprova proibição de produtos infantis em forma de cigarro .
Qualquer produto nacional ou importado destinado ao público infanto-juvenil - inclusive embalagens - que reproduza a forma de cigarros e similares poderá ter a fabricação, comercialização, distribuição e propaganda proibidas no Brasil. É o que prevê projeto de lei da Câmara (PLC 17/10) aprovado no dia 23/6 pela CCJ. A matéria será votada ainda pelas CAE e de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta em decisão terminativa.
Pela proposta, quem não cumprir essa determinação poderá ter o produto apreendido ou arcar com uma multa de R$ 10 por embalagem apreendida - valor a ser corrigido anualmente pela variação do índice nacional de preços. A multa poderá ter seu valor duplicado em caso de reincidência.
O PLC 17/10 foi apresentado pelo então deputado Clodovil Hernandes e aprovado pela Câmara na forma de substitutivo. O objetivo, segundo ressaltou seu autor na justificação, é "proteger as crianças contra a exposição de qualquer tipo de produto, seja ele brinquedo ou alimento, que reproduza a forma de cigarro".
O relator na CCJ, senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA), observou no parecer que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) baixou, em 2002, resolução que "proíbe a produção, importação, comercialização, propaganda e distribuição de alimentos com forma de apresentação semelhante a cigarro, charuto, cigarrilha ou qualquer outro produto fumígeno, derivado do tabaco ou não". Flexa entendeu, no entanto, que o projeto tem maior abrangência que a resolução da Anvisa, por alcançar qualquer produto ou embalagem que contenha a forma de cigarros ou similares.
O senador Augusto Botelho (PT/RR) também elogiou a proposta, mas reivindicou o mesmo rigor em relação a bebidas alcoólicas. Segundo comentou, o Ministério da Saúde já comprovou a redução no número de fumantes em decorrência das restrições à propaganda de cigarros. Mas lamentou que isso não tenha ocorrido em relação a bebidas alcoólicas, apontando a influência da propaganda desse produto principalmente entre os jovens."
_______
Olhar além.
Olhar para hoje.
que tira a alegria de minha liberdade
que não me deixa arriscar nada,
que me torna pequeno e mesquinho,
que me amarra,
que não me deixa ser direto e franco,
que me persegue,
que ocupa negativamente minha imaginação,
que sempre pinta visões sombrias.(...)"
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Entreolhares.

* foto: o meu olhar para o entardecer doce e suave de POA.
Olhar da eterna e necessária metamorfose.
"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante", ser inteira, ser Érica até minha última gota, ser caleidoscópica, como diria Clarice.
Já imaginou viver apenas dentro do quê nos é imposto? Não ver o tempo passar, não acreditar nas minhas verdades, não ser surpreendida pela vida, pelas pessoas. Viver ad aeternum. Triste, não é mesmo?
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Canibalismo.
Esse seu olhar quando encontra o meu...

As postagens nem sempre demonstram o que sinto, o que sou e também não uso meu blog para troca de farpas, para mostrar ou demonstrar isso ou aquilo.
Aqui é um lurgazinho meu, com meus passos, minhas marcas, mas não todas!
Já tentei explicar para muitos o meu pequeno espaço denominado Olhar a mais, mas ninguém entendeu.
Hoje, recebi de um querido, o verdadeiro olhar para o meu olhar:
"É isso, acho eu, os blogs não foram feitos para o desnudamento do ser, mas para manifestações do ente, do que está aí e é apreendido epidermicamente, superficialmente. Um blog, quando saudável (que é o caso do teu no meu entendimento), deve e pode apresentar a estética da linguagem que por sua vez estimula a estética do recepcionar, do imaginar, como algo que se dilui no outro, porque de outros retiramos frases, reflexões, palavras...
Não somos, vias de regra, imagem e semelhança dos nossos blogs. Eles são meras janelas onde, muitas vezes, narcisicamente dançamos tais cronópios, dançamos por dançar, pela leveza dos nossos corpos sutis, dançamos a festa da finitude em homenagem aos deuses pagãos, que não salvam mas que celebram a vida. Dionisíacos, nunca apolíneos, pois tais deuses apenas nos remetem ao culto da sexualidade física tão somente. Lembro que a sexualidade implica necessáriamente na doce embriaguês da sensualidade dionisíaca. Mas, os blogs serão dionisíacos se tivermos a humidade de não fazer deles nossos "phantomes", espelhos narcísicos que geralmente são iguais aos de Oscar Wide no "Retrato de Dorian Gray"."
Seu olhar no meu olhar, obrigada!
Olhar verdadeiro.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Do ler e do escrever.
Devemos, como se diz, imitar as abelhas, que vão de um lugar a outro para escolher as flores que lhe darão mais mel e depois repartem e dispõem em favos tudo o que recolheram e, como diz Virgílio, "elas fabricam o mel líquido e incham os alvéolos de doce néctar"
(Sêneca)
Olhar de amor.
Minutos depois, após uma sessão de muitos beijinhos e amassos:
"Agora já tô médio de mau amor mãe!"
Amar é isso, como muito bem pontua a Déia em seu blog, amar o ceú e o inferno do outro.
É como diria o poetinha: "amar apesar de ..."
Meus pecados...

Jamais me confessei. Eu não queria que vocês, os senhores padres, gozassem mais que eu com meus pecados, e por avareza os guardei para mim.
Gula? Desde a primeira vez que o vi, confesso que o canibalismo não me pareceu tão mau assim.
É lúxuria isso de entrar em alguém e perder-se lá dentro e nunca mais sair?
Aquele homem era a única coisa no mundo que não me dava preguiça...
("adaptei" de Eduardo Galeano)
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Olhar do corpo.
Eu transito pelo mundo. Pego carona em carros, desvio de pessoas, contemplo edifícios, sento em cafés, folheio revistas, acho rapazes bonitos, navego por horas na internet, leio mensagens em PowerPoint, troco fofocas. Meu físico ocupa percursos, espaços, tempos e ainda assim meus fragmentos voam pelo chão. Eu não sou uma flor, um tesouro, a aurora boreal. Sou só uma mulher, me trate como tal. Fui feita pra ser tocada, não compreendida, decifrada, poetizada.
Não sou tempestade. Sou abraço. Não sou química. Sou física. Não sou vento. Sou movimento. Não sou música. Sou reboladas. Meu corpo não é o paraíso, é um lugar. Faça de mim o seu lugar. More em mim ou seja meu vizinho. Caminhe com o áspero da sua língua em todas as minhas texturas, meus calcanhares, minhas coxas, minhas axilas, minhas nádegas, entre os dedos na minha mão, atrás da orelha, no couro cabeludo, no lábio inferior, embaixo dos seios.
Não ache que consegue me abrir, me comover, me prender com apenas três palavras. Não quero ler ou saber que você me ama. Quero sentir isso. Quero tomar banho com você, ser olhada com ternura, que você se confesse entre meu pescoço e meus seios. Peça meu colo, abra minhas pernas, penetre seu carinho, me cante, se importe comigo, ejacule seu querer sobre mim, escute meus medos, enrole minha franja, persiga meu gozar.
Não perca a chance, não deixe pro dia seguinte. Não existo amanhã. Eu só existo dentro dos seus olhos, da sua boca, dos seus braços, na ponta dos seus dedos. Esqueça tudo que leu e ouviu sobre mim. O tempo que demora pra me fazer um texto é o suficiente pra derramá-lo sobre mim. Não me descreva, não me entenda, não diga me amar. Me ame apenas. O corpo é a única prova de amor."
Olhar para hoje
Dever ser? Minha homenagem para telhados de vidro.
Ou de não dever ser assim,
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as cousas humanas postas desta maneira.
Dizes que se fôssem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fôssem como tu queres, seria melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as cousas fôssem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as cousas fôssem como tu queres, seriam só como tu queres.
Aí de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
(Poemas Inconjuntos de Alberto Caeiro)
domingo, 20 de junho de 2010
Olhar para o doce Paulo.
Olhar de (in)decisão.

Olhar de medo.
sábado, 19 de junho de 2010
A necessidade da visão.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Olhar para dentro.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Olhar para bono, de morango!
Como estava em Curitiba, e após ler várias postagens de blogs queridos sobre tal data, comecei a observar os casais chegando ao hotel.
Velinhas em formato de coração, cheiro bom no ar, casais tão diferentes, todos no ritual capitalista do amor.
O dia para amar!
Talvez aos 20 anos ainda se possa dar asas para amores arrebatadores, mas peço que veja tal data com o olhar de tantos casais que comemoravam aquele dia. Certo que, para muitos deles, a data comemorada foi “imposição”, o jantar romântico ou burocrático, como disse Paulo, em seu blog, foi empurrado guela abaixo. Mas pensei que cada um sabe de si e me senti solidária com aquelas mulheres bem vestidas, esperando flores, declarações, com aqueles homens arrumados, com flores nos braços. Fui solidária com o amor.
Não tive coragem de adverti-los, como não tive coragem de dizer para a senhora que sentava ao meu lado no teatro, que eu estava indo embora porque estava odiando o ballet.
Não podia dizer para aqueles casais que eles poderiam se machucar, sofrer, que era preciso sair dos moldes, dos padrões, do consumismo da data.
Meu olhar para o amor hoje é outro. Já precisei mudar de foco tantas vezes e, assim, eu era solidária a cada casal que passava por mim. Dava um sorriso como se eu desse um carinho para cada um que cruzasse no corredor do hotel.
De volta ao teatro, me acomodo na poltrona. Gosto do desconhecido e passo a observar as pessoas ao meu redor.
Um casal chegando me chama a atenção. Observo ele fazendo graça para sua amada.
A senhora ao meu lado também observa, nosso olhar se confunde e ela me sorri.
O casal se aninha e a senhora se aproxima deles e diz:
“Ele é um anjo que caiu em seu colo!”
A jovem sorri e concorda. Talvez a vida já tenha dado a ela a sabedoria de reconhecer anjos.
O rapaz, na inquietude de sua juventude, indaga a senhora: “ E o que devo fazer?”
Ela sorri e lhe responde: “Nada, sente e aproveite!”.
Sorrio para ela e passo a pensar no sábio conselho daquela senhora.
É preciso reconhecer os (poucos) anjos, amores possíveis, que cruzam nosso caminho.
Já parou para pensar nas poucas pessoas que você conseguiu verdadeiramente estar ao lado?
Não falo de quantos homens ou mulheres você já teve e sim de quantos homens ou mulheres você conseguiu estar ao lado e ser você mesmo?
Aposto minha alma que você não encherá uma mão!
Podemos ter uma pessoa diferente por dia ao nosso lado, trepar, beijar cada dia um, mas estar ao lado é para poucos.
E nem falo de amor, porque muitos me achariam romântica. Falo de ficar bem, de caminhar ao lado (diferente de fundir-se, como ensinou Albano) e tantas outras pequenas grandes trocas.
Nada de pessoas líquidas!
Difícil essa arte de caminhar, é preciso maturidade, saber reconhecer, estar no momento certo da vida e quase sempre isso nunca acontece. Por vezes, somente lá na frente é conseguiremos reconhecer o valor de alguma pessoa especial na nossa trajetória.
Passo a pensar na pergunta do enamorado para aquela senhora e penso nos moldes que temos que seguir.
Tenho pena de quem não tem um amor. Hoje em dia há tantas regras que se eu precisasse vivenciá-las me perderia.
Não pode transar na primeira vez, tem que ser comedida, tem que ser durão para os amigos, não pode ligar, o homem não pode dizer não, a mulher não pode dizer todos os sim que tem vontade, tem que ser príncipe e machão, princesa e puta e assim vai.
Uma geração de garanhões nunca vista, uma geração de putas que não sabem o que é trepar, uma geração de Peter Pans, uma geração de mulheres com paus enormes.
Se entregar? De maneira alguma!!!!
Siga os moldes ou será descartado.
Não deixe ele ou ela perceber que você está muito ligado senão... Senão o que criatura?
Porra, não dá para você ser você e só? Pare com esses moldes todos, com suas palavras pensadas, ensaiadas, com seus discursos pré-fabricados. Não dá para voltarmos a ser homem e mulher apenas? Sem jogo, perdedores ou ganhadores.
Qualquer que seja seu envolvimento, por menor que possa ser, no final você sairá machucado, no mínimo arranhado. E se é para se machucar prefira se esborrachar. PT total!!
Tá com medo do quê?
Medo de se expor? Medo de viver coisas boas?
Melhor seguir os padrões, usar o outro para nada além de um gozo, dar nomes, arrumar o príncipe ou a princesa encantada, noivar, casar, construir uma família margarina...
Cara amiga ou amigo, pra se enganar, melhor se masturbar. Não custa nada, não exige envolvimento, não precisa aguentar fulano ou sicrano para o resto da vida e o prazer é garantido, coisa que não acontece sempre na entrega.
Pode ser que eu esteja errada, não sou padrão pra ninguém. É que pra mim entrega é entrega, seja ela casamento, tico-tico no fubá ou sei lá o que.
Foda-se se ele(a) não ligar, se ele(a) vai se achar a última bolacha do pacote, foda-se se daqui um tempo não der certo. Tanta coisa não dá certo na vida. Temos que replanejar os caminhos tantas vezes.
Já terá dado certo o tempo que durou e isso existirá para sempre em algum lugar dentro de você. É o que basta!
Melhor assim, do que sentir amargura, arrependimento do que poderia ter feito ou sido para o outro.
Pule e deixe pra ver o que quebrou, o quanto tá sangrando, quando der de cara com o chão. Talvez haja uma cama elástica te esperando lá embaixo e você não bata diretamente no chão. Sim, os amores podem ser amortecidos da queda e sobreviverem. E pode ser que você se quebre todo(a), fique engessado(a) por meses, anos, mas sobreviverá. A gente sempre sobrevive!!
Por que insistimos em indagar a vida sempre? Por que não aproveitar somente o conselho daquela senhora?
Sente no colo e APROVEITE!!
Por que se preocupar com o olhar do vizinho, comparar gramas, seguir modelos de jardins? O seu jardim, ao final de tudo, só caberá a você. Você com todas as ervas daninhas e flores que conseguiu cultivar no seu pequeno pedaço de terra.
Ao final, o que importa mesmo é o cheiro de vocês, o silêncio dos corpos, o som dos corações batendo no mesmo compasso, os desentendimentos e entendimentos de vocês, o toque da pele, a cumplicidade de olhares, do carinho exato, a paz que se aloja dentro de cada um. O resto do mundo é descartável.
Não importa se dormem de conchinha, se você ou ela ligou, que nome tem o relacionamento de vocês, se comemoram ou não o dia dos namorados, se tem 10 ou 80 anos, o que importa de verdade é apenas você e ela.
E, se ainda assim ele ou ela se achar a última bolacha do pacote, que esta seja ao menos uma Bono de morango! (minha bolacha preferida :))
Olhar de encontro - Paulo, Andréa e Albano.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Olhar de pescador - para Albano.
Uma história que trazia o cheiro do mar, a brisa no rosto e me lembrei dos meus treze anos, quando eu devorava Jorge Amado.
Fiquei ali parada ouvindo aquela história, como se estivesse diante do mar...
Ouvi uma história, uma história de pescador, um pescador travestido de filósofo.
Era uma história de mar, de amor, de peixe, de vida.
Uma história contada com a suavidade da linguagem, a sabedoria de uma vida - coisas que só um pescador tem, coisas que só um sábio pode transmitir.
Ouvi uma história, uma história de pescador, e ela dizia da jangada. A jangada que cada qual lança ao mar na procura de se completar.
Ah, a fusão, a completude! O pescador também sabia histórias de elefantes. Elefantes, que, em suas caminhadas pelas savanas, movem-se ora sozinhos, ora acompanhados.
"É possível caminhar lado a lado, por um tempo (não importa se um minuto, alguns dias, meses, anos).O que importa, me dizia ele, é caminhar e ver a beleza daquele caminho único - seu e dele - daquele momento".
E, assim, voltou seu olhar sereno ao mar e convidou o meu para acompanhá-lo.
Era preciso ter paciência, observar os movimentos necessários que antecedem a caminhada para o mar...
É preciso estarmos prontos para puxar o anzol e visualizar o presente. O peixe, um presente do mar...
"É preciso termos a humildade de reconhecer que pescamos o peixe errado e retirarmos, delicadamente, sem feri-lo, o anzol da sua boca e devolvê-lo com integridade ao mar.
É preciso termos sabedoria para reconhecer se pescamos o peixe correto e a coragem para segurá-lo com as duas mãos e não deixarmos que ele pule de volta ao mar por medo, insegurança dos nossos braços."
Pego na mão do pescador e, mesmo sem entender nada de peixe e de mar, me atrevo a lhe contar:
"Meu sábio pescador, é verdade, não é qualquer peixe que podemos pescar, saborear!
Não é qualquer peixe que minhas mãos podem segurar. Talvez o peixe seja pequeno ou grande demais. Talvez tenha tantas escamas que mal possa ver a beleza de seu corpo, do seu olhar. Talvez suas escamas brilhem demasiadamente e ofusquem o meu olhar. Talvez o peixe possa ser lindo, colorido, mas frágil demais. Talvez seja forte, grande e eu não tenha forças suficientes para segurá-lo. Talvez tenha dentes afiados demais e possa me ferir. Talvez espinhos enormes, fáceis de tirar, e outros pequenos e eu possa me engasgar. Talvez seja novo demais para sair do mar ou velho demais para viver fora do mar. Talvez meu paladar ache sua carne forte demais. Talvez não combine com o vinho que escolhi.
Minha avó já dizia: 'Um bom peixe a gente reconhece pelo olhar!'. Olhe bem dentro dos olhos do seu peixe e vocês se reconhecerão.
"Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom
eu vou trazer..."
(Caymmi)
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Olhar de nunca e sempre.

Eu entrego-lhe tudo a que os outros não dão importância nenhuma…
a saber: o silêncio dos velhos corredores,
uma esquina,
uma lua (porque há muitas, muitas luas…)
O primeiro olhar daquela primeira namorada que ainda ilumina,
ó alma como uma tênue luz de lamparina, a tua câmera de horrores.
E os grilos? Não estão ouvindo, lá fora, os grilos?
Sim, os grilos…Os grilos são os poetas mortos.
Entrego-lhe grilos aos milhões
um lápis verde,
um retrato amarelecido,
um velho ovo de costura,
os teus pecados,
as reivindicações,
as explicações –
menos o dar de ombros e
os risos contidos
mas todas as lágrimas que o orgulho estancou na fonte
as explosões de cólera
o ranger de dentes
as alegrias agudas
até o grito
a dança dos ossos…
Pois bem
às vezes
de tudo quanto lhe entrego,
a Poesia faz uma coisa que parece que nada tem a ver com os ingredientes
mas que tem por isso mesmo um sabor total:
eternamente esse gosto de nunca e de sempre.
(Quintana)
terça-feira, 8 de junho de 2010
Para meu pai.

Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,do penúltimo
e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro,
que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria e nem apareceu;
de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!
Daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre!
Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter!
Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram.
Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes,de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente,
como só os cães são capazes de fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,
Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo, em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,por eu ter nascido no Brasil, só fala português,
embora, lá no fundo, possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando estamos desesperados...
para contar dinheiro...
fazer amor...
declarar sentimentos fortes ... seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples"I miss you"
ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor do que um sinal vital
quando se quer falar de vida e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis!
De que amamos muito o que tivemos
e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência...
(C.Lispector)
Olhar gaúcho.
Fiz algumas pequenas observações, vide *.
Mas bah, tchê! Nem te conto...!!!
SER GAÚCHO ÉÉÉ . . .
... é morar em Florianópolis e dizer que Caxias do Sul é melhor;
... é assinar Zero Hora em Nova York;
... é estar no Maracanã escutando a Rádio Gaúcha;
.... é bater no filho ao descobrir que ele é Flamengo; *(gaúcho inteligente já nasce Colorado!)
... é chamar jacaré de lagartixa;
... é achar que a FREE WAY é a nona maravilha do mundo;
... é ter confiança em bancos gaúchos;
... é comemorar uma revolução que não deu certo;
.... é chamar a mulher de prenda; *(ou mimosa)
... é dizer que é fácil fazer churrasco; *(e beber vinho com churrasco)
...*é beber vinho todos os dias;
... é comer a costela antes da picanha; *(é adorar coração de galinha)
... é dizer que vaso de banheiro é PATENTE;
... é comer NEGRINHO em vez de brigadeiro;
... é falar TCHÊ ao telefone só pra ver se descobre outro;
.... é falar TU em vez de VOCÊ;
... é enviar cartão postal de TORRES;
... é fazer compras no SÚPER;
... é dizer que tem um FRIGIDAIRE em vez de geladeira;
... é achar que o LAÇADOR é maior e mais bonito que o Cristo Redentor;
.... é achar que o GUAÍBA é rio;
... é dizer que tomar água à 100º C com gosto de mato é coisa de macho;
...*é tomar chimarrão até o fim e depois que o mesmo foi passado por milhões de boca anteriores;
...*é ir tomar chimarrão na Encol;
...*é tratar o cachorro como filho;
... é chamar geléia de CHIMIA;
... é chamar doce de leite de MU-MU;
...*é comer pizza de coração de galinha ou de filé;
... é falar classe em vez de carteira;
.... é falar roleta em vez de catraca;
... é falar lomba em vez de morro;
... é poder falar tri legal ou muito tri;
... é chamar quarteirão de quadra...
... é chamar semáforo de sinaleira...
.... é falar "capaz" ...
... é torcer pra qualquer time que esteja jogando contra o time adversário (Grêmio ou Inter)...
... é ficar babando na frente do açougue e achar carne "linda"... *(e saber o que é vazio e entrecot)
... é gostar de passar frio
... Outra coisa que só o gaúcho fala é "pechada" quando se refere a uma batida de carros..
... Chegar no mercado e pedir : me dá 5 pila de cacetinho e 1 kilo de guisado ....
...*é chamar todo mundo de querida ou amada...
...**saber o que é tico e não passar vexame. E ter que contar a história do tico por toda minha vida em terras gaúchas!!rs
Ser gaúcho é:
- Saber que a nossa pátria é o Pampa e não a praia com coqueiros;
- saber que nossa característica é a bravura e não o jeitinho;
- saber que nosso valor é a lisura e não a malandragem;
- é ser simples de modos, mas reto de caráter;
- é ser franco e direto, nem que isso cause inimizades;
- é ser humilde em ambições, mas exagerado em ideais e paixões;
- é ser um respeitador fiel da hierarquia funcional e o primeiro a proclamar a igualdade;
- é um ser batalhador, que não desiste nunca;
- é um rebelde, que nunca aceita ser dominado;
- é um bravo, que não foge de uma luta por ser difícil;
- o gaúcho a utêntico é um verdadeiro tradicionalista.
Não porque aprende coisas no CTG, mas porque carrega em si esses valores e não vê alternativa possível de vida digna fora deles.
*Bairristas que só, dão patadas por nada, machistas...Mas tenham certeza que gente e terra melhor não há!!
Por isso eu tenho orgulho de ser chamado de "GAÚCHO".
Um quebra costela a todos!
O aprendizado do olhar.

Direito e Psicanálise.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Carpinejar e a mulher perdigueira.
Olhar de amizade.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis,nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos,
bobos e sérios,
crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
(O.Wilde )
obs: Gabriel, foi tudo o que consegui! rs O que achas?
Doce olhar.
Colhi do blog do Paulo essa linda descoberta: o poeta Fabrício Corsaletti.
Vale muito ouvir até o final.
Doçura pura, que só você poderia ter descoberto meu doce Paulo!
domingo, 6 de junho de 2010
...
Final de semana longo partindo...
Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
pode ser cruel a eternidade
eu ando em frente por sentir vontade
Eu quis te convencer, mas chega de insistir
caberá ao nosso amor o que há de vir
pode ser a eternidade má
caminho em frente pra sentir saudade
Paper clips and crayons in my bed
everybody thinks that I'm sad
I take my ride in melodies and bees and birds
will hear my words
will be both us and you and them together
I can forget about myself trying to be everybody else
I feel allright that we can go away
and please my day
I'll let you stay with me if you surrender
Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
I can forget about myself trying to be everybody else
caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
I feel allright that we can go away
pode ser a eternidade má
and please my day
eu ando sempre pra sentir vontade
I'll let you stay with me if you surrender
Olhar de medo.
...
sábado, 5 de junho de 2010
Olhar para dentro de si.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
Vivo meu hoje sem entender muito o que passa ao meu redor.
Há tantas coisas aqui dentro de mim, sentimentos que vão e vêm. Por vezes se misturam, outras se chocam.
Tenho vivido isso já há algum tempo, alguns meses.
Hoje, em especial, acordei pensando em tudo que há dias não ando querendo pensar.
Em minha vida, minhas escolhas, meus mundos, em quem amo, nos caminhos que já percorri, na luz e na escuridão de tudo que me rodeia.
Não, ainda não tenho respostas.
Uma amiga querida me disse hoje: "Quando não temos respostas é melhor não decidirmos nada." Eis uma verdade!
Talvez vivenciar meus não entendimentos, é dar tempo. Tempo necessário para que eles se façam compreensíveis.
Com o tempo posso ver sentimentos amadurecerem, trocar a ansiedade por uma calma, um estado de espírito bom, ser menos condescendente.
Não há tristeza aqui e sim calmaria.
Focar, olhar para dentro, ouvir meus silêncios.
Por quantas vezes o barulho do mundo nos ensurdece e mal conseguimos trilhar o que nos propomos.
Ficamos estranhos no próprio corpo.
Assim, quando acordo como hoje, em paz de espírito, retomo meus pactos, minha conversa com meu eu e vejo que há um caminho à minha espera.
Não sei qual é sua cor, seu cheiro, se devo ir para direita ou esquerda, mas vejo suas nuances, sinto o vento leve que chega de lá e que me envolve em seus braços.
Adiante!
"Uma das coisas que aprendemos com a meditação, quando descemos lentamente dentro de nós mesmos, é que a noção de paz já existe em nós"
sexta-feira, 4 de junho de 2010
O preço da traição!
Em uma das ruas mais movimentadas de Soweto mora o guarda-costas acusado de ir para a cama com uma das mulheres do presidente da África do Sul, O guarda-costas se matou e a mulher, Nompumelelo Ntuli, foi expulsa de casa e também proibida de freqüentar joalherias e lojas caras de Joanesburgo. O preço da traição foi o confisco do cartão de crédito.
O escândalo de infidelidade domina os noticiários da África do Sul. Os principais jornais do país criticam a vingança do presidente Zuma e escrevem que ele não é exemplo de marido porque sempre foi infiel e, agora, simplesmente bebe do mesmo veneno.
Zuma é dono de uma grande família.Ele tem 20 filhos, já foi casado cinco vezes e, atualmente tem três esposas e uma namorada.
Ele já disse que também pretende levá-la ao altar. Zuma defende a poligamia como um costume, uma tradição do povo Zulu, de onde ele vem.
Para o presidente, ter muitas mulheres é um direito e um símbolo de poder. Mas a traição sofrida mostra que ele não anda com essa bola toda não.
Zuma nega que foi vítima de adultério. Ele deu ordens para que seus assessores fiquem mudos e calados.
Para disfarçar o constrangimento, o presidente levou a mulher acusada de infidelidade em viagem oficial à Índia. Ela está morando com os dois filhos na casa de uma amiga rica e ameaça contar detalhes da relação extraconjugal se, na volta da viagem, o marido não devolver o cartão de crédito sem limite de gasto."
Ainda Quintana...
Vestidos, contra o azul, de tons vibrantes e violentos,
Nós improvisaremos danças espantosas
Sobre os telhados altos, entre o fumo e os cataventos!
(A rua dos cataventos)