segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Olhar para minha casa.


 Nossa torta de morango


Nosso risoto de limão siciliano com bolinhos ao molho barbecue



Nosso bolo-pudim




Depois de quase um ano entre livros, volto meu olhar para minha casa.

Jardim, enfeites, louças, cristais, livros, papéis...

Na semana passada, cuidei do jardim. Acompanhei o jardineiro, orientei as podas, renovei alguns vasos, troquei pedrinhas, troquei idéias com o piscineiro, sorri ao ver minhas pitangas, meus lírios...

Gosto de molhar o jardim, é uma terapia. Ao meu lado sempre tenho em minha companhia Bupi, Maria Fernanda e Théo, meus filhotes de quatro patas.

Ah, vocês precisam ver que querida a Flor (periquita) me chamando de mãe!

Hoje, resolvi adentrar a casa - coloquei o guarda-roupa literalmente abaixo – fique somente o necessário.

“Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais...”

Foram caixas e mais caixas embora.

Fiquei pensando no tanto de coisas que guardamos e nunca usaremos. Ficam ali somente para ocupar espaço.

Temo que façamos isso com nossos sentimentos. Pessoas ocupando lugares apenas por ocupar.

Revi fotos, trabalhinhos e desenhos das meninas, o corpinho mais magro (que saudade!!), lembranças, cartinhas, meus paninhos de bordar, minhas apostilas de pátina, tantos objetos, tantas histórias.

Pude sentir o cheirinho dos meus bebês nas suas primeiras roupinhas, o sorriso dos meus pais no dia do seu casamento, o meu nos meus casamentos, reviver alegria das festinhas das crianças, rever alguns brinquedos da infância (meu Fofão e a Peposa – minha ursa confidente!) e toda uma vida dentro de caixas em meu guarda-roupa.

Poupei minhas lembranças mais caras, abandonei outras tantas, cedi lugares, espaços, para que outras possam se acomodar.

Do guarda-roupa parti para a sala de jantar. Os cristais da minha sogra, algumas pratarias da outra sogra (tenho sogras queridas, sempre!), muitos e muitos objetos da minha mãe ou com a cara dela. É incrível como minha casa possui tanto da minha mãe.

Na semana passada fui visitar minha avó que reside em outra cidade. Ao adentrar o banheiro me deparei com uma blusa dela. Parei, olhei e me enchi de sentimentos bons. Aquela estampa, as cores, tudo, tudo fazia parte de mim.

Gosto de vestidos longos como minha mãe, como minha avó e assim, minhas filhas também gostarão.

Um ciclo da vida que se torna poético.

Da sala de jantar parti para a cozinha. Pratos, travessas, copos, os livros de receitas da minha avó, os meus de tantos anos atrás, receitas com nomes na frente que trazem o carinho e a lembrança daquela pessoa querida que não vejo há tempos, louças que estão comigo desde que me tornei mulher, mãe.

Limpo cada objeto como se fosse um pedaço de mim, separo com cuidado o que será doado e explico porque eles devem partir.

Ainda vão demorar muitos dias para minha ‘faxina’ acabar. Enquanto limpo, cuido, ajeito, separo, cuido da minha alma, troco com meus filhos...

Troco os olhares com eles. Olhares de um passado que acompanharão todo o futuro deles.

Arrumo sem pressa, para que nada possa ser despercebido.

Paro para ver uma foto, sinto e relembro o momento. Paro para explicar para o Mauricio porque ele não estava naquela foto. Paro para pedir que ele pare de levar tudo para seu baú de coisas velhas. Paro para rirmos de uma roupa que a Vi não tirava do corpo (quando ela encasqueta com uma!). Paro para vermos os desenhos, as cartinhas da Ju ( carinho puro!)... e, assim, iluminamos, estendemos nossas memórias afetivas, estreitamos laços.

No final do dia, todos podres de cansaço, vamos ainda escolher o prato do dia.

Aquele que vai ser chamado de especial, que vai nos brindar com o cheiro bom percorrendo toda a casa, trazendo doçura, calmaria...

O cheiro da minha casa, do meu reino...



“A minha que é meu reino...”








2 comentários:

  1. Que lindo! Isso tudo é vida, e vida é a coisa mais maravilhosa!
    Também adotei o critério de guardar apenas as coisas que realmente serão usadas e doar as desnecessárias. Tenho uma amiga que diz que fazendo isso atraimos para nós muitas coisas boas, ajudamos para sermos ajudados.
    Belo texto.
    Beijo querida.

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  2. Que carinho bom!!
    Obrigada querida.
    bjo, bjo

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