"...tudo o que acontece
acontece uma única vez
uma vez
que infinita é a tessitura do real:
nunca os mesmos cheiros
os mesmos sons
os mesmos tons
as mesmas conversas ouvidas no quarto ao lado
nunca serão as mesmas a diferentes ouvidos
a diferentes vidas
vividas até o momento em que as vozes foram ouvidas ou
o cheiro da fruta se desatou na sala; infinita
é a mistura de carne e delírio que somos
e por isso ao morrermos
não perdemos todos as mesmas coisas,
já que não possuímos todos
a mesma quantidade de sol na pele,
a mesma vertigem na alma
a mesma necessidade de amor
e permanência
Verdade é que cada um morre sua própria morte
que é única porque
feita do que cada um viveu."
(F. Gullar)
**Érica, a tecelã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário