sábado, 24 de novembro de 2012

Desolhar.


Fazia mais de um ano que Titina Benavídez não conseguia erguer as pálpebras.

No hospital acharam que podia ser um caso de miastenia, uma doença rara; mas os exames descartaram a suspeita. Também o oculista não encontrou nada.

Titina continuava dia e noite com as pálpebras caídas, trancada na chácara da família, nos arredores da cidade de Las Piedras.

Talvez os olhos tivessem perdido a vontade de continuar olhando. Não se sabe. O que sim se sabe é que o coração dessa jovem saudável perdeu a vontade de continuar batendo.

Foi no dia 31 de dezembro de 2000. Titina morreu enquanto morriam o ano, o século e o milênio, talvez cansados, como ela, de ver o que viam.  

Galeano


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Olhar para meus direitos.


Tão cansativa essa mania de ser impessoal no relacionamento, 

de ser controlado, de procurar terapia para conter a loucura.

Loucura é não poder exercer a loucura.

Carpinejar



domingo, 18 de novembro de 2012

Meu olhar.




Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam. 

C. Lispector



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Olhar infinito.




Há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofres, 

trancados até o nosso fim.

E por isso passíveis de serem sonhados a vida inteira.


Hilda Hilst



domingo, 11 de novembro de 2012

Meu olhar.

(S. Dali)


As coisas muito claras me noturnam.

Manoel de Barros