domingo, 28 de fevereiro de 2010

Xico Buark.


Xico Buark me visita.

Jornal do Brasil - 26/06/71, Clarice Lispector.

Essa grafia. Xico Buark, foi inventada por Millôr Fernandes, numa noite no Antonio's. Gostei como quando eu brincava com palavras em criança. Quanto ao Chico, apenas sorriu um sorriso duplo : um por achar engraçado, outro mecânico e tristonho de quem foi aniquilado pela fama. Se Xico Buark não combina com a figura pura e um pouco melancólica de Chico, combina com a qualidade que ele tem de deixar os outros o chamarem e ele vir, com a capacidade que tem de sorrir conservando muitas vezes os olhos verdes abertos e sem riso. Não é um garoto, mas se existisse no reino animal um bicho pensativo e belo e eternamente jovem que se chamasse garoto, Francisco Buarque de Holanda seria dessa raça montanhosa.
Gostei tanto de Chico que o convidei para a minha casa. Com simplicidade ele aceitou.
Apareceu perto das quatro da tarde : naquele tempo, às cinco horas tinha uma lição de música com Vilma Graça, e havia um ano que estava estudando Teoria Musical, para depois estudar piano.
Quantos momentos decisivos na sua vida, é muito moço para saber se eram de fato decisivos esses momentos, se no final das contas contaram ou não. Nasceu com a estrela na testa : tudo lhe correu fácil e natural como um riacho de roça. Para ele, criar não é muito laborioso. Às vezes está procurando criar alguma coisa e dorme pensando nisso, acorda pensando nisso ---- e nada. Em geral cansa e desiste. No outro dia a coisa estoura e qual-quer pessoa pensaria que era gratuita, nascida naquele momento. Mas essa explosão vem do trabalho anterior inconsciente e aparentemente negativo.
O problema lhe interessa : fez-me várias perguntas sobre meu modo de trabalhar. Eu lhe disse : " Você, apesar de rapaz que veio de cidade grande e de uma família erudita, dá impressão de que se deslumbrou ao mesmo tempo em que deslumbra os outros com sua fala particular : já se habituou ao sucesso ? Dá impressão de que você se deslumbrou com as próprias capacidades, entrou numa roda-viva e ainda não pôs os pés no chão ".
Chico acha que tem cara de bobo porque suas reações são muito lentas, mas que no fundo é um vivo. Só que pôr os pés no chão no sentido prático o atrapalha um pouco. Acha que o sucesso faz parte dessas coisas exteriores que não contribuem em nada para ele:
A pessoa tem sua vaidade, alegra-se, mas isso não é importante. Importante é aquele sofrimento de quem procura buscar e achar. Hoje, disse-me, acordei com um sofrimento de vazio danado porque ontem terminei um trabalho.
Falamos do processo de criar de Vila-Lobos e ele contou uma frase dele dita a Tom Jobim : Vila-Lobos estava um dia trabalhando em sua casa e havia uma balbúrdia danada em volta. O Tom perguntou : " Como é, maestro, isso não atrapalha ? " Ele respondeu : "O ouvido de fora não tem nada a ver com o ouvido de dentro." E isso Chico invejava. Também gostaria de não ter prazo para entrega das músicas, e de não fazer sucesso : ele é interrompido nas ruas e nas ruas mesmo é obrigado a dar autógrafos.
Chico tem um ar de bom rapaz , esses que todas as mães com filhas casadoiras gostariam de ter como genro. Esses ar de bom rapaz vem da bondade misturada com bom humor, melancolia e honestidade. Tem o ar crédulo, mas diz que não é, é apenas muito preguiçoso.
Claro que gostou quando o maestro Isaac Karabtchevsky dirigiu a banda no Teatro Municipal, mas o que lhe interessa mesmo é criar. Desde pequeno faz versinhos. Pedi-lhe que fizesse assim de improviso um versinho e que, para pô-lo à vontade, eu esperaria na copa. Daí minutos Chico chamou, rindo : Como Clarice pedisse/ Um versinho que eu não disse/ me dei mal/ Ficou lá dentro esperando /mas deixou deu olho olhando / Com cara de Juízo Final.
Perguntei-lhe se já experimentara sentir-se em solidão ou se sua vida tinha sempre esse brilho justificável. Eu aconselhei que de vez em quando ficasse sozinho, senão seria submergido, pois até o amor excessivo dos outros podia submergir uma pessoa. Ele concordou e disse que sempre que podia dava suas retiradas.
Logo que entrou para Arquitetura, quando começou a trocar a régua pelo violão, a coisa parecia vagabundagem mas depois a família se conformou.
Estava em fase de procura e no dia anterior acabara um trabalho que era só de música, que exigia prazo. Mas para uma canção nova estava sempre disponível. A coisa mais importante para Chico é trabalho e amor, e, como indivíduo, quer exatamente Ter a liberdade para trabalhar e amar. De brincadeira perguntei-lhe o que era amor. "Não sei definir", disse-me, "e você ?" " Nem eu", respondi.



Brigas... e Depois?

Santa Cruz, número 3 - 05/63, Chico Buarque.

Eram meras questões de minutos. E o encontro dos namorados mais parecia um duelo de ciúmes.
— Você chega sempre atrasado.
— É, sei. E ontem, quem é que ficou aqui esperando, que nem um pateta?
— Ah, eu só atrasei dois minutos. Hoje você atrasou dez.
— Você é que chegou adiantada. Mas deixa que qualquer desses dias eu descubro o que você tanto faz, que nunca chega na hora certa.
E as discussões se sucediam, sem pé nem cabeça. Mas ciúmes são cegos como o próprio amor. São sentimentos mesquinhos, minuciosos, não esquecem a insignificância dos mínimos segundos. As batidas do coração jamais deveriam se escravizar aos tiquetaques desencontrados de dois relógios diferentes.
A verdade, porém, é que eram ambos loucos, um pelo outro, e seus corações acabavam por se entender, num ritmo comum de compreensão. E as hostilidades descansavam invariavelmente em beijinhos e mil perdões.
— Desculpe, viu, amor?
— Que nada, meu bem, a culpa foi toda minha.
— Não, eu é que fiquei nervosa.
— Deixa disso, eu banquei o bruto.
Por pouco não voltavam a discutir.
Assim correram muitos meses e muitas, muitas brigas, e os dois não chegavam a um acordo. Mas a vida tem dessas coisas. Quando se dá conta, a felicidade já é irremediavelmente retrato na parede, cartinha na gaveta, passando.
Alguns anos mais tarde, ela se casava com um rapaz bonito, tipo galã da Metro. Viveram em harmonia, sem brigas, sem discussões, talvez por falta de imaginação do atlético marido.
Por outro lado, o antigo namorado da adolescência não tardou a se apaixonar pelo lindo dote de uma mocinha que era um tesouro, filha de próspero industrial. Embora se tratasse de uma menina meio café-com-leite, sua herança lhe dava um quê de exótico. Alimentava por ela uma intensa, excêntrica paixão, enquanto que o bonachão rodava com seu Rolls-Royce, jogava em Monte Carlo e repousava em seu iate transatlântico. E numa atitude de misericórdia, suportava, geralmente, como um senhor onipotente, os carinhos milionários da esposa.
Muito tempo depois, porém, por um desses acasos que só o destino sabe explicar, os dois antigos namorados se encontravam nas areias de Copacabana, que é a praia onde todos vão. Já não eram os mesmos. Ele parecia carregar os milhões matrimoniais na respeitável barriga. Ela continuava encantadora, mas apenas na medida que possa encantar uma mulher de cinqüenta anos. Conversaram pouco, o silêncio disse mais. E voltaram a se encontrar, com mais freqüência e menos acaso. Já eram, no entanto, velhos demais para as inflamadas e inúteis discussões dos dezessete anos. Caminhavam calmamente pela areia molhada, mão na mão, por mais ridículo que possa parecer para a sua idade. Caminhavam sem rumo, sem tempo, sem horizonte. E quando se voltavam, sentiam a nostalgia da vida perdida em poucos minutos.
Salo de Carvalho, no seu blog, indica novos blogs bacanas. Dentre eles, o blog Corporativismo Feminino, idealizado por sete mulheres. No blog, a melhor campanha da web:


"Não finja Orgasmo!

Essa é uma campanha de utilidade pública para todas as mulheres.

Ao fingir orgasmo, você:
- Permite que alguns homens permaneçam RUINS na cama e, posteriormente, não se esforcem para a melhoria de sua performance.
- Ajuda na estima de homens que não são dignos do mérito.

- Contribui para a não-evolução do homo sapiens na cama. Pensem nas suas netas!
- Colabora para que mulheres engordem. Afinal, sem orgasmos múltiplos, vamos recorrer a barras e barras de puro chocolate libertador.
- Compactua com o orgulho de um macho que não é merecedor.
- Afasta o desejo do homem se aperfeiçoar."


Amei!

sábado, 27 de fevereiro de 2010


O que eu escrevi de nós é tudo mentira
é a minha saudade
crescida no ramo inacessível
é a minha sede
tirada no poço dos meus sonhos
é o desígnio
traçado sobre um raio de sol
o que escrevi de nós é toda a verdade
é a tua graça cesta cheia de frutos derramada sobre a erva
é a tua ausência
quando me torno a última luz no último ângulo da rua
é o meu ciúme
quando corro de noite entre os trens com
os olhos vendados
é a minha felicidade
rio ensolarado que irrompe sobre os diques
o que escrevi de nós é tudo mentira
o que eu escrevi de nós é tudo verdade.
(Hikmet)

Conferências Introdutórias à Psicanálise.

NOVÍSSIMAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS À PSICANÁLISE NO SÉCULO XXI

A Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo promoverá nova série de conferências destinadas ao público, com o objetivo de apresentar noções e expansões da Psicanálise, campo do conhecimento sempre sensível às diversas configurações do humano. Freud fundou a IPA - Associação Psicanalítica Internacional em 1910 e, na comemoração de seu centenário, retoma-se a potência da Psicanálise que se reinventa na busca de sentido dos fenômenos atuais.

PROGRAMAÇÃO
QUARTAS-FEIRAS, às 20:30h
1) 03 de março de 2010
Onde acontece a psicanálise
Marcio de Freitas Giovannetti
Oswaldo Ferreira Leite Netto
Visualizar resumo
2) 10 de março de 2010
O corpo em evidência
Magda Guimarães Khouri
João Augusto Frayze-Pereira
Visualizar resumo
3) 17 de março de 2010
Quando o planejado fracassa...
Luiz Carlos Uchôa Junqueira Filho
Ignácio Gerber
Visualizar resumo
4) 24 de março de 2010
Está tudo tão estranho...
Bernardo Tanis
Homero Vettorazzo Filho
Visualizar resumo

INVESTIMENTO:
Estudantes de Graduação e docentes de órgãos públicos de ensino: R$ 20,00 (por conferência)
Profissionais: R$30,00 (por conferência)
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES:
com Janes ou Fabiana - Tel.: 11 21253700
E-mail: inscricao@sbpsp.org.br
LOCAL:
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo
Avenida Dr. Cardoso de Melo, 1450 / 1º andar
Vila Olímpia - São Paulo - SP

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Simpósio de Combate a Crimes Eletrônicos.

4º Simpósio Operacional de Combate a Crimes Eletrônicos .

O 4º Simpósio Operacional de Combate a Crimes Eletrônicos (CeCOS) será realizado, de 11 a 13 de maio, em São Paulo.
O evento ocorrerá pela primeira vez na América do Sul. Organizado pelo Anti-Phishing Working Group – organização internacional com sede na Califórnia, Estados Unidos, com a missão de combater fraudes eletrônicas, – o simpósio tem o apoio do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que coordena e integra todas as iniciativas de serviços de internet no país.
A quarta edição discutirá os desafios enfrentados por aqueles que combatem o crime eletrônico, bem como o desenvolvimento de recursos comuns voltados aos profissionais responsáveis por proteger consumidores e empresas.
Direcionado a profissionais de segurança da informação, o foco deste ano será o desenvolvimento de paradigmas de resposta e recursos para profissionais da área forense e de combate a crimes eletrônicos.
Serão apresentados relatos de casos internacionais. A conferência inaugural será proferida por Dave Jevans, fundador e presidente da APWG.“O Outlook e o crime eletrônico global” será o tema dos conferencistas do Brasil, Alemanha e Malásia, entre outros.
Cristine Hoepers, analista de segurança e gerente geral do CERT.br, apresentará estudos de casos desenvolvidos no Brasil pelo CERT.br, grupo de resposta a incidentes de segurança para a internet brasileira, responsável por receber, analisar e responder a incidentes de segurança envolvendo redes conectadas à internet no Brasil.
Serão discutidos também novas tecnologias e técnicas usadas pelos criminosos para explorar a infraestrutura da internet e os PCs e outros dispositivos de usuários, além de técnicas para a educação e proteção dos consumidores, desenvolvimento de recursos, como formatos padrão e mecanismos para compartilhamento de dados.
O evento será realizado no Hotel Blue Tree Towers, localizado no bairro Morumbi, na capital paulista.

Mais informações: www.apwg.org/events/2010_opSummit_pt.html
Opps! Troquei o Manoel no poeminha da filharada. Na realidade é o de Barros e não o Bandeira, me desculpem.
Obrigada Alexandra, bjo pra ti.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Filharada.


Além do Bupi, Maria Fernanda e Théo, meus cachorros, "ganhamos" um casal de passarinhos. Infelizmente, o menorzinho não resistiu. Simba mudou de nome e hoje chama-se Batuque. Olha ele na foto, não está lindo?! Ele mama na chuquinha de fubá, reconhece vozes e está voando. Tô orgulhosa que só!
Mas, como no coração de mãe sempre cabe mais um, chegaram filhos novos. Um casal de hamster e um casal de galinha d'angola.
Os hamsters, eu insistia em colocá-los no sol e não me conformava que eles dormiam o dia todo. Hoje, percebi que no período noturno eles ficavam muito ativos e eureka! ratos tem hábitos noturnos, sorry.
Já os bebês d'angolas, são filhotes das galinhas do condomínio. As mães das crianças, são seres adoráveis que cantam em minha janela por volta das 04:00 hs da manhã e ainda abandonam seus filhos para eu cuidar!
E assim, minha filharada se multiplica.


"A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sábia
Mas não pode medir seus encantos
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força
Existem
Nos cantos de um sábia
Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar, divinare.
Os sábias divinam".
(M. de Barros)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Morin e Salo. Com que roupa eu vou?



Estou lendo alguns textos de Edgar Morin, um dos pensadores mais importantes da atualidade, que tem uma produção respeitável na área da educação e do conhecimento.
Ao ler seus textos, ver a forma com que ele conduz as diretrizes para a educação do próximo milênio, fiz um paralelo do filme “A Experiência”, de Oliver Hirschbiegel, com um evento do ano passado.
O filme alemão nos traz um grupo de pessoas que irá passar alguns dias trancafiado (qualquer semelhança é mera coincidência) para viver a experiência de serem policiais ou presos, em troca de dinheiro.
É incrível o que uma simples roupa pode influenciar no comportamento de algumas pessoas.
No tal evento, quando adentrei no hall do luxuoso hotel, me senti em uma festa com a roupa errada.
Ao meu ver, seminários, congressos deveriam servir para aprimoramento, troca de profissionais e estudantes em determinado assunto. Mas hoje em dia, em tempo de modernidade líquida, se transformaram em grandes "festas".
Ali vemos um desfile de ternos de Ricardo Almeida, sapatos que ofuscam os olhos, bolsas luxuosas, saltos e mais saltos. Ah, e os sorrisos? Dariam um excelente comercial de pasta de dentes.
Ao invés de cumprimentos, somos questionados, primeiramente, sobre nossa ocupação.
Você só dá aula? Meu amigo, se você fosse professor, não diria isso.
Mas é preciso um cartão bacana, com uma titulação relevante abaixo do nome.
Não sei das outras classes, mas falo aqui da nossa classe jurídica.
Voltando ao evento, foi aberto com um projeto social. Sim, isso acalmaria nossa alma. Estamos fazendo algo pelo próximo! Que bonito!
Os meninos, todos de cabeças raspadas, uniformizados, começaram a cantar.
Inacreditavelmente, a platéia, de mais ou menos 500 pessoas, ouviu tudo sem mexer um dedo.
Não pega bem uma classe tão diferenciada demonstrar sentimentos.
Ali, vi que estava no lugar errado. Tive uma vontade imensa de ir dançar com aqueles meninos e esquecer aqueles pobres homens.
No decorrer do evento palestras, digo auto-palestra, de 45 minutos, onde mal se podia respirar.
Doutor fulano, doutor x, doutor y, sempre em seus lindos ternos, dando continuidade ao respeitável evento.
Mas, como ainda existem pessoas de carne e osso, educadores de verdade como diria Morin, chega Salo de Carvalho. Sem terno, nem gravata, veio para um diálogo e não uma palestra. Um verdadeiro show, onde não foi preciso palco e nem fantasia.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Macaco olhe seu rabo! Ainda sobre traição.


Ontem li notícia sobre Tiger Woods. Aquele que a mídia apelidou de máquina do sexo.
Tiger foi a TV se desculpar pelas traições à mulher e a mídia noticiava que, mesmo com o pedido de desculpas, ele não consegue voltar à vida normal.
Meu Deusssssssss, em que mundo estamos?
Alguém, tirando a mulher dele, tem alguma coisa a ver com quem Tiger sai? Ok, o cara é uma figura pública, mas e daí?
Hoje, saiu um encarte na Folha sobre sexo e fiquei pensando no quanto ainda lidamos mal com nossa própria sexualidade.
Tabus e mais tabus cercam nossas vidas e aqui, evoluímos muito pouco.
Sim, estamos mais liberados que nossos avós. Falamos mais abertamente, nos permitimos mais, mas se a conversa aprofundar...
Bacana mesmo é falar, mas na prática é muito complicado.
Muitos homens continuam em seus papéis machistas com suas mulheres e filhas. Frases, como, por exemplo, “segura suas cabras que meu bode tá solto” ou “com minha mulher não”, infelizmente ainda são ouvidas.
E as mulheres? Minhas queridas, não acreditem na chamada igualdade sexual. Somos observadas e tachadas o tempo todo. Cabelo, roupa, se bebemos, se fumamos, como nos vestimos, como nos portamos.
Tente viver sua vida com toda liberdade e igualdade, e a conta virá.
Triste também é tentar viver “essa igualdade”, sem ao menos saber o que isso significa.
Vejo meninas, com pouco mais de 15 anos, vivendo uma sexualidade que mal entendem ou mulheres se comportando e se vestindo como caçadoras de homem e na manhã seguinte pagando um preço que não podem.
Você pode até discordar no início, mas pense bem, reflita e irá concordar comigo.
Eu, particularmente, não costumo me prender ao que os outros acham ou deixam de achar. Pra mim, o que vale mesmo é a fidelidade com meus sentimentos, com meus caminhos. Já paguei e pago um preço por isso, mas essa sou eu. Não saberia ser diferente.
E aqui, não falo só em sexo, mas sim na vida no geral.
Não quero, daqui a alguns anos, me arrepender de nada. E isso não quer dizer em viver a esmo e sim, fazer escolhas. Mesmo que isso signifique algum tipo de sofrimento.
E sexo, também é escolha.
Tem que ser muito homem ou muita mulher para saber lidar com sua sexualidade.
Quantos garanhões não sabem nada de sexo! Porque ser pegador qualquer um consegue.
E, voltando no assunto traição, já escrevi aqui sobre o tema e volto ao debate.
Danuza Leão, em seu artigo de hoje na Folha, escreveu:
Pense nas falsas juras de amor eterno que você já ouviu, e não se amargure. Pense também nas que você já fez, e por nada, só porque fazia calor, a cerveja estava gelada, a noite bonita, e você morrendo de vontade de ser feliz, nem que fosse só por umas horas. Mesmo tendo sido tudo mentira, seja sincera: não foi bom? E a vida não é isso?”
Não, não é uma apologia à traição. Acho a fidelidade importante, mas há tanta coisa englobada aqui.
Quantas vezes ouço: - Ele me traiu. E penso: - Quem traiu quem?
Casamento é feito a dois.
Talvez vocês sejam parceiros de uma família, de filhos, de uma vida até, mas fidelidade é muito mais que isso.
Assim, cada casal cria seus códigos, regras e não vale culpar o outro se um terceiro pintar.
Vale ser submissa, cega, mas ai vai do que você quer para sua vida. Da sua auto-fidelidade eu diria.
Talvez seja por isso que homens prefiram as mulheres “doces”.
Com a desculpa do gênio forte, leia-se leal a si mesma, essas mulheres representam um perigo.
E se ela for bonita o perigo redobra. Eles até a desejam, mas partilhar uma vida com mulheres desse naipe é para poucos.
Melhor uma mulher meio termo, que fale manso, que aceite as escapadas, que não escape, sem maiores delongas.
O mundo, apesar de estar sendo “dominado” por nós mulheres, ainda é regido pela cultura machista.
E alto lá, eu não sou nada feminista. Aliás, por vezes brinco afirmando que gostaria de saber quem foi a infeliz que quis direitos iguais.
Eu quero um homem gentil, que abra a porta do carro (sempre e não porque o carro é novo ou a mulher é nova, rs), quero mimos e etc. Mas também quero minha independência, meu espaço.... Algum homem diria: - Elas querem tudo!
Pode ser, mas queremos sim nosso espaço e continuar a ser mulheres normais. Não há nada de errado nisso.
Brincadeiras a parte, se, para nós, mulheres privilegiadas já é difícil viver nesse mundinho, imagine milhares de mulheres que ainda convivem sem o mínimo de dignidade. São submissas, violentadas em sua auto-estima, algumas até fisicamente. É por essa parcela esquecida, que devemos seguir batalhando por nosso espaço.
Esse espaço não deve ser maior ou menor, porque ser menos é complicado tanto quanto ser mais, mas deve permitir que andemos juntos, ao som do mesmo passo.
Assim, quando me deparo com notícias como a de Tiger Woods, com suas desculpas, fico imaginando para quem são esses pedidos.
Estou farta de semi-deuses e falso moralismo!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Olhar de silêncio.


"O mundo, às vezes, fica-me insignificativo
Como um filme que houvesse perdido de repente o som
Vejo homens, mulheres: peixes abrindo e fechando a boca num aquário
Ou multidões: macacos pula-pulando nas arquibancadas dos estádios...
Mas o triste é essa tristeza toda colorida dos carnavais
Como a maquilagem das velhas prostitutas fazendo trottoir.
Às vezes eu penso que já fui um dia um rei, imóvel no seu palanque,
Obrigado a ficar olhando
Intermináveis desfiles, torneios, procissões, tudo isso...
Oh! decididamente o meu reino não é deste mundo!
Nem do outro..."
(O Silêncio, Quintana)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Curso.

O Estado Democrático de Direito e a Justiça Criminal no Brasil

Data: 26/2/10
Horário: 14h
Local: AASP, rua Álvares Penteado, 151 – Centro, São Paulo/SP

Programação

14h - Abertura
Anne RambergSveriges Advokatsamfundet, Estocolmo; Membro do Conselho da IBA Public and Professional Interest Division; Co-Presidente do IBA Rule of Law Action Group.
-Martin Solc Kocián Solc Balastík, Praga; Co-Presidente do IBA Human Rights Institute.

14h30 - Prisão cautelar e Justiça no Brasil

O IBA Human Rights Institute (Instituto de Direitos Humanos da IBA) lançou recentemente um estudo sobre a proteção dos direitos humanos no sistema penal brasileiro, analisando particularmente o acesso à justiça na fase processual de prisão preventiva. Este painel irá tratar de alguns dos mais importantes tópicos e desafios identificados pelo estudo, assim como o papel que profissionais e outras entidades podem exercer sobre eles.

Palestrantes
-Juan E MéndezPresidente do International Center for Transitional Justice (ICTJ), Washington DC.
-Dr. Márcio Thomaz BastosPresidente do Instituto Innovare e ex-Ministro da Justiça.
Moderadores
-Anne Ramberg
-Martin Solc

16h30 - 17h - Intervalo

17h - O Estado Democrático de Direito e a independência da profissão jurídica

O Estado Democrático de Direito e a correta administração da justiça são elementos essenciais de qualquer sociedade democrática. Isto inclui o direito fundamental dos cidadãos do mundo de ter suas disputas ouvidas e resolvidas por um judiciário independente e por juízes e advogados capazes de advogar livremente e sem interferência. Este painel irá analisar a importância do Estado de Direito e a independência da profissão legal numa perspectiva internacional e também brasileira.

Palestrantes
-Juan E Méndez Presidente do International Center for Transitional Justice (ICTJ), Washington DC.
-Dr. Arystóbulo de Oliveira Freitas AdvogadoVice-presidente da Associação dos Advogados de São Paulo – AASP.
Moderadores
-Anne Ramberg
-Martin Solc

Carga Horária
5

Tradução simultânea
Haverá tradução simultânea (inglês para português e português para inglês).

Inscrições gratuitas.

Realização
AASP - Associação dos Advogados de São Paulo
International Bar Association - IBA
_____________
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES
TELEFONE
(11) 3291-9200

ou pelo site: http://www.aasp.org.br/

Oración a la justicia.


Oración a la justicia

Señora de ojos vendados
que estás en los tribunales
sin ver a los abogados,
baja de tus pedestales.
Quítate la venda y mira
Cuánta mentira.

Actualiza la balanza
y arremete con la espada
que sin tus buenos oficios
no somos nada.
Lávanos de sangre
y tinta resucita al inocente
y haz que los muertos entierren el expediente.

Espanta a las aves negras
y aniquila a los gusanos
y que a tus plantas los hombres
se den la mano.

Ilumina al juez dormido,
apacigua toda guerra
y hazte reina para siempre
de nuestra tierra.

Señora de ojos vendados,
con la espada y la balanza
a los justos humillados
no les robes la esperanza.
Dales la razón y llora
porque ya es hora.

Letra: María Elena Walsh.

(extraído do blog de Warat - http://luisalbertowarat.blogspot.com )

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Abraça tua loucura antes que seja tarde demais!
(C. F. Abreu)


E começa o ano no Brasil. Um bom começo para todos!

Especialização em Tecnologias em Ciências Forenses /USP.


Curso de Tecnologia em Ciências Forenses

O curso de especialização “Tecnologia e Ciências Forenses” promovido pela Faculdade de Medicina da USP será realizado no período de 14 de maio de 2010 a 7 de maio de 2011. Além dos professores da medicina, química, odontologia, engenharia, veterinária e farmácia, também haverá exposições dos professores da ACADEPOL, Academia de Polícia "Dr. Coriolano Nogueira Cobra", de modo a promover maior interação entre as diversas especialidades das Ciências Forenses.
O curso visa tanto à apresentação de conceitos teóricos quanto a atuação prática do perito, a fim de formar profissionais capazes de interagir em diversas áreas para solucionar adequadamente os casos periciais.
São oferecidas 50 vagas e as inscrições podem ser realizadas até dia 05.03.2010.

Mais informações clique aqui

Seminário: O Direito Penal Internacional e a Justiça de Transição.

Data: 01 de março de 2010
Horário: das 08h45 às 17h00
Local: Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo
Informações: (11) 3111-1040, ramal:131 ou curso@ibccrim.org.br
Inscrições: Gratuitas e Obrigatórias - VAGAS LIMITADAS
Importante: Serão emitidos certificados aos participantes

Programação:
08h45 – Abertura
09h15 - Palestra: “O Tribunal Penal Internacional e a proteção dos direitos humanos”.
Dra. Sylvia Steiner (Juíza do Tribunal Penal Internacional)
10h00 – Debates
10h30 – Intervalo
10h45 - Palestra: "O marco jurídico da Justiça de Transição" - Prof. Dr. Kai Ambos, (Georg-August, Universität Gottingen, Faculdade de Direito, Alemanha)
11h30 – Debates
12h00 – Almoço
14h00 - Palestra: "A punição dos crimes contra a humanidade: o exemplo argentino", Prof. Dr. Daniel Pastor (Prof. de Processo Penal da Universidade de Buenos Aires)
14h45 – Debates
15h15 - Mesa Redonda: "As possibilidades de Justiça no caso brasileiro"Dra. Gilda Pereira de Carvalho (Sub-Procuradora Geral da República Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão),Dra. Glenda Mezarobba (Cientista Política, Pesquisadora da Unicamp), Prof. Dr. Marcos Zilli (Prof. Dr. de Processo Penal da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e Juiz de Direito) e Dr. Belisário dos Santos Junior (Advogado; integrante da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - CEMDP)
16h15 - Lançamento do Concurso Nacional de Artigos sobre Direitos Humanos e Justiça de Transição
16h30 - Encerramento

INSCRIÇÕES ON-LINE (CLIQUE AQUI)

Coordenadores do Evento:
Dr. Marcos Zilli, Dra. Inês Virgínia Prado Soares, Dra. Sandra Akemi Kishi e Dra. Glenda Mezarobba.
Realização:Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo,Centro Acadêmico XI de Agosto;Fundação Konrad Adenauer,IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais,IEDC - Instituto Estudos Direito e Cidadania e INEU – Instituto Nacional de Estudos sobre os Estados Unidos.
Apoio: Associação dos Defensores Públicos da União; Associação dos Juízes Federais;Centro Alemão de Inovação; Consulado Geral da Holanda; Defensoria Publica da Uniao;Núcleo de Estudos de Violência da USP;Pricewaterhouse & Coopers,Procuradoria Regional da República,Editora Fórum.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Novo livro de Bauman.



Sociologia da imperfeição

Zygmunt Bauman rebate aqueles que creem que as ciências sociais se tornaram inúteis. Para o autor polonês, elas continuam a desafiar os clichês do senso comum
A queda do Muro de Berlim, a crise do marxismo e a decadência das utopias tiveram efeitos devastadores sobre o saber sociológico. No mundo líquido, fragmentado e disforme onde vivemos, dominado pelas formas imperfeitas, não parece mais possível pensar no estudo científico das sociedades e na definição das leis que as regem. Para muitos, a sociologia perdeu a importância. Já não pode dar conta de um mundo que se dilui e não mais se submete a leis fixas.
Não é bem o que pensa o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, de 84 anos. Em "Aprendendo a Pensar com a Sociologia" (trad. Alexandre Werneck, Jorge Zahar Editor, 304 págs., R$ 29,90), livro escrito com Tim May, ele defende a ideia de que a sociologia continua potente, porque continua a desafiar os clichês do senso comum
Praticada não mais como dogma, mas como um instrumento de interrogação da vida social, ela nos faz ver que os aspectos mais familiares da vida, aqueles que nos parecem simples e banais, podem ser repensados. Com isso, facilita o fluxo e a troca de experiências e transforma nosso cotidiano. Se a filosofia nos ajuda a morrer, a sociologia nos ajuda a viver.
Em seu novo livro, Bauman reflete sobre o modo como a sociologia pode nos ajudar, objetivamente, em nossa vida pessoal. A maneira como ela estabelece limites, molda perspectivas, enfim, desenha opções e, também, impossibilidades. A seu ver, a sociologia é, antes de tudo, uma prática. "Ao ampliar o horizonte de nosso entendimento, ela é capaz de lançar luz sobre o que de outra maneira poderia passar despercebido no curso dos acontecimentos", escreve.
A sociologia, diz Bauman, parte da constatação de que as condições gerais da sociedade produzem consequências drásticas em nossa vida pessoal. Que elas atingem nosso cotidiano e influem nas coisas mais banais da existência. Isso não quer dizer que não tenhamos escolha ou que não sejamos livres; quer dizer que essas escolhas e essa liberdade estão moldadas pela força das contingências. Saber pesar a relação entre liberdade pessoal e dependência é a chave do viver bem. Ficar só com um dos aspectos - julgar-se absolutamente livre ou irremediavelmente prisioneiro - só bloqueia nosso caminho.
A vida em sociedade nos leva a deparar com pessoas "estranhas", isto é, que não se enquadram em nossos modelos e expectativas, lembra o sociólogo. Com a globalização e a profusão de "estranhos", expandiram-se os mecanismos de segregação social - seguranças, grades, crachás, bilheterias, recepções, etc. Em vez de dominar esses "estranhos" ou de fixá-los em padrões, afirma Bauman, a sociologia nos ajuda a lidar com eles. Desse modo, deixa de ser uma ciência dura, que estabelece e define, para se tornar um saber móvel, que busca uma sincronia com o mundo.
"Isso não significa dizer que a sociologia tenha o monopólio da sabedoria no que diz respeito às experiências", alerta Bauman. "Muito embora sem dúvida as enriqueça nos ajudando a compreender melhor com os outros e por meio dos outros." Ciência, antes de tudo, do outro, a sociologia não pode se congelar no culto ao mesmo e à repetição. Ela é um "pensamento que não refreia", define, e facilita o fluxo e a troca de experiência entre os diferentes.
Ainda assim, no confuso mundo de hoje, inquietos, buscamos "soluções" para nosso desassossego. Para conter as incertezas, preferimos nos fixar em uma imagem qualquer, nem que seja na simples aparência. Baseada nas semelhanças, a aparência pode nos dar a ilusão - porque usamos a mesma marca de automóvel, de perfume ou de tênis - de que pertencemos a determinado grupo. Pode nos fazer crer que sabemos onde estamos e quem somos. Quando, na verdade, continuamos perdidos.
Outros "se salvam" da inquietação adotando uma rotina ou imitando rotinas alheias. Essa proximidade, no entanto, não assegura o sentimento de "responsabilidade moral" - que surge quando um sentimento de responsabilidade brota em nós, voltado para o bem-estar e a felicidade do outro. Ao contrário: o sentimento moral, diz Bauman, frequentemente aparece entre pessoas que não têm a mesma aparência e estão fisicamente muito distantes. Nem as aparências nem as semelhanças garantem a fraternidade.
Uma comunidade não se define pela proximidade física ou pelas semelhanças aparentes, ele insiste. Uma comunidade se define por uma "unidade espiritual". Resume: "A comunidade é mais um postulado que uma realidade". Compartilhar as mesmas inquietações e dividir os mesmos ideais, e não estar lado a lado fisicamente ou se espelhar no outro, isso sim é viver em comunidade. As redes sociais se formam graças às expectativas em comum - e não por causa de alguma condição natural ou de coincidências.
O dever moral, admite Bauman, costuma entrar em colisão com o sentimento de autopreservação. "Um não pode reivindicar ser mais natural que o outro." Há, sempre, uma tensão em jogo e é preciso enfrentá-la, administrá-la - embora nunca se chegue a resolvê-la. O mesmo ocorre nas relações amorosas. Nelas, as realidades dos dois parceiros nunca são idênticas. A própria ideia de intimidade pode ser uma armadilha. As diferenças podem ser tão esmagadoras, ele adverte, que os parceiros farão exigências um ao outro que jamais poderão cumprir. Também no amor, o estar ao lado exige respeito. Amar é trocar diferenças e estilos. É mais uma troca que um encontro.
Não se deve esperar, diz Bauman ainda, que a sociologia "solucione problemas". A vida não é um "problema a resolver". Ele alerta: "Cada nova tentativa de ordenar uma parcela ou uma área específica da atividade humana cria novos problemas". Não se deve querer que a sociologia forneça soluções para os conflitos sociais. A sociologia não nos diz como resolver um problema. Ela se limita a apontar o problema com que devemos lidar. E isso já é muito.
É verdade, isso nos frustra. Na sociedade de mercado, lamenta Bauman, só queremos a perfeição. Consumimos compulsivamente, em busca de um estilo de vida perfeito. Nunca o atingimos, e isso perpetua o consumo, mas não nos aproxima de uma solução. "Somos continuamente encorajados a consumir em nossa busca do inatingível - o estilo de vida perfeito em que a satisfação reine, suprema."
Muitos ainda acreditam que sociologia pode nos apontar o melhor caminho rumo à perfeição. Não pode. Nem é para isso que ela existe, adverte. A sociologia, ao contrário, mostra que a solução inexistente é, na verdade, o que nos impede de aceitar o outro e de avançar. É a busca frenética de uma solução que nos impede de viver. Nesse sentido, toda sociologia é uma sociologia da imperfeição. "O grande serviço que a sociologia está preparada para oferecer à vida humana é a promoção do entendimento", diz. Não existe sociologia sem tolerância.

(José Castello)

(extraído do J.Valor Econômico, em 12/02/2010)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Olhar de indignação: preconceito.


*JOSÉ GERALDO COUTO

Último reduto do macho

--------------------------------------------------------------------------------
No futebol, até mesmo falar publicamente contra a discriminação dos gays é um tabu que parece invencível
--------------------------------------------------------------------------------

CARNAVAL é um momento de vale-tudo, de permissividade quase compulsória, que nos dá a impressão de que vivemos no reino da liberdade e da tolerância. Triste ilusão, pelo menos no que diz respeito ao futebol.
Leio no UOL que a Associação dos Futebolistas Profissionais Ingleses e a Federação Inglesa de Futebol desistiram de fazer uma grande campanha contra a homofobia. Motivo: nenhum dos jogadores procurados topou aparecer na TV para falar contra a discriminação dos homossexuais. Temiam, eles próprios, ser associados com o tal "amor que não ousa dizer seu nome" (Oscar Wilde).
Vários dos atletas sondados para a campanha participaram ativamente de movimentos contra o racismo. Mas "opa, calma lá, veadagem é outra história".
Isso acontece na Grã-Bretanha, terra dos Beatles e dos Rolling Stones, do sexo, drogas e rock'n roll, de David Bowie, Elton John e Freddy Mercury, da revolução dos costumes. Mas o futebol, ao que parece, é uma pátria à parte. Imagino que no Brasil não seria diferente.
Ao divulgar a notícia, a imprensa britânica lembrou que o negro Justin Fashanu (1961-1998), inglês filho de nigerianos, foi o primeiro e até agora o único futebolista profissional de primeira divisão a assumir sua condição homossexual. Vale a pena relembrar sua história.
Aos 21 anos, no Nottingham Forest, Fashanu era um talento ascendente, que fazia gols em profusão, quando bateu de frente com o dirigente e ex-atleta Brian Clough, que ficou sabendo de suas escapadas para boates e bares gays. Começava ali uma inacreditável peregrinação do jogador por uns 20 clubes de Reino Unido, EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Em quase todos, a mesma história: depois de um início brilhante, com muitos gols, a queda de produção era acompanhada pelo escárnio dos colegas e pela hostilidade da torcida. Em 1990, numa entrevista ao tabloide "The Sun", Fashanu assumiu sua condição homossexual, o que só piorou a situação.
Vários jogadores se enfureceram com sua atitude, e até seu irmão John o renegou publicamente. Fashanu resvalou para o limbo de times das divisões inferiores e clubes semiamadores, treinou equipe juvenil nos EUA, jogou na Austrália e na Nova Zelândia, voltou para os EUA.
Em março de 1998, quando treinava um time de segunda divisão de Maryland, um rapaz de 17 anos o acusou de assédio sexual. Fashanu fugiu de volta para a Inglaterra e, dois meses depois, foi encontrado enforcado numa garagem deserta, na periferia de Londres.
Tinha 37 anos. Em seu bilhete suicida estava escrito: "Percebi que já tinha sido condenado. Não quero mais causar constrangimento a meus amigos e familiares".
Na verdade, a Justiça norte-americana tinha arquivado o processo contra ele, por falta de provas. Mas ele nunca soube. Havia se acostumado à condição de pária e fugitivo.
E, para não dizer que não falei de Carnaval, cito os versos de um samba antigo de Candeia, gravado lindamente por Paulinho da Viola: "Amor é tema tão falado,/ mas ninguém seguiu nem cumpriu a grande lei./ Cada qual ama a si próprio./ Liberdade, igualdade, onde estão não sei".

jgcouto@uol.com.br

(*extraído da Folha do Estado de São Paulo, Esporte, em 13/02/2010)


O ser humano me supreende, sempre.
Preconceito, racismo, tudo enraizado em nossa sociedade, que se diz pós-moderna.
Ainda há o preconceito se você é separada, loira, se tem sotaque, se é mãe solteira (tenho horror desse termo) e tantas outras situações que o ser humano resolve taxar.
Sim, somos estigmatizados e uma prova disso é o jogador Richarlisson. Todo jogo os torcedores "cantam" para ele.
O que vale é a famíla margarina, o carro do ano, a roupa bacana.
Há anos atrás, mudou em meu bairro uma família de negros. Bairro de classe média alta e um dos moradores passou a "intimidar" essa família. A mulher dele recebeu uma pedrada na rua.
Parece filme? Não, infelizmente é realidade.
"Quanto mais eu conheço os homens, mais eu gosto dos meus cachorros."

Termino, com Lispector:

"Um de meus filhos, quando era bem pequeno, dirigiu-se a mim assustado:
_Me disseram que a gente está no século XX, é verdade?
_É sim, respondi olhando sua carinha ansiosa.
_Puxa, mamãe - exclamou espantado o menino - como nós estamos atrasados!!!"

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Teletubbies do Direito.


Teletubbies do Direito

Charles Parchen*
Ainda no primeiro período da faculdade, isso em 1999, tive a oportunidade de participar de um congresso internacional de direito que se realizou em Curitiba.
O destaque do evento foi a palestra ministrada pelo excelente Desembargador gaúcho Amilton Bueno de Carvalho, ferrenho defensor da corrente do Direito Alternativo.
Lembro até hoje das palavras proferidas naquela palestra. O Desembargador utilizou uma interessante analogia para expor uma realidade que assola não só o exercício da advocacia, mas também o da Magistratura.
Aos dizeres daquele palestrante, "todos somos Teletubbies do direito". A frase, que em princípio arrancou gargalhadas da platéia, se mostrou preocupante e plenamente verdadeira após uma explicação: para ele, hoje, assim como os personagens da TV, nos limitamos a repetir e copiar tudo o que os outros fazem, o que acarreta uma completa "imbecilização" da atividade jurídica, que se resume à repetir, copiar, repetir, copiar...
Em outras palavras, seria o fenômeno da mercantilização da advocacia e da Magistratura e o da priorização das metas de produção, em detrimento à subjetividade da profissão e da qualidade advinda da atividade intelectual que sempre foi inerente à concepção do Direito. Para ele, cada vez mais os profissionais estão se tornando meros repetidores do trabalho alheio, num circulo vicioso de total ausência de produção intelectual e de inovação de teses.
Hodiernamente, vemos que o próprio Poder Judiciário, outrora desprovido de metas de qualidade e excelência, começou a ser seriamente pressionado após a criação do controverso CNJ. Ao meu entender, tal Conselho procura cada vez mais introduzir - erroneamente - no Judiciário, o conceito de "empresa", que sabidamente está ligado ao atingimento das metas cada vez maiores de produção e eficiência.
As Câmaras dos Tribunais são cada vez mais especializadas. Os Desembargadores atuam há tempos em uma mesma matéria, sem sequer ter contato com outras. A repetição é constante, o que se denota pelos despachos e decisões, todos padronizados. De igual modo, no primeiro grau, a criação de varas especializadas é algo cada vez mais notada pelos profissionais do Direito.
Porém, tal mudança de comportamento vem causando uma série de aberrações jurídicas. São proferidos despachos malucos, sentenças impossíveis, sem falar, é claro, de erros judiciários. Tudo em nome da produção em massa.
Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho e o conceito atual de advocacia de volume não permitem mais que haja tempo para a pesquisa e desenvolvimento de novos pensamentos. Ainda, o atual estágio da profissão quase extinguiu o "profissional genérico", aquele que sabia de tudo um pouco. Certo é que a especialização é fenômeno necessário e sem volta, contudo, o efeito maléfico das duas - advocacia de massa e da especialização - é a produção de profissionais "em série", o que é um contrasenso no universo da advocacia e da Magistratura, atividades claramente incompatíveis com esta prática.
Massificados, estes profissionais sabem cada vez mais de pouca coisa e cada vez menos do restante. É o refinamento exagerado do saber, onde há a perda do caráter liberal do estudo, numa completa ruína do espírito acadêmico. O resultado se traduz em situações cotidianas, como a qual tive a oportunidade de presenciar, onde um colega, indagado por um parente sobre uma questão de divisão de terreno entre irmãos, preferiu dizer à pessoa que iria indicar ela a um colega do que aceitar aquela causa, isso porque não entendia nada de direito imobiliário e com isso, tinha "medo" de fazer uma besteira.
Meros repetidores ou profissionais especializados demais esquecem, desde o básico, o que aprenderam na faculdade; e tal qual "teletubbies do direito", em uma completa imbecilização de seus conhecimentos, simplesmente deixam de se interessar ou atuar em outros seguimentos ou áreas porque simplesmente não sabem lidar com determinada matéria ou desconhecem a mesma.
Especializar-se é preciso, contudo, sem esquecer de se interessar e de se aperfeiçoar, jamais.
____________________
*Advogado

(extraído do site: www.migalhas.com.br)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010


Não é por nada que olho: é que eu gosto de ver as pessoas sendo...
(C.Lispector)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Olhar de orgulho: Alexandre e seu novo livro.


Ao ouvi falar do Kindle, tentei resistir. Nada iria substituir o cheiro de um livro, o folhear das páginas, as anotações. Porém, fui acompanhando o crescimento desta nova idéia.
Quando soube que Salo estava abrindo mão dos direitos autorais de alguns livros, foi surreal.
Meses atrás comprei meu Kindle e confesso: é indescritível.
O "aparelhinho" além de mágico, é muito funcional.
Hoje, após alguns dias distante, vi o lançamento do livro do Dr. Alexandre. O primeiro livro jurídico em português publicada para o Kindle.
Alexandre, você é motivo de muito orgulho, parabéns!

*Lançado na semana passada, o livro Jurisdição do Real x Controle Penal: Direito & Psicanálise, via Literatura, de autoria de Alexandre Morais da Rosa, juiz em Santa Catarina, é a primeira obra jurídica em português publicada para o Kindle – o já famoso leitor de livros eletrônicos, da Amazon.com. E se a obra chama atenção por seu pioneirismo no formato eletrônico, também o faz pela forma como aborda um tema jurídico: por meio da Literatura. “As relações entre Direito e Literatura têm sido, há muito, tema de discussões na Europa e nos Estados Unidos, mas só recentemente passaram a ser debatidas em nosso país”, diz o jurista André Karam Trindade, coordenador do programa Direito & Literatura – veiculado nacionalmente pela TV Justiça.
Apesar de ainda renderem poucos estudos no Brasil, as relações entre Direito e Literatura são facilmente identificáveis. “A questão da linguagem é o grande denominador comum. Além disso, embora com finalidades bem distintas, ambas remetem à questão da interpretação e lidam com as relações humanas”, observa Karam Trindade. Entre os principais estudiosos dos pontos de encontro do Direito e da Lite ratura, ele destaca o norte-americano Ronald Dworkin, “para quem o Direito deve ser visto como um romance em cadeia”, e o belga François Ost, “que retrata as fontes do imaginário jurídico a partir da Literatura”.
Mas como a Literatura pode contribuir para o Direito? Uma das formas é antecipando questões ainda não enfrentadas pelo universo jurídico – caso de 1984, obra de George Orwell, publicada em 1949, que antecipou a problemática da invasão de privacidade. “A Literatura pode programar o Direito ao apresentar situações futuras”, afirma o advogado André Fernando dos Reis Trindade, coordenador da obra Direito e Literatura – O Encontro Entre Themis e Apolo (Juruá Editora).
Para o jurista Germano Schwartz, professor da disciplina Direito e Literatura na Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul, a Literatura humaniza o Direito. “A Literatura ajuda a demonstrar que o Direito não se desvincula da realidade social que o circunda. O poder colocar-se no lugar do outro é também uma das grandes contribuições que a Literatura pode dar ao Direito, já que tal sensibilidade é escassa nos operadores jurídicos ‘modernos’. Com isso, a Literatura pode recuperar a humanidade do Direito, que anda esquecida entre pilhas de processos, planilhas de metas e fóruns lotados”, analisa Schwartz.
O desembargador Ney José de Freitas, presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), que também é autor de livros de poesia, concorda que a grande contribuição da Literatura ao Direito é no sentido de sensibilizar os operadores jurídicos. “A Literatura sensibiliza, humaniza, faz com que o juiz perceba a dimensão do outro. A Literatura faz com que o juiz saia do mundo formal. Claro que ele não pode fugir da realidade processual, mas pode humanizá-la”, diz.
Exagero?
Já ficaram famosas na internet decisões judiciais nas quais os magistrados usaram (e, para alguns, abusaram) de suas habilidades literárias. No ano passado, no Rio Grande do Sul, uma juíza sentenciou em verso uma ação de usucapião: “A sobrar-lhe a razão / Aduz a sua pretensão / Com respeito vem pedi-la / E a justiça ouvi-la / Gleba que traz ocupada / No tempo somente sua / Em pleno gozo e uso / Deseja usucapi-la”. E os arroubos poéticos chegam até o Supremo Tribunal Federal (STF). “Esparsas nuvens escuras a se esgueirar, intrusas, por um céu que somente se compraz em hospedar o sol a pino”, escreveu o ministro Carlos Ayres Britto, em seu voto contra a Lei de Imprensa.
Contudo, apesar de concordarem que a Literatura propicia referências à argumentação jurídica e humaniza o Direito, há juristas que não veem com bons olhos tais iniciativas de magistrados. “O Direito não deve tentar reproduzir a forma literária, sob pena de não ser nem uma coisa, nem outra. O Direito busca a estabilização, a segurança jurídica, o mandato, a ordem; ao passo que a Literatura volta-se para o abstrato, a inovação, a dúvida, a metáfora”, reflete Karam Trindade.
Posição similar tem o jurista paranaense Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, procurador da Fazenda Nacional. “Decisões judiciais em forma de poesia complicam a compreensão do Direito, na medida em que exigem esforço interpretativo desnecessário: apenas refletem a vaidade dos prolatores das decisões”, opina Godoy, que é autor de obras sobre Direito e Literatura – seus textos, como a dissertação de mestrado Desilusão Jurídica em Monteiro Lobato, estão disponíveis no site http://www.arnaldogodoy.adv.br/.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Curso de línguas.

CURSO 'THE BOOK IS ON THE TABLE'

O Brasil sediará a Copa de 2014. Como muitos turistas de todo mundo estarão por aqui, é imprescindível o aprendizado de outros idiomas (em particular o inglês).
Pensando em auxiliar no aprendizado, foi formulada uma solução prática e rápida!!
Chegou o sensacional e insuperável curso 'The Book is on the Table', com muitas palavras que você usará durante a Copa do Mundo de 2014.

Veja como é fácil!

a.) Is we in the tape! = É nóis na fita.
b.)Tea with me that I book your face = Chá comigo que eu livro sua cara.
c.) I am more I = Eu sou mais eu.
d.) Do you want a good-good? = Você quer um bom-bom?
e.) Not even come that it doesn't have! = Nem vem que não tem!
f.) She is full of nine o'clock = Ela é cheia de nove horas.
g.) I am completely bald of knowing it. = To careca de saber.
h.) Ooh! I burned my movie! = Oh! Queimei meu filme!
i.) I will wash the mare. = Vou lavar a égua.
j.) Go catch little coconuts! = Vai catar coquinho!
k.) If you run, the beast catches, if you stay the beast eats! = Se correr, o bicho pega, se ficar o bicho come!
l.) Before afternoon than never. = Antes tarde do que nunca.
m.) Take out the little horse from the rain = Tire o cavalinho da chuva.
n.) The cow went to the swamp. = A vaca foi pro brejo!
o.) To give one of John the Armless = Dar uma de João-sem-Braço.

Gostou?
Quer ser poliglota?
Na compra do 'The Book is on the table' você ganha inteiramente grátis o incrível 'The Book is on the table - World version'!!!
Outras línguas:

CHINÊS
a.) Cabelo sujo: chin-champu
b.)Descalço: chin chinela
c.) Top less: chin-chu-tian
d.) Náufrago: chin-chu-lancha
f.)Pobre: chen luz, chen agua e chen gaz

JAPONÊS
a..) Adivinhador: komosabe
b.) Bicicleta: kasimoto
c.) Fim: saka-bo
d.) Fraco: yono komo
e.) Me roubaram a moto: yonovejo m'yamaha
f.) Meia volta: kasigiro
g.) Se foi: non-ta
h.) Ainda tenho sede: kiro maisagwa

OUTRAS EM INGLÊS:
a.) Banheira giratória: Tina Turner
b.) Indivíduo de bom autocontrole: Auto stop
c.) Copie bem: copyright
d.) Talco para caminhar: walkie talkie

RUSSO
a.)Conjunto de árvores: boshke
b)Inseto: moshka
c.) Cão comendo donut's: Troski maska roska
d.) Piloto: simecaio patatof
e.)Prost _ ituta: Lewinsky
f.) Sogra: storvo

ALEMÃO
a.) Abrir a porta: destranken
b..) Bombardeio: bombascaen
c.) Chuva: gotascaen
d.)Vaso: frask

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Deleuze, Foucault, Deseo y placer.

La última vez que nos vimos Michel me dijo, con mucha amabilidad y afecto, más o menos esto: no puedo soportar la palabra deseo; incluso si usted lo emplea de otro modo, no puedo evitar pensar o vivir que deseo=falta, o que deseo significa algo reprimido. Michel añadió: lo que yo llamo "placer" es quizá lo que usted llama "deseo"; pero de todas formas necesito otra palabra diferente a deseo.
Evidentemente, una vez más, no es una cuestión de palabras. Porque yo mismo no soporto apenas la palabra "placer". Pero ¿por qué? Para mí, deseo no implica ninguna falta; tampoco es un dato natural; está vinculado a una articulación de heterogéneos que funciona; es proceso, en oposición a estructura o génesis; es afecto, en oposición a sentimiento; es "haecceidad" (individualidad de una jornada, de una estación, de una vida), en oposición a subjetividad; es acontecimiento, en oposición a cosa o persona. Y sobre todo implica la constitución de un campo de inmanencia o de un "cuerpo sin órganos", que se define sólo por zonas de intensidad, de umbrales, de gradientes, de flujos. Este cuerpo es tanto biológico como colectivo y político; sobre él se hacen y se deshacen las articulaciones, es él quien lleva las puntas de desterritorialización de las articulaciones o las líneas de fuga. Varía (el cuerpo sin órganos de la feudalidad no es el mismo que el del capitalismo). Si lo llamo cuerpo sin órganos es porque se opone a todas las estrategias de organización, la del organismo, pero también a las organizaciones de poder. Es justamente el conjunto de las organizaciones del cuerpo quienes romperán el plano o el campo de inmanencia e impondrán al deseo otro tipo de "plano", estratificando en cada ocasión el cuerpo sin órganos.
No puedo dar al placer ningún valor positivo, porque me parece que el placer interrumpe el proceso inmanente del deseo; creo que el placer está del lado de los estratos y de la organización; y en un mismo movimiento el deseo es presentado como sometido dentro de la ley y escandido por fuera de ella por los placeres; en los dos casos, hay negación de un campo de inmanencia propio al deseo. Pienso que no es casualidad que Michel atribuya cierta importancia a Sade, y yo por el contrario a Masoch. No sería suficiente decir que yo soy masoquista, y Michel sádico. Eso quedaría bien, pero no es verdad. Lo que me interesa en Masoch no son los dolores, sino la idea de que el placer viene a interrumpir la positividad del deseo y la constitución de su campo de inmanencia (de igual modo, o más bien de otra manera, sucede en el amor cortés: constitución de un plano de inmanencia o de un cuerpo sin órganos donde al deseo no le falta nada, y donde éste evita todo lo posible placeres que vendrían a interrumpir su proceso). El placer me parece el único medio para una persona o un sujeto de "orientarse" en un proceso que le desborda. Es una re-territorialización. Y, desde mi punto de vista, de esa misma manera es como el deseo se remite a la ley de la falta y a la norma del placer.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mãe fresca.

Meus novos bebês! Gabi e Simbinha.
Foram abandonados em meu jardim.
Não faço idéia da espécie deles (dragão, morcego, sabiá?).
São lindos...

Inter.


A vitória foi no domingo, mas fica aqui minha homenagem ao timão.
Inter 1 x Grêmio 0. Muito boooom!!

Paulo


Paulo é um presente maravilhoso que ganhei em minha vida. Lindo, inteligente, sensível, uma alma delicada e tantas outras qualidades que não caberiam aqui.
Hoje, acordei com sua mensagem e fiquei pensando em escrever palavras que pudessem levar todo meu carinho para você. Palavras que diminuíssem a distância e trouxessem você aqui ao meu lado.
Meu amigo querido, deixo Quintana, com suas palavras, levar o meu presente pra você:

"E assim, querido,
eu te mando este céu, todo este céu de Porto Alegre
e aquela nuvenzinha
que está sonhando, agora, em pleno azul!"

com todo amor que houver nesta vida.
Certa de que amanhã é um novo dia. Pense nisso.

Olhar de rainha.


Odô yá!
Hoje é dia da rainha do mar. Salve, salve Iemanjá.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Théo.

"E quando acaricio a cabeça do meu cão, sei que ele não exige que eu faça sentido ou me explique."
(C. Lispector)