segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Olhar de seca.



"Todo mundo conhece ciclo seco, a maioria até já passou por ele. Alguns mesmo vivem desde sempre dentro dele, achando que isso é vida e eternizando o que, por ser ciclo, deveria também ser transitório. É preciso acreditar que passa, embora quando dentro dele seja difícil e quase impossível acreditar não só nisso, mas em qualquer outra coisa. Não que ciclo seco não tenha fé, o que acontece é que não podendo ver o que não é visível, fica limitado ao real.

Antes de ir em frente, é importante dizer que ciclo seco nada tem a ver com as estações do ano. É coisa de dentro do humano, não de fora, e justamente por isso não tem nenhum método: vem quando não é esperado e vai quando não se suspeita. Ciclo seco não desaba de repente sobre alguém; chega aos poucos, insidioso, lento. Quando se percebe que se instalou, geralmente é tarde demais. Já está ali. É preciso atravessá-lo como a um deserto, quando se está no meio e a água acabou. Por ser limitado ao real, o ciclo seco jamais considera a possibilidade de um oásis ou de uma caravana passando. Secamente, apenas vai em frente.

Porque o real do ciclo seco são ações, não pensamentos nem imaginações. Tanto que, visto de fora, não é visível nem identificável. Não se confunde com “depressão”, quando você deixa de fazer o que devia, ou com “euforia”, quando você faz em excesso o que não devia. Em ciclo seco faz-se exatamente o que se deve ou não, desde escovar os dentes de manhã ou beber um uísque à tardinha, mas sem prazer. Nem desprazer: em ciclo seco apenas se age, sem adjetivos. A propósito, ciclo seco não admite adjetivos — seco é apenas a maneira inexata de chamá-lo para que, dando-lhe um nome, didaticamente se possa falar nele.
 
E deve-se falar dele? Quero supor, entusiástico, que sim. Mas não tenho certeza se dar nome aos bois terá alguma serventia para o dono dos bois ou sequer para os próprios bois — e essa é uma reflexão típica de ciclo seco. Mas vamos dizer que sim, caso contrário paro de escrever já. E falando-se dele, diga-se ainda que ciclo seco não é bom nem mau, feio ou bonito, inteligente ou burro (…) embora possa dar uma impressão errada a quem o vê de fora, ávido por adjetivar.

Ciclo seco, por exemplo, não se interessa por nada. Pior que não ter o que dizer, ciclo seco não tem o que ouvir, compreende? Fica na mais completa indiferença seja ao terremoto no Japão ou à demissão de Vera Fischer. No plano pessoal, tanto faz ler ou não ler um livro, ir ou não ao cinema — ciclo seco é incapaz de se distrair, de se evadir. Fica voltado para dentro o tempo todo, atento a quê é um mistério, pois que pode um ciclo seco observar de si mesmo além da própria secura, se não há sequer temporais, ventanias, chuvaradas? Nesse sentido, ciclo seco é forte, porque nada vindo de fora o abala, e imutável, porque de dentro nada vem que o modifique.

E nesse sentido também é antinatural, pois tudo se transforma e ele não, simulando o eterno em sua digamos, i-na-ba-la-bi-li-da-de. E sendo assim, com alívio vou quase concluindo, pode se deduzir que… Não, não se pode deduzir nada. Só que passa, por ser ciclo, e por ser da natureza dos ciclos passar. Até lá, recomenda-se fazer modestamente o que se tem a fazer com o máximo de disciplina e ordem, sem querer novidades. Chatíssimo bem sei. Mas ciclo seco é assim mesmo.

Todo mundo tem os seus, é preciso paciência. E contemplá-lo distante como se se estivesse fora dele, e fazer de conta que não está ali para que, despeitado, vá-se logo embora e nos deixe em paz? Eu, francamente não sei. Ainda mais francamente, nem sequer sinto muito."

(C.F.Abreu - Pequenas Epifanias)

 
 
 
**Apesar das chuvas,
vejo que não há água
suficiente para umidificar
esse ciclo seco que tenho vivenciado.
    Pego meu leque, presente da minha querida Gabriela,
me abano, tomo um suco gelado,
 procuro uma sombra
e espero.
Um dia passa...tudo passa.
 
 
 

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Doce olhar.




"Mas não se pode agir assim, a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, não quero mais.

Tentaria, então, com toda a delicadeza possível, sem decidir propriamente decidiu no meio da tarde — uma tarde morna demais, preguiçosa demais para conter esse verbo veemente: decidir. Como ia dizendo, no meio da tarde lenta demais, escolheu que — se viesse alguma sofreguidão na garganta, e veio — diria qualquer coisa como olha, tenho medo do normal, baby.
Só que, como de hábito, na cabeça (como que separada do mundo, movida por interiores taquicardias, adrenalinas, metabolismos) se passava uma coisa, e naquele ponto em que isso cruzava com o de fora, esse lugar onde habitamos outros, começava a região do incompreensível: Lá, onde qualquer delicadeza premeditada poderia soar estúpida como um seco: não. E soou, em plena mesa posta.

Tanto pasmo, depois. Sozinho no apartamento, domingo à noite. Todas as coisas quietas e limpas, o perfume adocicado das madressilvas roubadas e o bolo de chocolate intocado no refrigerador — até a televisão falar da explosão nuclear subterrânea.

Então a suspeita bruta: não suportamos aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós.

Afirmou, depois acendeu o cigarro, reformulou, repetiu, acrescentou esta interrogação: não suportamos mesmo aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós?

Não, não suportamos essa doçura."


(C.F. Abreu)
*colhi o texto do blog do Alexandre - gracias!




**Érica, a que continua doce. 










quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Continuação do olhar para o amor de Mauricio.



Mauricio acordou todo feliz e veio correndo me contar:

- Mãe, tive um sonho muito bom. Sonhei que a Maria Fernanda voltou a gostar de mim.

Parou, ficou quieto e falou novamente:

- Não sei se é sonho ou se foi ela quem falou...ah, acho que foi sonho, né mãe? Ela já decidiu mesmo. Mas quando ela crescer ela vai ver que o Dudu é tímido, que sou melhor, não é mãe?

- Claro querido, mas eu acho que não foi sonho, ela deve ter falado.

- Não mãe, é sonho sonhado mesmo. 


....


Mauricio diz que vai morar na casa que moramos atualmente. Ele herdará tudo do pai. Vestirá suas roupas, dormirá no lado da cama dele... Maria Fernanda, herdará tudo o que é meu.

Bueno, com o rompimento Mauricio mudou sua fala:

- Mãe, como não irá ter ninguém para ocupar o seu lugar eu tive uma ideia. Vou guardar tudo o que é seu. Vou embrulhar suas roupinhas, seus anéis, sua peposa, guardo tudo direitinho e para sempre.

- Mas filho, você terá outras namoradas. Você é muito pequeno, ainda vai encontrar muitas meninas.

- Não, não mãe, eu já disse que não quero ninguém. Ninguém vai ocupar o lugar da Maria Fernanda. E não faz problema mãe, eu durmo com Teddy para sempre.


...


...desisto! Deixa ele curtir essa dor de cotovelo até o fim.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Olhar possível.

(foto Fernando Bagnola)


"Ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada, é simplesmente o que ela podia fazer."



(C.F. Abreu)



**Érica, a que tenta viver dentro de suas possibilidades.



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Olhar...

(foto de André Salcedo)


Somos livres, e este é o inferno.

(Lispector)




Olhar para minha irmã.



Somos em três irmãos - duas meninas e um menino.

Meu irmão foi meu companheiro de aventuras na infância e companheiro na maturidade da minha irmã.

Apesar dos cinco anos de diferença entre eu e minha irmã, minha mãe fazia questão de nos vestir idênticas (veja foto acima)- além das tranças (horas e horas paradas para minha mãe fazer o penteado) e botinhas nos pés.
Isso quando minha mãe não resolvia fazer uma roupa para ela. Éramos o trio parada dura by Vó Maria!!
Eu sei que atualmente é moda, mas eu e minha irmã somos traumatizadas até hoje...que nossa mãe não nos ouça!

Elen, minha irmã mais velha, foi uma criança linda. Uma beleza aristocrática, requintada, sem igual.

Tocava piano, flauta doce -fazia tudo o que uma primeira filha é obrigada (erramos tanto com o primeiro filho!!)- mas tinha lá seus privilégios...um quarto somente para ela...o sonho de consumo meu e do meu irmão.

Era toda cuidadosa, nos ensinava como comer chocolate lentamente "vocês precisam sentir o sabor!!" e tinha o péssimo hábito de não comer o tal chocolate ou o sorvete quando ganhava ou comprava, deixando-os para um momento oportuno.
Bueno, não preciso dizer que eu e meu irmão fazíamos o tal momento oportuno surgir!

Ela também serviu de cobaia para que eu e meu irmão pudéssemos testar nossos experimentos e habilidades.

Dei detergente de maça batido no liquificador e servi como suco para ela. Nos trancávamos no banheiro (único da casa) até ela fazer xixi na calça. O Erlon pintou sua boneca preferida, correu atrás dela com baratas. Eu invejei seus papéis de carta, suas saídas noturnas ...

Com o passar dos anos nos transformamos em guerreiros. Sofremos juntos e saímos vivos de uma tragédia chamada separação. Elen foi nossa mãe por tantas vezes...

E caminhamos, nos tornamos adultas, seguimos os caminhos possíveis...

Me tornei mãe muito cedo e minha irmã tornou-se mais que uma companheira. Aprendemos juntas os cuidados que a nossa Victória exigia.

Já fomos "irmãs barrigudinhas", "peruas", "à loca" e hoje, de duas somos cinco (Eu, Elen, Vi, Ju e Sofia) e mais um homenzinho para dar o toque final, o Mauricio.  

Moramos longe, nos vemos apenas em feriados e férias. Mas toda distância não separa nossas longas conversas sobre maternidade, casamento, dificuldades e alegrias.

Hoje, Elen faz 41 anos. Inacreditável...ninguém é tão linda aos 41 como ela!

Elen é mulher linda, talentosa, uma mãe com uma paciência infinita, uma parceira de risos sem igual.
É possuídora de um talento único: ela abre a boca e mostra o que está comendo. Um dia ficará muito famosa por essa façanha! 
Ela continua recusando o empréstimo dos talheres, continuamos rindo das palhaçadas da Vivi, vendo semelhanças entre a Sofia e a Ju, aprendendo com o Mauricio o mundo masculino, reclamando (em off) e rindo das habilidades que nossa mãe possui com o  computador. Ela também continua reclamando do meu hábito de dar uma coisa e pedir de volta (sim, ainda aguardo minha máquina de costura) e tirando fotos e mais fotos.

Continuamos irmãs, companheiras. Hoje não precisamos de roupas iguais, aprendemos que existem semelhanças em nossas almas que carregaremos para sempre.

Minha querida, quero deixar aqui o meu agradecimento público por você fazer parte da minha vida, da vida dos meus filhos.

Veja, o caminho trilhado, apesar dos pesares, é um caminho que fizemos com nossos passos. Pode não ser tão perfeito como sonhamos ou merecíamos, mas é um caminho de verdade, é nosso.

Amo você. Feliz aniversário!


"Arranjei uma pequena cascata, algumas montanhas verdes, ótimos vizinhos inexpressivos. Restava-me entoar hinos à paz e repousar. Mas ando de um lado pra outro, dentro de mim, as mãos abandonadas, pronta pra inventar uma tragédia russa, pronta pra criar um motivo que me acorde... horrível. Estou tão vaga, tinha vontade de fazer um embrulho de mim, com papel de seda, lacinho de fita, e mandá-lo pra você. Aceita?”
 (LISPECTOR)




domingo, 20 de fevereiro de 2011

Olhar de "adevogada".



Bueno, o povo da minha província acha que sou "adevogada" e me procura para contar "causos" ou "me consultar".

Sexta eu ouvi essas pérolas:


"- Fui descontar um cheque e ela estava assustado."


"- Meu irmão ganhou uma ação por usucampeão e tá rico."


Respiro, sorrio e explico que não sou "adevogada"...sou apenas uma estudante de criminologia...ufa!



Olhar para cannabis

 
Cidade pacata, índice criminalidade baixo, bom para o soluço, chá delicioso... 



                   (by face da Dani)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Meu olhar.


Nada te posso garantir - eu sou a única prova de mim.


(C. Lispector)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Coisas de Mauricio.


Na terça o Mauricio acordou chorando e eu fui perguntar o motivo das lágrimas.

- Antes de dormir eu pedi para o papai do céu para virar um Zoboomafoo* e ele não me transformou. Mãe, eu continuo um Mauricio.

rs...é o que sempre digo, entre querer e poder há uma grande diferença!!





*Zoboomafoo é uma série canadense, de cunho educacional e voltada para o público infantil, que fala sobre o reino animal. O programa é apresentado por dois irmãos e um Lêmure, o Zoobo (ver foto).




**Érica, a que pedindo para ser transformada.




quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Olhar de sobrevida



E tenho fingido que vivo...muitos acreditam...



**Érica, a que sobrevive. 


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Olhar para o saco.


"Não sei quanto às outra pessoas,

mas quando me abaixo pra colocar os

sapatos de manhã, penso,

Deus Todo-Poderoso, o que mais agora? "

(Bukowski)




**Érica, a que anda cheia de perguntas e de saco bem cheio.
... aquele abraço meu irmão!



Olhar para bens e sentimentos inalienáveis.



Na minha casa em POA tenho uma parede com diversas fotos de pessoas que amo. Entre elas há uma frase de Quintana: "Há bens inalienáveis..."

Fiquei pensando que além de pessoas inalienáveis existem sentimentos inalienáveis.

...

Pensando melhor, acho que você pode ficar com tudo na partilha. Te dou minha alma, meus sonhos, esse corpo cansado...leva...é tudo seu!




**Érica, a que ainda é possuidora de um bem: seu coração. 





segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Olhar para o tempo exato.



Mas sem ansiedade: o tempo que temos, se estamos atentos, será sempre exato.


(Caio F. Abreu)




**Érica, a que tem aprendido que o querer necessita
de tempo para poder virar realidade.
    E ela espera, sem pressa...



sábado, 12 de fevereiro de 2011

Para embalar o finalzinho de semana.

...




Quero, um dia, dizer às pessoas que nada foi em vão...

Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a

vida é bela sim e que eu sempre dei o melhor de mim...

e que valeu a pena.

(Quintana)


**Érica, a que acredita, sempre.



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Olhar para o meu nome.



— Alfa é meu nome — disse.

E ele perguntou:

— Esse é teu nome de guerra?

E ele respondeu:

— Não. Esse é meu nome de paz.




**Érica, esse é meu nome de guerra, de paz,
 de risos, choros, alegrias...essa sou eu.





Olhar para Peter Pan.



Sempre gostei da história do Peter Pan, o menino que não queria crescer.

Quem não gostaria de ser criança para sempre?
Quem não gostaria de ser Peter Pan?

Um menino lindo, de sorriso fácil, valente, inteligente, audacioso, livre, livre!
Peter tinha o mundo em suas mãos, o mar, sereias, um Capitão Gancho para animar sua vida, o pó mágico para voar, uma fadinha (Sininho) para massagear seu ego e alguns meninos perdidos para lembrá-lo do quanto ele era especial.

Era não, Peter é e sempre será muito especial.

Mas Peter não queria crescer!

Queria continuar voando, liderando seus meninos perdidos, queria os elogios sem fim da Sininho, queria voar pelos mares, aproveitar sua liberdade, fazer e falar tudo o que pensava, queria continuar seduzindo as mais belas sereias, queria o Capitão Gancho na sua espera, para provar e mostrar toda sua valentia, suas façanhas..., queria continuar mostrando para Wendy e seus irmãos todos os encantos do 'não crescer'.

Mas Wendy, apesar de todo amor por Peter, partiu, levando seus irmãos e os meninos perdidos para o mundo real.
Um mundo onde é preciso crescer, aprender o significado da palavra responsabilidade, que é prima-irmã de tantas outras.

É que Peter esqueceu que suas necessidades, seu mundo, seus risos não eram tudo.

Peter esqueceu que todo o encanto da Terra do Nunca não pertencia exclusivamente por ele e sim, pela generosidade de todos que o acompanhavam, que relevavam seus erros, que admiravam suas qualidades - parceiros de aventura.

Peter esqueceu de aprender o significado da palavra alteridade.   

Desculpe Peter, mas não tenho vocação para ser a Sininho. É que sou feita de carne e osso.

com carinho,

sua sempre Wendy.



** Érica, a que continua sendo Érica.






quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Olhar açucarado.


Tenho colocado um bocado de açucar em cada novo amanhecer.
Nada de adoçantes, gostos artificiais. Açucar e mais açucar.
Retiro lentamente os cristais açucarados e coloco-os com toda delicadeza.
Ontem faltou uma colherada, hoje coloquei em excesso, mas amanhã eu acerto o ponto!!
Tá servido(a)?



Uma colherada de açucar para hoje...


Da Casa Própria, Quintana.

"Era uma vez duas pulguinhas que passaram a vida inteira economizando e compraram um cachorro só pra elas."


**Érica, a que não economiza no açucar.





Roberto DaMatta no Roda Viva.

Olhar para os atos.


"Estás enganado, se pensas que um homem de bem deve ficar pensando, ao praticar seus atos, sobre as possibilidades de vida ou de morte. O homem de valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se eles são justos ou injustos, corajosos ou covardes."

(Platão)


**Érica, a que tem medo do homem de bem.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Olhar para os livros.






"Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.
De fato, as leituras da juventude podem ser pouco proveitosas pela impaciência, distração, inexperiência das instruções para o uso, inexperiência da vida. Podem ser (talvez ao mesmo tempo) formativas no sentido de que dão forma às experiências futuras, fornecendo modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escalas de valores, paradigmas de beleza: todas, coisas que continuam a valer mesmo que nos recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude."

(Ítalo, calvino, Por que ler os clássicos?)



**Érica, a que vive feliz entre os seus livros.



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Olhar para primeira decepção.


Tenho por hábito perguntar para o Mauricio como foi o dia dele no colégio. Antes de contar o diálogo de hoje devo lembrar que Mauricio 'namora' Maria Fernanda desde o primeiro maternal, ou seja, há três anos. Em todas nossas viagens ele faz questão de trazer um presente, não esquece Natal, aniversário, faz desenhos exclusivos para ela e diz que ela é a menina mais linda do mundo. "Ela usa trancinhas mãe!"


- Mauricio, como foi o seu dia no colégio filho?

-Hoje mãe, na aula de música, a Maria Fernanda disse que não quer mais ser minha namorada. Ela quer namorar o Dudu.

Os olhinhos se encheram de lágrimas e ele continuou:

-Eu falei para ela que não é certo prometer e não cumprir, não é assim mãe?

- Ôh meu amor, isso acontece com todo mundo. 

-Já aconteceu com você mãe? Você prometeu um amor e amou outro.

-Já querido, é assim mesmo, mas depois aparecerá uma outra menina linda para você gostar.

-Não sei se vou gostar. Acontece com todo mundo mesmo?
 
-Sim, meu amor.

-Quem sabe ela ama o Dudu e depois pensa melhor e vê que de verdade eu sou o amor dela.



...meu pequeno homenzinho descobrindo o amor.



**Érica, uma mãe com o coração na mão.




Olhar para os meus lucros.




Mauricio:

-Mãe, olha que ventilador lindo na planta!  (leia-se beija-flor)

-Mãe, liga o ar pq eu tô suspirando de calor.  (leia-se transpirando)


Victória e eu na aula de yoga:

Professora pedindo para prestarmos atenção no corpo, sentir o corpo, conversar com o corpo...

-Mãe, tô contando piada para o meu corpo...


Julia contando que alguém precisou de um atendimento de urgência:

-Mãe, tiveram que chamar duas shamu. (A baleia?   - leia-se SAMU - sistema de atendimento de urgência)




** Érica, a que têm lucros reais e risos garantidos 



domingo, 6 de fevereiro de 2011

Olhar para Érica.



Ando tão desinteressada de tudo. E desinteresse não é sinônimo de tristeza.
DESINTERESSADO...destituído de interesses ou lucros. Sábio Aurélio!!
É um desinteresse manso, como diria Clarice, uma completa e pura falta de interesse.
Não ando interessada em lugares cheios ou da moda, em filmes ou livros que todos estão lendo, em carros, umbigos, relacionamentos, problemas alheios, cartões de visitas, famílias margarinas, fotos das viagens maravilhosas, o restaurante X ou Y, o novo complemento no Lattes...
Ando interessada no sorriso dos meus filhos, na brisa, no barulho da chuva que cai lá fora, no luar, no encanto do livro que escolhi para me fazer companhia, em uma dezena de pessoas (no máximo) feitas de carne, osso e coração, no rabo 'feliz' do meu cachorro, em conversas curtas e prazeirosas, em um bom café, uma música para alma e um pouco de silêncio...


**Érica, a mulher destituída de interesses e lucros.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Para embalar o final de semana.

Olhar das palavras.


Há ocasiões em que as palavras não servem de nada, quem me dera a mim poder também chorar, dizer tudo com lágrimas, não ter de falar para ser entendida.

(José Saramago)


**Érica, a que não têm palavras e nem lágrimas.




Olhar para jogos.



Nunca gostei de brincar de pique-esconde, de jogos demorados e com parceiros de brincadeiras que se achavam expertos demais.
Sou observadora, calculista, rápida e poucas brincadeiras despertavam o meu interesse.
Fui uma menina que acabou com muitos jogos. Metia minhas mãos no tabuleiro, embaralhava tudo e saía feliz da vida. Meu saco era pequeno demais para brincadeiras sem fim.
Melhorei com o passar do tempo. Aprendi toda delícia em deixar o tal jogador experto 'ganhar' por algum tempo. Embaralhar o tabuleiro requer prazeres, movimentos certos e saber o momento exato para o movimento das mãos. É uma arte para poucos!
Continuo jogando, mudando peças com toda paciência que meus 35 anos permitem e me deliciando com a experteza alheia.
Mas cuidado com minhas mãos, não aviso quando o jogo irá acabar. Eu acabo e fim!


**Érica, a que anda sem saco para jogos.




quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Olhar para Raimundinho.



Raimundinho nasceu da mega ideia da minha mãe em comprar uma chocadeira para fazenda.
Ele foi o primeiro bebê!!
Hoje ela é 'possuidora' de 15 filhotes de galinhas que vivem em sua dispensa. Foi uma mega ideia mãe!!
Voltando ao Raimundinho, coisa mais querida, ele chegou no ano novo, para alegria de todos.
Minha irmã o adotou nos primeiros dias de vida. Vivia com Raimundinho no colo. No entanto, ela precisou partir e Raimundinho tratou logo de adotar minha mãe. Logo, virei irmã de Raimundinho!!
Segundo minha mãe, eu sou "tatinha" do cachorro ultra-ciumento dela, dos gatos e todos os milhões de bichos que ela possue.
Raimundinho está enorme e Mauricio é o seu companheiro de nado. Todos os dias lá vão eles para piscina aproveitar o sol das manhãs. 
Na próxima semana Raimundinho vai mudar de casa...ele virá morar na minha!!










Olhar de ano novo.


Feliz Ano Novo!
Sim, hoje começa o ano pelo calendário chinês.
O ano de 2011 será regido pelo coelho. Ligado à lua, o coelho simboliza a felicidade e a sorte e promete trazer calmaria.
Segundo o horóscopo chinês o ano de 2011, orientado pelo coelho, nos deixará com os olhos bem abertos e atentos a tudo o que acontece em nossa volta. Nada passará despercebido. Estaremos muito mais responsáveis graças ao coelho.
No domingo iremos ao templo budista Zu Lai para participarmos das comemorações do novo ano.
Aproveite o dia! Faça seus pedidos, sua orações, suas promessas...  



**Érica, a que começa 2011 cheia de esperança e um sorriso nos lábios.
Namaste!




quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

E por falar em mar...


"Contemplando Gaia (mãe natureza) apreendemos coisas nossas, como por exemplo: em noites de lua cheia, as marés ficam mais fortes, mais expressivas em suas arrebentações na praia, isto é uma lei natural, sem cientificidade alguma, apenas fruto do olhar..."



**Albano meu companheiro no alvorecer e no entardecer, sempre junto ao mar.




Olhar para Victória.



Olhar para rainha do mar.




Hoje é dia de Iemanjá. Dia de vestir azul e saudar a rainha do mar!






"O oceano está em todas as partes do mundo, tanto une quanto separa as nações. Do pólo norte ao pólo sul, o mar é símbolo de uma mística qualquer, em todas as crenças. Mesmo quem não acredita em nada gosta de olhar o mar e se acalma. O mar tem esse efeito calmante, mas a fúria do mar ninguém acalma. O oceano representa também o infinito, aquilo que não tem tamanho, não tem comparação" (Mãe Stella, ,74 anos e 60 de candomblé)




terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Olhar para hoje.





**Tom fez essa música pra mim... 


Lançamento do livro Criminologia no Brasil.


Dia 02 de março Davi Tangerino, Alvino Augusto de Sá e  Sérgio Salomão Shecaira, que dispensam apresentações, estarão lançando o livro "Criminologia no Brasil".
Agende-se!!
Dia 2 de março, entre 18h30 e 21 horas, na Livraria da Vila da Alameda Lorena, SP.