quarta-feira, 31 de março de 2010

Un casto pandan.


El cinturón de castidad fue una sagrada institución que dio paz a los cruzados, permitiendo a sus mujeres, sin degradantes sospechas, volver las cosas al estado de naturaleza, preservando el valor castidad.

Claro que esto fue gracias a que el cruzado dejó la llave a su mejor amigo.

En el orden jurídico existen ciertos elementos que operan de la misma manera: que dan paz, permitiendo a los obligados, sin inquietantes incertidumbres, tener sus relaciones con naturalidad, preservando el valor seguridad.…queda al lector de este juego algunos enigmas por resolver:

Encontrar la naturaleza del cinturón
Descubrir quien fue el amigo que tuvo la llave
Quién se quedó en eterno cruzado…..

gracias a una llave que nunca se devolvió…


Luis A. Warat
“Derecho al Derecho”, Abeledo Perrot (1970)
(extraído do blog do Warat)

terça-feira, 30 de março de 2010

Depoimento Sem Dano.

Depoimento sem dano de crianças vítimas de abuso é adotado no país
Publicação: 27 de Março de 2010 às 15:30

Brasília - Crianças vítimas de abuso sexual são obrigadas a reviver o que sofreu na hora do depoimento. No Brasil, elas são ouvidas em diversas instâncias. Mas, por meio do depoimento sem dano, utilizado em alguns tribunais de justiça do país, a criança depõe uma única vez e sua fala é gravada.A ideia é evitar o que os especialistas chamam de revitimização da criança. No sistema tradicional é longo o trajeto da criança após a denúncia. O primeiro passo normalmente é o Conselho Tutelar, depois é a delegacia especializada, o Instituto Médico Legal, o posto de saúde, o Ministério Público, a vara especializada ou, quando esta não existe, a vara criminal onde tem que comparecer mais de uma vez.Na nova sistemática a criança fala a um psicólogo ou a outro profissional designado. O procedimento é feito em duas salas localizadas nos tribunais de justiça. Em uma fica o juiz, o advogado de defesa, o promotor e o acusado com uma televisão, por onde é transmitido o depoimento da vítima e na outra fica a criança e o psicólogo.O psicólogo utiliza um ponto no ouvido para escutar as perguntas que o juiz e os demais inquiridores fazem, e transmite as perguntas à criança com uma linguagem adequada, utilizando brinquedos e bonecos. De acordo com levantamento feito pela organização não governamental Childhood Brasil, o método é adotado em mais de 28 países e em alguns está incorporado à legislação.No Brasil, o método começou a ser praticado em 2003, no Rio Grande do Sul, servindo de modelo para os demais estados. No Senado Federal um projeto de lei que incorpora o depoimento sem dano à legislação, foi aprovado no último dia 17 de março na Comissão de Constituição e Justiça.O juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Dr. José Antônio Daltoé Cezar, disse que o trabalho baseia-se na Convenção Internacional sobre os direitos das crianças que assegura a elas o direito de ser ouvida em processos judiciais.O juiz revelou que em sete anos de implantação do depoimento sem dano mais de 2 mil crianças foram ouvidas. “Nossa preocupação maior é com a proteção da criança, mas hoje conseguimos condenar mais também. Em 2009 76% dos ações geraram condenações”,disse.O Tribunal de Justiça de Rio Branco, no Acre, também adota o depoimento sem dano, desde novembro de 2009. Segundo o juiz da 1ª Vara da Infância e da Juventude, Romário Divino, este procedimento permite a humanização do atendimento da criança e do adolescente. “Este tipo de depoimento é menos invasivo e traumático. Ela já está traumatizada e não quer reviver aquele momento várias vezes na frentes de vários inquiridores”, afirmou.Segundo Divino, em abril será criada uma vara especializada em julgar crimes contra a dignidade pessoal de crianças e adolescentes. hoje muitos processos caem na vala comum das varas criminais. O juiz afirmou ainda que um dos casos que mais evidenciaram a importância do método foi o de uma menina de 5 anos que sofria abuso por parte do padrasto. “Ele tocava em suas partes íntimas. Tentamos primeiro o método antigo, mas a menina ficou bloqueada e não falou. Com o depoimento sem dano a criança conseguiu se expressar”.Apesar de ser adotado em várias comarcas do país, o depoimento sem dano não é uma unanimidade. A psicóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Sandra Amorim, considera importante a humanização dos depoimentos, mas salienta que existem equívocos na formato utilizado no país. “Todo depoimento é traumático e falta um acompanhamento depois da audiência. Será ético induzir crianças a constituir provas?, indagou.Ela discorda também da escolha de um psicólogo para ouvir a vítima. “O psicólogo não é um inquiridor, para isso poderia ser preparado outro profissional. O conselho Federal de Psicologia é contra a atuação do profissional nestes termos”, afirmou.O juiz de direito da 4ª Vara Criminal de Florianópolis, Alexandre Moraes da Rosa, faz críticas mais enfáticas ao depoimento sem dano. Para ele, o próprio nome esta errado. “O nome de depoimento sem dano é uma fraude. Não existe depoimento que não cause dano. Estão confundindo o direito das crianças de serem ouvidas com a obrigação de falarem”, destacou.Da Rosa crítica também a designação de uma psicóloga para fazer a inquirição. “Estão terceirizando o trabalho sujo. Quem deveria fazer este papel são os juizes, mas são incompetentes não sabem inquerir. Falta capacitação”, afirmou.Com informações da Agência Brasil.

(enviado por Dr. Alexandre)

Dá-lhe terapia Dr. Alexandre! rs

Cristoy.


Depois dizem que com Religião não se brinca.
O bom desse brinquedo é que se o seu filho o quebrar, em três dias ele se conserta sozinho.
Segundo a embalagem o boneco é " totalmente articulado", ou seja, não é como aqueles bonecos que você compra e ficam pregadões, sem se moverem.
A embalagem ainda diz: "Ouça Jesus falar".
Certamente ele ensina os mandamentos de Deus como: "Não farás pra ti imagem alguma do que está nos céus.." ou então "Vinde a mim as criancinhas... por apenas R$ 49,90!"
Sim. Jesus, o Filho de Deus custa R$ 49,90! O que comprova que Judas nunca foi um bom judeu, pois o vendeu por apenas 30 moedas.
E enquanto a Mattel cobra R$ 70,00 no Max Stell, um boneco que precisa de uma lancha de R$ 40,00 pra fazer uma operação oceânica, a Tales of Glory (fabricante de Jesus) cobra apenas R$ 49,90 num boneco que não precisa de acessório nenhum pra caminhar sobre as águas. Pense nisso na hora de presentear.
Falando no preço do brinquedo ainda, não sei quanto custa os outros apóstolos da coleção, mas o boneco de seu arqui-inimigo com certeza está 16,70 mais caro que Jesus, o Filho de Deus. Faça as contas agora na calculadora do Windows e veja o resultado.
Mas eu ainda acho que o Falcon e os Comandos em Ação são brinquedos mais cristãos que esse aí. Eles sim são verdadeiras réplicas dos cristãos que conhecemos: fazem guerras, atiram... essas coisas...

( extraído do blog do Danilo Gentili - http://danilogentili.zip.net/)

Curso Intensivo de Criminologia.






Daniel Achutti e outros grandes nomes da Criminologia no evento da ESA/ICA, vale conferir!




segunda-feira, 29 de março de 2010

A idade das luzes.

Autor de "Os Três Dedos de Adão", Hilário Franco Júnior diz que a Idade Média "pode explicar muito" sobre o Brasil

Comumente associada ao obscurantismo, a Idade Média (476-1453) é uma época cuja compreensão histórica pode iluminar as origens da civilização ocidental.É o que defende, em entrevista à Folha, o historiador e professor da USP Hilário Franco Júnior. Segundo ele, foi no período medieval que se delinearam as línguas europeias modernas (como o português) e parte relevante das instituições políticas, econômicas e culturais do Ocidente.Franco Júnior, que está lançando "Os Três Dedos de Adão - Ensaios de Mitologia Medieval", diz na entrevista abaixo que a sociedade brasileira também é herdeira do espólio cultural da Idade Média.

FOLHA - Como a Idade Média pode ajudar a entender o século 21?
HILÁRIO FRANCO JÚNIOR - Todo presente histórico é resultado de uma complexa relação com seu próprio passado. Essa é a razão por que a Idade Média nada esclarece sobre a África negra ou a China, mas pode explicar muito sobre a civilização ocidental.Foi naquela época que esboçou suas línguas, o essencial de suas instituições políticas e econômicas, de seus valores filosóficos e artísticos, de seu espírito inquiridor e técnico, de suas ferramentas intelectuais. E, igualmente, o comportamento autocentrado, intolerante, imperialista.
FOLHA - Como esse período histórico nos ajuda a compreender uma sociedade como a brasileira, que ainda não se constituíra naquela época?
FRANCO JÚNIOR - Justamente porque todo presente carrega consigo seu passado, ainda que em intensidade variável a cada caso. Os portugueses que chegaram à América e aqui se instalaram trouxeram uma herança medieval ainda muito viva.O isolamento da colônia, mais institucional que geográfico, fez com que aquela herança aqui se enraizasse e se tornasse seu presente, ao menos em parte, nos séculos 16 a 18.Mesmo as transformações posteriores não eliminaram totalmente aquela herança.Ela precisa ser levada em conta quando analisamos nossa política penetrada de espírito feudal e patrimonial, nossa sociedade carregada de corporativismos, nossa cidadania que distingue mal a coisa pública da coisa privada.
FOLHA - Como alguns mitos da Idade Média sobreviveram ao tempo?
FRANCO JÚNIOR - Mitos, ritos, crenças, costumes não sobrevivem ou morrem ou vivem. Quero dizer com isso que, se algumas daquelas manifestações culturais continuam presentes numa época bem posterior a de seu surgimento, é porque ainda fazem sentido para muita gente. Ainda têm uma função social e psicológica.A ideia de restos culturais foi adotada pela igreja para desqualificar certas práticas que ela julgava ultrapassadas ("superstições", etimologicamente "sobrevivências"), sem poder perceber, por exemplo, que o culto aos santos prolonga o culto aos heróis pagãos.Visto de fora, cultuar um santo é ato supersticioso; visto de dentro, é coerente com o presente que se supõe preparar o futuro da salvação.
FOLHA - Por que a Idade Média é equivocadamente chamada de "idade das trevas"?
FRANCO JÚNIOR - Porque o orgulho pelo próprio presente levou os homens dos séculos 15 e 16 [no início da Idade Moderna] a se considerarem herdeiros diretos e continuadores dos gregos e romanos da época clássica, desqualificando então o período intermediário (Idade Média), que, segundo eles, viveu sem o brilho (idade das trevas) das realizações antigas e modernas.
FOLHA - É em torno da ascensão do cristianismo que se estrutura a sociedade medieval. Seria, portanto, possível pensar em uma estética medieval não atravessada pelo ideário religioso?
FRANCO JÚNIOR - Na medida em que todo grupo e todo indivíduo fazem parte de uma sociedade, mesmo aqueles que se opõem a ela revelam pelo avesso o essencial dela. Várias comunidades heréticas medievais, por exemplo, negavam os valores morais, sociais e estéticos defendidos pela Igreja Católica, mas sua rejeição às imagens era de fundamento religioso.

OS TRÊS DEDOS DE ADÃO. Autor: Hilário Franco Júnior - Editora: Edusp.

Euclides Santos Mendes (Folha, 28/03/2010).

Naufrágios.


Hoje encontrei dentro de um livro uma velha
carta amarelecida.
Rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria…
Eu tenho um medo
Horrível
A essas marés montantes do passado,
Com suas quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e gáveas…
Ai de mim,
Ai de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!
(Quintana)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Juizite.


Da coluna do jornalista Cláudio Humberto, de ontem (24.03.10):

“A frase lapidar é do ministro Gilson Dipp, do STJ, corregedor nacional de Justiça, durante palestra em Lisboa, no Congresso de Advogados de Língua Portuguesa: Juiz tem que ser magistrado e não majestade’.”
(copiado do blog direitoforadolugarcomum)

quarta-feira, 24 de março de 2010

A sabedoria do Salgueiro.

"Opor à força não é a solução, porque a força só pode ser vencida por uma força maior. Então, o que fazer?
Opor a razão uma outra razão mais forte que vencerá nossas razões. Então, o que fazer?
...
Os galhos da cerejeira se partem sob o peso da neve.
Os galhos flexíveis do Salgueiro se inclinam sob o peso da neve; ao chegarem ao solo, eles se libertam suavemente da sua carga e, então, voltam aos seus lugares, intactos.
...
Saber se inclinar para melhor se endireitar, saber se inclinar para permanecer de pé. Vencer o duro e o sólido, ser flexível e tenro como uma água viva.
...
Chegar aqui não é se estreitar, é partir, é adquirir uma dimensão maior. É um crescimento...e aí...manter-se precisamente, ternamente, imóvel.
A postura deve ser ereta, precisa, clara, mas não é a precisão e a retidão dos bancos ou dos postes.
A retidão do Salgueiro é delicada e vibrante.
Firme e fluida, precisa e branda. Sua mobilidade não pode estar terminada. A árvore não está encerrada em seus limites. Por todos os poros, ela desposa o Invisível que a envolve, o Infinito que cunha sua casca. O Ser, a Vida, o misterioso Amante que incessantemente vem se misturar à sua seiva, ao seu sangue...
Tudo isso deve ser vivido, no âmago da postura, em cada movimento.
O primeiro passo é o enraizamento...
Encontrar o eixo imóvel, que nos permitirá abandonarmos-nos aos movimentos do Inspirar e do Expirar.
...
Caminhar a passo de raízes, nem ao longo, nem ao largo.
Caminhar em profundidade, em direção às alturas.
...
Temos as raízes que podemos ter...mas isso também depende do terreno onde as mergulhamos
Alguns têm raízes plantadas em vaso: a árvore será pequena.
Estas raízes estão condicionadas, domesticadas; o terreno herdado é restrito; pertencem à linhagem das estufas, aos lugares fechados, nada de grandes ventos, nada de inverno...Tornam-se, então, árvore comestível, árvore podada: não passam de um produto do seu meio.
O homem só é grande quando sente em suas raízes ter direito à terra inteira.
...
É preciso sentir seus passos mais que o espaço das suas próprias pegadas..."
(Jean~Yves Leloup)

Educação para o próximo milênio - Morin.


Em 1999, o presidente da UNESCO, Federico Mayor, solicitou a Edgar Morin um conjunto de reflexões que servisse para nortear a educação do próximo milênio.

Morin escreveu um texto que depois foi sistematizado no livro "Os sete saberes necessários à educação do futuro."

No livro, o filósofo frânces afirma que o primeiro saber é a compreensão das cegueiras do conhecimento. Para ele, todo conhecimento comporta risco e ilusão. Assim, o educador deve mostrar que o conhecimento não é um espelho do mundo externo, mas uma reelaboração de sinais captados pelos sentidos. Até mesmo a razão pode levar a erros quando se perverte e se transforma em racionalização. Enquanto a razão é aberta, a racionalização é fechada.

Outro princípio é o do conhecimento pertinente. ele se refere à contextualização do conhecimento em contraposição à fragmentação da lógica cartesiana: "O conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em seu contexto para que adquiram sentido".Nessa nova ótica, a união dos conhecimentos, pela transdisciplinariedade, seria a solução para a educação do futuro.

O terceiro conhecimento refere-se à condição humana. Os professores deveriam ensinar diversidade cultural e, ao mesmo tempo, o que todos temos em comum, promovendo uma espécie de consciência global. Segundo Morin, a literatura, a poesia e as artes são fundamentais nesse processo de compreensão da condição humana.

A lógica da separabilidade gerou, entre outras coisas, a consciência de nacionalidade, mas, para Morin, hoje, com o avanço da tecnologia da comunicação, o ser humano vive uma era planetária: "todos os humanos, desde o século 20, vivem os mesmos problemas fundamentais de vida e morte e estão unidos na mesma comunidade de destino planetário". Assim, o quarto princípio é ensinar a identidade terrena.

Outro princípio importante, que tem sido destacado pela teoria do caos, é o da incerteza. Não é possível falar em uma determinação histórica quando se vê o passado em perspectiva.

A escola deve preparar seus alunos para lidar com a incerteza de um mundo em constante transformação.

(Fonte:Filosofia)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Bah!


Bah guris e não é que estou quase adaptada!

É bah pra cá, bah pra lá, trilegal, pila, dez com quarenta... Acho que só falta o chimarrão e confesso que não estou nada animada para experimentar tal bebida.

A diferença do paulista com o gaúcho é imensa.
Andréia escreveu um post (TPM) maravilhoso sobre o gaúcho. Nele, ela diz que gaúcho não fala VOCÊ e sim TU, e explica o motivo:

"Porque VOCÊ quando dito faz a volta no corpo do outro e só ai toca. TU não, TU é na cara, um cuspi no olho do outro, um tapa na testa. "Óh, tu, tu mesmo."

O paulista já chega pegando, beijando, abraçando e gaúcho se assusta com TANTA receptividade!

As mulheres são de parar (como nós paulistas! rs) e os homens tem cara de maus. E Andréia, com maestria, nos ensina novamente:

"Mas nem tudo está perdido. TU também tem tom de pegada, coisa firme. Laça a guria e diz no tranco "É tu que eu quero. Quer ser minha guria?", no alvo! Flechada direto no coração que só gaúcho sabe dar. "

Bueno, algumas coisas não vai dar para experimentar no Sul...rs

domingo, 21 de março de 2010

FEMINANDO O FEMININO.


Elvira tinha trinta e quatro anos. No auge da plenitude feminina, acumulava um filhote de três, um divórcio amigável com um rapaz bem de vida e uma introspecção de mergulhos em apnéia. Resolvida com suas sombras e sobre seu lugar de mulher no mundo, pensou ser pouco nobre esconder os segredos de ser mulher das outras tantas que não o sabiam. Fez uma placa luminosa, pregou anúncio nos classificados e anunciou nas rádios da cidade o inédito curso que se dispora a oferecer: “Como ter um pau menor que o dos homens: reaprendendo a ser mulher”. O curso era intensivo, quase um retiro. Na primeira semana havia mais curiosas (e curiosos) que alunos. O telefone não parava de tocar. Onze mulheres pagaram o irrisório valor cobrado para escutar Elvira, que deveras mais queria dar que receber.
Durante um mês inteiro, aquelas onze mulheres se dedicaram a cumprir os mandamentos de Elvira: enterraram suas raivas culturais contidas e deixaram brotar toda a sensibilidade escondida pela poeira dos novos tempos. Esqueceram da raiva canina de todo dia e perfumaram seus espíritos com lírios cheirando a mulheres jovens. Voltaram a ser mães atenciosas e amigas das filhas, que reaprenderam que às mulheres lhes cabe muito mais que o salto alto e a boca pintada. Também perceberam o engodo histórico: depois da submissão de antanho, a depressão de agora. E agora? O desejo eterno do gozo pela felicidade era impossível na cama redonda dos seresteiros sedutores e na quadrada dos maridos, afinal, nunca chegavam aonde queriam. Elvira ensinou a simbiose entre o ímpeto sexual e a materialização do amor, o equilíbrio das razões sensíveis nos vínculos conjugais, nos namoricos e no que mais se pudesse chamar os relacionamentos.

Das onze, quatro tinham filhos. À essas parecia que o mundo havia se resignificado pela carapuça materna. Essas quatro pobres mulheres substituíram toda doçura de ser mulher para alimentar o projeto de ser mãe. Afogaram as mulheres cheias de ternura que lhes habitavam o espírito para se tornar apenas mães. Às mães seguido lhes passa essa transfiguração conceitual. Elvira arrancou delas essa condição. As outras sete não eram menos pobres coitadas que as outras. Quiçá até piores. Vítimas de seu próprio tempo, em que ser mulher de verdade exigia demais. Não porque tinham que cumprir jornada dupla como mostrava a televisão dos insetos inconscientes, mas porque era necessária alguma nostalgia do feminino, uma visão de que sem a venenosa submissão, aquela mulher morta do passado seria a mais evoluída criatura do presente. Isso e muito mais, Elvira mostrou para suas alunas. Depois todas brocharam. Em cada uma atrofiou o pênis que a história contemporânea lhes outorgou. Ficou pequeníssimo, depois microscópico. Invisível. Sumiu. E no seu lugar nasceu uma flor sem nome.
PFF

Furtado do meu poeta preferido, Paulo Ferrareze Filho.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Perfeito cavalheiro.


Tinha eu acabado de entrar num táxi quando, antes que este se pusesse em movimento, apareceu um homem moço mas de cabelos já grisalhos e parcos, pôs a cabeça dentro do táxi e disse:
- A Senhora se incomoda de dizer para onde vai?
Respondi-lhe que ia para Copacabana. Então ele pediu num tom implorador: deixe eu entrar que salto antes, a essa hora está difícil de encontrar táxi. Eu disse que ele entrasse. Entrou e sentou-se ao lado do chofer. E começou, virado para trás: porque ele era casado, porque era muito feliz, porque não se incomodava que sua mulher envelhecesse, porque era sempre a mulher amada, porque hoje lhe mandara rosas sem ser aniversário de nada, porque... Bem - pensei- este engana sua mulher fartamente.
Eu já estava enjoada de tanto amor conjugal e por causa também do tom ligeiramente fora de foco que ele usava nas suas mentiras não sei por que necessárias. Foi quando meu passageiro disse: eu fico aqui. O táxi parou, ele desceu, botou a cabeça dentro da janela e disse para o meu espanto ofendido:
- A senhora é um perfeito cavalheiro.

terça-feira, 16 de março de 2010


"Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer."
(Quintana)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dor e prazer.


"Ninguém sabe direito qual é a fronteira entre a dor e o prazer: muitas vezes eu penso que é impossível separá-los. Você me dá tanta alegria que chega a doer, e você me causa tanta dor que eu chego a sorrir."
(G.K.Gibran)

quinta-feira, 11 de março de 2010

POA


Finalmente cheguei em POA. O apartamento tá pronto, as aulas começaram, já estou mais localizada...

Bem, não foi nada tão fácil assim.

Mudar de ares deixando o coração em outro lugar não é tarefa fácil. O coração de mãe e esposa tá apertado, doendo, mas tenho tentado chorar baixinho e caminhar devagar.

A saída de Salo da PUC foi outro golpe que tive que digerir. Salo foi uma das razões da minha escolha pelo mestrado no Sul. Um profissional ímpar, uma grande perda.

Nessas horas é que encontramos amigos queridos, colos, palavras de incentivo que não deixaram eu desisitir.

A vida é assim mesmo, cheias de curvas, novidades, alegrias e tristezas.

"Na vida só resta seguir..."

Olhar de amizade - Paulo.


Entre e dúvidas e incertezas acordei com o e-mail do Paulo.

Paulo é um amigo querido, nunca nos vimos, mas nossa amizade vai além de olhos nos olhos.

Sempre digo que as pessoas chegam em minha vida e, assim, foi o Paulo.

Já escrevi sobre ele aqui, mas nada, nada mesmo é capaz de descrever a doçura, a maturidade, a sensibilidade de Paulo.

Meu ombro apoiado no seu e juntos seguimos...

Paulo terminou seu mestrado e fez uma carta de agradecimentos. Como todo poeta, sua carta transformou-se em uma imensa poesia.

Li atentamente, fui saboreando cada palavra, chorei ao ver meu nome e ao ler as palavras deixadas para sua mãe.



PROCURA-SE UM AMIGO, por V. de Moraes.


Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.


E eu, encontrei você. O poetinha diria ainda: "A gente não faz amigos, reconhece-os"

Um bjo, com todo meu carinho.

terça-feira, 9 de março de 2010

Dores do amor.


O amor é algo muito raro de acontecer, de acordo a mensagem de Osho. A relação amorosa é um dos mistérios sagrados da existência. O encontro desarmado que duas reservas selvagens podem expressar uma para a outra. Duas flores secretas que se revelam mutuamente.Uma revelação muito forte, já que se tem que dar tanto através dos sentidos, que as reservas selvagens podem transmitir pelos corpos e as palavras, como pelas coisas que cada um pode roubar do inconsciente amoroso do outro (a zona mais nobre da reserva selvagem, a que unicamente se chega viajando nos silêncios).

No momento em que duas reservas selvagens se encontram desarmadas, um novo mundo é criado, inscrito um devir de diferenças no tempo. Nesse novo mundo, ambos se transformam.Quando alguém consegue amar, já não é mais a mesma pessoa. Juntamo-nos para criar uma relação, e essa criação nos cria como diferentes, (re)cria-nos no mais profundo. Um outro silencioso se apodera de nosso corpo mostrando-lhe o inédito que escondia como uma semente de mostarda (como diria Osho) que o outro do amor impulsiona a crescer.

O encontro de dois mundos selvagens em reserva é algo muito complexo. É a mais complexa das místicas. O lugar mágico mais complexo. Os conflitos que unicamente a magia pode resolver.Os dois que se encontram vêm carregados com um longo passado, geralmente de adições, que resiste a ser desarmado. Ante a cada possibilidade de amor, a armação de defesas tende a crescer, a fortificar-se.No começo de um caminho que leva para o amor, os encontros são periféricos. As reservas selvagens não intervêm, observam a distância.

Quando uma relação cresce em intensidade e intimidade, então as reservas começam a aproximar-se, a encontrar-se mais e mais. Isso pode começar a ser chamado amor.A periferia nunca é uma zona de amor. Quando duas periferias se aproximam, dá-se um encontro entre conhecidos.

A grande maioria das pessoas se engana, confunde os conhecidos com o amor. Uma grande falácia com um triste final, no mínimo, de desilusões.Para amar é preciso encontrar o outro em sua reserva selvagem. Algo duro, que não é fácil, obriga cada parceiro a passar por uma revolução que o transforme, porque se queres encontrar a alguém em tua reserva, terás que permitir que essa pessoa chegue a tua reserva. Tua reserva selvagem terá que voltar a se desarmar, terá que ficar absolutamente desarmada. Algo que traz muito risco.

O amor é doloroso porque nos deixa sem armaduras, vulneráveis, o amor nos coloca no risco, fora dos cálculos, fora dos portos seguros.Podes evitar as dores do amor evitando o amor. Estarás renunciando a viver.

As dores do amor são criativas, levam-te a um maior dar-te conta, transformam-te. Se renuncias às dores do amor, deixas de ser um peregrino. Tua vida deixa de ser um rio que vai até o oceano, transforma-se em um charco estancado. O estancamento narcisista.

Um rio permanece limpo porque flui. O fluir do rio outorga-lhe virgindade. Todos os amantes são virgens.O homem moderno perdeu a coragem de entrar nessa aventura chamada amor. O homem aprendeu a linguagem da ciência moderna, esquecendo-se da linguagem do amor. A linguagem da intimidade que nos envolve, que nos revela o rosto original do outro.

A palavra intimidade, diz Osho, vem do latim intimum. Significa teu centro mais profundo. Esse centro pode ser um cosmos ou um caos (quando estamos desintegrados e não sabemos aonde ir).A intimidade assusta, dá medo, porque o outro pode aproximar-se e descobrir que em nosso centro só existe o caos.A intimidade é permitir que o outro entre em tua reserva selvagem, que te veja ainda nas coisas que tu mesmo não consegues ver.

Amar é mostrar-se vulnerável ao outro com a absoluta confiança de que o outro não tentará aproveitar-se da tua vulnerabilidade para converter-se em teu amo. Essa é a arte do amor, a mais esplendorosa alquimia que pode imaginar-se. O amor é uma arte, a maior da existência, também a mais difícil de praticar. A flor dourada é a mais difícil de criar. O amor como luxo, não como necessidade. Um estado da alma, não um fazer. Meu corpo inunda de felicidade, é o vazio.

Trechos do texto de Luis Alberto Warat.
(extraído do blog TPM)

Olhar de tristeza.


"E eu... eu vago com Quintana, solúvel pelo ar, fico sonhando milagres que não cabem na vida".
(retirado do blog do Paulo, entrehermes.)

domingo, 7 de março de 2010

Para SC.


Tão bom viver dia a dia...

A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos

Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,

Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos

Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:

Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,

Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança

Das outras vezes perdidas,

Atiro a rosa do sonho

Nas tuas mãos distraídas...
(M. Quintana)

terça-feira, 2 de março de 2010


"... E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado..."
(Quintana)