quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Olhar para o outro.


O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute
de maneira calma e tranqüila. Em silêncio. Sem dar conselhos.
Sem que digam: “Se eu fosse você”. 
A gente ama não é a pessoa que
fala bonito. 
É a pessoa que escuta bonito. 
A fala só é bonita quando ela
nasce de uma longa e silenciosa escuta. 
É na escuta que o amor começa.
E é na não-escuta que ele termina. 
Não aprendi isso nos livros.
Aprendi prestando atenção.

R. Alves

**Érica, ela escuta seus silêncios.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sentir...


No primeiro dia de aula, o professor trouxe um vidro enorme:

-Isto está cheio de perfume - disse a Miguel Brun e aos outros alunos. - Quero medir a percepção de cada um de vocês. Na medida em que sintam o cheiro, levantem a mão.

E abriu o frasco.Num instante, já havia duas mãos levantadas.

- Posso abrir a janela, professor? - suplicou uma aluna, enjoada de tanto perfume, e várias vozes fizeram eco. O forte aroma, que pesava no ar, tinha-se tornado insuportável para todos.

Então o professor mostrou o frasco aos alunos, um por um. Estava cheio de água.

Galeano


** olhos necessitam da visão, sempre.


domingo, 27 de novembro de 2011

Olhos fechados...


As melhores coisas da vida são invisíveis.
É por isso que nós fechamos nossos olhos
quando nos beijamos, dormimos e sonhamos.
Cazuza
**   ♪ olhos fechados pra te encontrar
não estou ao seu lado, 
mas posso sonhar...  ♪ **



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Olhar...


Renova-te. 
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais. 
Multiplica os teus braços, para semeares tudo. 
Destrói os olhos que tiverem visto. 
Cria outros, para as visões novas.


C. Meireles



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Olhar para o viver.



Suavidade é o mais persuasivo dos argumentos.

Gaiarsa 



**Érica, ela tenta escutar e aprender 'as suavidades' necessárias do viver.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Olhar do Mauricio.














Meu poema favorito, por Quintana.


As coisas que não conseguem ser olvidadas
continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre
onde as datas não datam.
Só no mundo do nunca existem lápides...
Que importa se - depois de tudo - tenha "ela"
partido, casado, mudado, sumido
esquecido, enganado,
ou que quer que te haja feito, em suma?
Tiveste uma parte da sua vida que foi só tua e, esta, 
ela jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte de tua vida presente
e não do teu passado.
E abrem-se no teu sorriso mesmo quando,
deslembrando deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
- disse, há cento e muitos anos,
um poeta inglês que não conseguiu morrer.

Quintana
 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

...


O que nela se elevava não era a coragem, ela era substância apenas, menos do que humana, como poderia ser herói e desejar vencer as coisas? Não era mulher, ela existia e o que havia dentro dela eram movimentos erguendo-a sempre em transição. Talvez tivesse alguma vez modificado com sua força selvagem o ar ao seu redor e ninguém nunca o perceberia, talvez tivesse inventado com sua respiração uma nova matéria e não o sabia, apenas sentia o que jamais sua pequena cabeça de mulher poderia compreender. Tropas de quentes pensamentos brotavam e alastravam-se pelo seu corpo assustado e o que neles valia é que encobriam um impulso vital, o que neles valia é que no instante mesmo de seu nascimento havia a substância cega e verdadeira criando-se, erguendo-se, salientando como uma bolha de ar a superfície da água, quase rompendo-a... Ela notou que ainda não adormecera, pensou que ainda haveria de estalar em fogo aberto. Que terminaria uma vez a longa gestação da infância e de sua dolorosa imaturidade rebentaria seu próprio ser, enfim enfim livre! Não, não, nenhum Deus, quero estar só. E um dia virá, sim, um dia virá em mim a capacidade tão vermelha e afirmativa quanto clara e suave, um dia o que eu fizer será cegamente seguramente inconscientemente, pisando em mim, na minha verdade, tão integralmente lançada no que fizer que serei incapaz de falar, sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! O que eu disser soará fatal e inteiro! não haverá nenhum espaço dentro de mim para eu saber que existe o tempo, os homens, as dimensões, não haverá nenhum espaço dentro de mim para notar sequer que estarei criando instante por instante, não instante por instante: sempre fundido, porque então viverei, só então viverei maior do que na infância, serei brutal e malfeita como uma pedra, serei leve e vaga como o que se sente e não se entende, me ultrapassarei em ondas, ah, Deus, e que tudo venha e caia sobre mim, até a incompreensão de mim mesma em certos momentos brancos porque basta me cumprir e então nada impedirá meu caminho até a morte-sem-medo, de qualquer luta ou descanso me levantarei forte e bela como um cavalo novo.

(C. Lispector)

domingo, 20 de novembro de 2011

Olhar...

(Chagall) 

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.

Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.

Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu  fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.

E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

- Me ajuda a olhar!

A função da arte/1 - E. Galeano)


sábado, 19 de novembro de 2011

Quem tem medo de SC?

(alunos e orientandos de SC, na UFRGS)

Salve, salve, meu povo!

No país da mediocridade e da vaidade, quem não anda de quatro e abana o rabo incomoda muita gente.

E dizem que evoluímos!!

Bacana mesmo é ser o bacana. O político bacana, o professor bacana, o amigo bacana e assim vai.

Ser pensante, que faz a diferença...ah, esse não dá! Oh, minha cara, se esse professor continuar assim terei que melhorar, colocar literalmente a bunda na cadeira, aprender a pensar. Logo eu? Eu que decorei tudo e hoje sou um respeitável doutor, reitor, coordenador, diretor.

Sabe o que é doutor? É triste ver que na academia, um lugar que deveria ser repleto de coisas boas, inovadoras e nobres, a vaidade e a inveja imperam. Entendo, deve ser difícil se relacionar com alguém como Salo de Carvalho. Coloco-me no seu lugar. Para além da sua genialidade dentro da Criminologia e ciências afins, Salo não está nem aí para este modelo engessado de ensino, para cabelos engomados, discursos prontos, aulas nos moldes tradicionais das instituições, livros dentro dos padrões. 

Enquanto alguns 'enriquecem' com seus livros, Salo disponibiliza suas obras na internet. Autopalestras? Salo diáloga com o público. Aulas no tablado? Salo dá aulas no mesmo piso do aluno. Professor sabe tudo? Salo ensina generosidade. Troca com seus alunos de igual para igual. Ele ensina que o pensar vale mais que o decorar, que ética, compromisso, ideais valem mais que qualquer cargo de merda que se possa ter. Ternos Ricardo Almeida? Salo dá palestras e aulas de calça jeans. 

É, se fosse um habitante engomadinho da terra da vaidade teria medo de SC. Melhor continuar na mediocridade de sempre. Boa sorte, meu caro doutor! 





sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Olhar...


Eu só te poderia dar uma noção do nada se não tivéssemos nascido. 

Agora é tarde, é muito tarde, minha filha...

Ah, deliciosamente tarde!


Meu doce e sempre Quintaninha


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Olhar...


Arranque-me, senhor(a)*, as roupas e as dúvidas. Dispa-me, dispa-me.

E. Galeano


* modificação necessária no texto original.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Olhar (e)terno.


Alice: Quanto tempo dura o que é eterno?

Coelho: Às vezes, apenas um segundo. 


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Caminhar.


Merecemos mais do que ficar juntos 
por termos medo 
de sermos destruídos
 se não ficarmos.

(do filme Comer, Rezar e Amar)

**Érica, ela prefere andar com os pés no chão.

domingo, 13 de novembro de 2011

Olhar da alma.


(R. Magritte)

Mais tarde eu saberia que certas experiências se partilham
 - até mesmo sem palavras – 
só com gente da mesma raça. 
O que não significa nem cor, 
nem formato de olho, 
nem tipo de cabelo, 
mas o indefinível parentesco da alma 

L.Luft

sábado, 12 de novembro de 2011

Olhar real.


O cão chupando manga

**Guiñazu saboreando as delícias da vida.



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Olhar de silêncio.



Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.

Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam conosco nem nos interessam.

Não há perdão nem anistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.

O normal é ser actualizado, produtivo e bem informado. É indispensável circular, ser bem-relacionado. Quem não corre com a manada, praticamente nem existe. Se não tomar cuidado, põem-no numa jaula: um animal estranho.

Pressionados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou por trilhos determinados – como hamsteres que se alimentam da sua própria agitação.

Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo ameaça quem apanha um susto de cada vez que examina a sua alma.

Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arranjou ninguém – como se a amizade ou o amor se 'arranjasse' numa loja.

Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Pensamos logo em depressão: quem sabe terapia e antidepressivos? Uma criança que não brinca ou salta ou participa de atividades frenéticas está com algum problema.

O silêncio assusta-nos por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se observa outro ângulo de nós mesmos. Damo-nos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre a casa, o trabalho e o bar, a praia ou o campo.

Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo para além desse que paga contas, faz amor, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse que afinal sou eu? Quais os seus desejos e medos, os seus projectos e sonhos?

No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos a casa e ligamos a televisão antes de largarmos a carteira ou a pasta. Não é para assistirmos a um programa: é pela distração.

O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de vermos quem – ou o que – somos, adiamos o confronto com a nossa alma sem máscaras.

Mas, se aprendermos a gostar um pouco de sossego, descobrimos – em nós e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente negativas.

Nunca esqueci a experiência de quando alguém me pôs a mão no meu ombro de criança e disse:

— Fica quietinha um momento só, escuta a chuva a chegar.

E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela nos refazemos para voltarmos mais inteiros ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores.

Então, por favor, dêem-me isso: um pouco de silêncio bom, para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.



(Um pouco de silêncio - Lya Luft)



sábado, 5 de novembro de 2011

11/11/11



A luta por uma democracia real apenas começou. Dia 11/11/11 manifestações ocorrerão no mundo todo, em apoio aos cidadãos da Espanha, dos Estados Unidos, da Grécia, da Itália, do Chile e de todos os países que já começaram a se levantar contra a hegemonia de uma minoria em detrimento da maioria. Também será uma oportunidade de mostrar solidariedade às ocupações que se iniciaram desde 15 de outubro pelo Brasil: São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Rio de Janeiro.


Somos contra toda e qualquer tirania, opressão, exploração e abuso de poder. Basta de sermos tratados como mercadoria. Estamos cansados de esperar uma atitude de nossos representantes. Vamos ocupar as ruas e nos juntar ao movimento revolucionário que está acontecendo agora mesmo. Vamos nos unir e resistir. E então dar início a uma nova realidade, melhor para todos nós.








O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética...
O que me preocupa é o silêncio dos bons.

Martin Luther King



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Olhar para Sofia.


Sofia, esse é o nome da minha sobrinha preferida. Sabemos (eu e ela) que não existe outra ou outro sobrinho, mas adoramos essa brincadeira. Ela adora me provocar dizendo que a mulher do meu irmão é a tia preferida. Nem dou bola, sei que sou sua Titi e isso me enche de orgulho.

Hoje o dia é todo dela.  Aqui, uma tia de coração apertado, cheia de ausência sua.

Parabéns, amor meu!