terça-feira, 28 de junho de 2011

Olhar para Raulzito.


Hoje Raul Seixas completaria 66 anos se estivesse vivo. 
Em suas músicas Raulzito transitava com a mesma desenvoltura em temas tão diversos. Ele cantou o amor, o esoterismo, os sentimentos humanos, criticou, berrou e viajou em tantas outras canções.
O poeta que cantava, assim era Raul.





"Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida" 
(Raul Seixas)


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Olhar do gaúcho.


Na minha província os termômetros marcam 14 graus e estamos congelando.

Em Porto Alegre 5 graus e o gaúcho com calor.

É, gaúcho é o melhor em tudo, nem tente concorrer.

Hj, no face, meu amigo Ângelo e Paulo Suliani, me deram outra prova da superioridade do povo gaúcho.

Pq gaúcho é macho até no frio!!



HOJE NA CAPITAL
5 ºC - 12ºC
Leve frio


Paulo:


- Mais um pouco a gauchada até coloca uma camisetinha de manga longa.


- Bom pra fazer um churrasco ao ar livre.


Ângelo:


- Se continuar assim vou tirar as roupas de frio e guardar as do verão, tem que ter umas camisetas de manga longa.


E para fechar com chave de ouro:









É por isso que eu amo essa gauchada!!



Olhar de Mauricio.

(Mauricio com 1 ano)

Estou escrevendo e Mauricio ao meu  lado desenhando nessa manhã fria. Reclamo do frio e ele pula me abraçando forte.

- Passou mãe?

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, eu morro de tanto amor. 


Existe coisa mais gostosa? 







sábado, 25 de junho de 2011

Meu olhar.

(Studio Eletric Art)


Sou muito mais que essas letras, frases e fotos que falam sobre mim. Sou as minhas atitudes, os meus sentimentos, as minhas idéias.

(C. Lispector)





quinta-feira, 23 de junho de 2011

...



Só no ato do amor 


- pela límpida abstração de estrela do que se sente - 


capta-se a incógnita do instante


que é duramente cristalina e vibrante no ar


 e a vida é esse instante incontável, 


maior que o acontecimento em si. 

(C.Lispector)


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Olhar para hoje.



 ♪ ♪ Por isso hoje eu acordei com uma vontade danada 
de mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho 
e desejar bom dia

...me dê a mão vamos sair
Prá ver o sol!  ♪  ♪







terça-feira, 21 de junho de 2011

Olhar para Guiñazu.


Guiñazu, o novo integrante da família.  

El Cholo Loko

Vai encarar? 

ganhando amor da mamãe

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Olhar para falta.


Que suas lembranças não sejam

o que faltou dizer...

(Carpinejar)


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Olhar para TPM...minha loira!

Olhar...


Deixa-me ser o que sou,

o que sempre fui

um rio que vai fluindo...

Toda tristeza dos rios

é não poder parar.

(o sempre meu, Quintana)




quinta-feira, 16 de junho de 2011

Olhar para o (des)amor.

(fotografia do filme Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola)


Por que acaba um casal?


NO DOMINGO passado, Dia dos Namorados, um amigo mandou flores para sua mulher com este bilhete: "Posso ser seu namorado ou continuo sendo apenas seu marido?".

A frase foi bem recebida. É que, para nós, "namorado e namorada" pode ser muito mais do que "marido e mulher". Em regra, nossa cultura romanceia o namoro, mas imagina o casamento como uma tragicômica "tumba do amor".

Na última sexta, na Academia de Ideias de Belo Horizonte, durante um bate-papo com João Gabriel de Lima sobre meu último livro, ao falar de amor e casais, eu propus o seguinte: 1) todos tendemos a amarelar diante de nosso próprio desejo; 2) o casamento nos permite acusar alguém de nossa própria covardia -assim: eu quero fazer isso ou aquilo, mas tenho preguiça e medo; por sorte, agora que me casei, posso dizer que desisto porque assim quer minha parceira; 3) um casal, para valer a pena, não deveria servir para justificar as desistências de nenhum de seus membros; ao contrário, ele deveria potencializar os sonhos e os desejos de cada um dos dois.

Uma mulher me lembrou, com razão, que até esse tal casal que vale a pena pode acabar. E perguntou: por quê?

Existe uma sabedoria popular resignada sobre a duração de um casal. Os sentimentos do namoro viveriam, no casamento, uma decadência progressiva inelutável. E os casais continuariam unidos mais por inércia do que por gosto.

Alguns dizem que a rotina e a proximidade desgastam os sentimentos. Ou seja, o apaixonamento sempre é fruto de alguma idealização, e de perto ninguém parece ideal por muito tempo. Será que o remédio seria manter a distância para não enxergar as falhas do outro?

Respondo: amar não significa não enxergar os defeitos do outro, mas achar graça neles. Uma amiga perde um celular por semana; ela sabe que uma relação amorosa está acabando no dia em que seu homem, em vez de achar graça na sua desatenção, irrita-se com seu descuido.

Outros acusam o tédio. A novidade (valor mor da modernidade industrial) seria o ingrediente essencial (e, por definição, efêmero) do casal feliz. Ou seja, felizes são só os recém-casados.

Respondo: todos nós, neuróticos, amamos a repetição e a praticamos com afinco. A rotina, portanto, não deveria nos afastar do amor.

Volto, portanto, à pergunta: por que um casal acaba? Levantei a questão no Twitter, e @M_Angela_ Jesus me escreveu que, segundo Anaïs Nin, os casais não morrem nunca de morte natural, mas por falta de cuidados, de atenções e de esforços.

A citação me levou a pensar nos meus próprios casamentos fracassados; não cheguei a resultado algum, salvo o fato de que não deveríamos chamar necessariamente de fracasso um amor que acaba; erigir a duração em valor é uma ideia perigosa, que pode transformar separações bem-vindas e necessárias em processos laboriosos e infinitos.

No meio dessas reflexões, no domingo, fui assistir a "Namorados para Sempre", de Derek Cianfrance, que me tocou fundo, por ser justamente a história de um amor que não é mais possível. Isso, sem que os protagonistas consigam saber por que "não dá mais": nenhum deles é o vilão da crise, e nenhum deles é capaz de dizer o que está errado e deveria mudar para que o casal tivesse uma chance.

A julgar pela idade aparente da filha, o casal do filme dura há mais ou menos cinco anos. Em cinco anos, os namorados que, no primeiro encontro, haviam dançado e cantado na rua, cheios de alegria e de encantamento, transformaram-se num casal de estranhos que se encaram antes de se enxergar.

O que aconteceu? Não há resposta. Essa é a força do filme, que acua cada espectador a se perguntar o que foi que aconteceu a cada vez que ele ou ela amou, e o amor se perdeu.

Não é preciso que haja discordância brutal, traição ou desamor para que um casal se perca. Claro, é sempre possível racionalizar e apontar causas: no caso do filme, ao longo dos cinco anos, talvez ela tenha "crescido" profissionalmente (como se diz) e alimente agora ambições que ele não pode compartilhar porque, para ele, o casamento e a filha continuam sendo as únicas coisas que importam. Pode ser.

Mas talvez o fim de um amor seja um fenômeno tão misterioso quanto o apaixonamento. Talvez existam duas mágicas opostas, igualmente incontroláveis, uma que faz e outra que desfaz.

(Contardo Calligaris, Folha, 16/06/2011)

Olhar para Salo de Carvalho.



Recebi hoje um e-mail falando que "o ilustre advogado e professor Salo de Carvalho" foi citado pelo ministro Celso de Melo.


Ah Sr. Celso, se o senhor tivesse prazer em conhecer Salo de Carvalho poderia saber que ele é muito mais que um ilustre. Ele não gosta que o chame assim, mas Salo é o cara!
Inteligente, sagaz, vai além do conhecimento, mas mais que isso, Salo encanta pelo ser humano que é.
Salo poderia ser uma estrela como muitas que cruzamos pelo caminho, mas não é. É humilde, de uma generosidade infinita.
Vê-lo de jeans entre nós dividindo, compartilhando, pedindo e ouvindo nossas opiniões, é uma das maiores lições de vida que levo comigo. 
Salo é um privilégio na vida de seus alunos. Afortunados que somos em podermos tê-lo como mestre. Mestre que divide, que compartilha, que não precisa de adjetivos, de roupas para ser o cara.

Abaixo segue uma postagem antiga minha que complementa meus dizeres acima. Senhoras e senhores, esse é Salo de Carvalho!


Morin e Salo. Com que roupa eu vou?


Estou lendo alguns textos de Edgar Morin, um dos pensadores mais importantes da atualidade, que tem uma produção respeitável na área da educação e do conhecimento.

Ao ler seus textos, ver a forma com que ele conduz as diretrizes para a educação do próximo milênio, fiz um paralelo do filme “A Experiência”, de Oliver Hirschbiegel, com um evento do ano passado.

O filme alemão nos traz um grupo de pessoas que irá passar alguns dias trancafiado (qualquer semelhança é mera coincidência) para viver a experiência de serem policiais ou presos, em troca de dinheiro.

É incrível o que uma simples roupa pode influenciar no comportamento de algumas pessoas.

No tal evento, quando adentrei no hall do luxuoso hotel, me senti em uma festa com a roupa errada.

Ao meu ver, seminários, congressos deveriam servir para aprimoramento, troca de profissionais e estudantes em determinado assunto. Mas hoje em dia, em tempo de modernidade líquida, se transformaram em grandes "festas".

Ali vemos um desfile de ternos de Ricardo Almeida, sapatos que ofuscam os olhos, bolsas luxuosas, saltos e mais saltos. Ah, e os sorrisos? Dariam um excelente comercial de pasta de dentes.

Ao invés de cumprimentos, somos questionados, primeiramente, sobre nossa ocupação.

Você só dá aula? Meu amigo, se você fosse professor, não diria isso.

Mas é preciso um cartão bacana, com uma titulação relevante abaixo do nome.

Não sei das outras classes, mas falo aqui da nossa classe jurídica.

Voltando ao evento, foi aberto com um projeto social. Sim, isso acalmaria nossa alma. Estamos fazendo algo pelo próximo! Que bonito!

Os meninos, todos de cabeças raspadas, uniformizados, começaram a cantar.

Inacreditavelmente, a platéia, de mais ou menos 500 pessoas, ouviu tudo sem mexer um dedo.

Não pega bem uma classe tão diferenciada demonstrar sentimentos.

Ali, vi que estava no lugar errado. Tive uma vontade imensa de ir dançar com aqueles meninos e esquecer aqueles pobres homens.

No decorrer do evento palestras, digo auto-palestra, de 45 minutos, onde mal se podia respirar.

Doutor fulano, doutor x, doutor y, sempre em seus lindos ternos, dando continuidade ao respeitável evento.

Mas, como ainda existem pessoas de carne e osso, educadores de verdade como diria Morin, chega Salo de Carvalho. Sem terno, nem gravata, veio para um diálogo e não uma palestra. Um verdadeiro show, onde não foi preciso palco e nem fantasia.
 
 


terça-feira, 14 de junho de 2011

Olhar de aprendizado.



"O amor não prende, não aperta, não sufoca.

Porque quando vira nó, já deixou de ser laço."

(Quintana)


Laços...
Andei pensando no medo que vejo em muitas pessoas que não querem criar laços.
Laços de amor, de amizade, laços nos relacionamentos em geral.
Como bem demonstra Quintana laços não são nós.
Aprenda dar laços em sua vida!!



**Érica, ela dá laços com fitas coloridas!! 


Olhar de doação. Dê amor...





segunda-feira, 13 de junho de 2011

Olhar para Santo Antônio.



Não sou católica, mas sou amiga de Santo Antônio. Faça chuva ou faça sol todo dia 13 de junho assisto ao culto para celebrar o dia de Santo Antônio.
Um missa linda, com cânticos, rituais especiais. Talvez ocorra o mesmo em outros festejos católicos, mas para mim é algo especial.
Dia de sintonizar o além do visível, ouvir meus silêncios, agradecer pelo que tenho, fazer pedidos, comer o bolo de Santo Antônio, guardar a medalhinha na carteira, abençoar os pães...
Dizem que é o santo casamenteiro, mas não sei dizer, o conheci de aliança na mão. 
Sempre compro santinhos no dia (tem que ganhar, não pode comprar) para amigas solteiras. É retirar o menino dele e só devolver depois do casório. E não é que já casei algumas delas!!!



sábado, 11 de junho de 2011

Olhares...


"- Por que é que você olha tão demoradamente cada pessoa?
Ela corou:
- Não sabia que você estava me observando. Não é por nada que olho: é que gosto de ver as pessoas sendo.
Então estranhou-se a si própria e isso parecia levá-la a uma vertigem. É que ela própria, por estranhar-se, estava sendo. Mesmo arriscando que Ulisses não percebesse, disse-lhe bem baixo:
- Estou sendo...
- Como? perguntou ele àquele sussurro de voz de Lóri.
- Nada, não importa.
- Importa sim. Quer fazer o favor de repetir?
Ela se tornou mais humilde, porque já perdera o estranho e encantado momento em que estivera sendo:
- Eu disse para você - Ulisses, estou sendo.
Ele examinou-a e por um momento estranhou-a, aquele rosto familiar de mulher. Ele se estranhou, e entendeu Lóri: ele estava sendo. Ficaram calados como se os dois pela primeira vez se tivessem encontrado. Estavam sendo.
- Eu também, disse baixo Ulisses."


(C. Lispector e foto do filme Pontes de Madison, o filme da minha vida!)





Olhar para o amor.


Ah, dia dos namorados!!!

Um dia inteiro dedicado ao amor.

Não importa se o amor é grande ou de um dia, se é amor de perto ou por telepatia...importa apenas o amor...amor e mais amor. 


Amor de namorado, de marido, de amante, de tico-tico no fubá...tudo é permitido!


Denominem o objeto do amor como quiserem...tô pegando, meu marido, meu amante, meu ficante, meu rolo, meu homem, amore, benzinho, meu nego, meu rei...e o amor também...estou amando, estou gostando, estou apaixonada, tô curtindo, ele me dá tesão...tudo é sentimento!  

Por favor, não me venha com explicações ou me dizer que é uma data para o consumo.  Há um clima de amor no ar e daí tudo é válido, inclusive o consumismo. Vale beijo, bilhete melado, presente verdadeiro, presente comprado, uma mensagem no celular, um pensamento bom, um abraço de alma... 

Ah, não há nada melhor que uma vida acompanhada, um amor correspondido.


"Amar, porque nada melhor para saúde que um amor correspondido"
(V.M) 



(Vinicius e um dos seus amores, Marta)


E quem poderia melhor representar o amor que o poetinha?

O homem que prometeu amar por toda vida passou 40 anos dos seus 67 anos acompanhado de um grande amor. E quase todo o restante igualmente apaixonado. Assim como eu...

Eu e o poetinha...serial lovers.



E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
(V.M)


Feliz dia do amor, para todos!!


**Érica, ela não desiste de amar.



Olhar para o amor.


"Nunca conseguimos explicar o motivo de estar amando. 
Sempre explicamos fácil o motivo da separação. 
Amar deve ser uma sábia ignorância."

Fabricio Carpinejar





das possibilidades do amor...


Está à procura de um amor?

Amor não se acha...eles chegam!



sexta-feira, 10 de junho de 2011

Olhar para o amor de mãe.







Qual o maior amor do mundo? O de mãe, é claro. E é verdade. Só que as mães têm uma maneira muito peculiar de amar; acham que para as filhas serem felizes só precisam de duas coisas: proteção e segurança – econômica, claro. Elas conhecem a vida, já passaram por boas e péssimas e sabem que o amor e uma cabana são coisas de romance – nada a ver com a realidade. O pior é que os homens mais interessantes, aqueles que despertam paixões, são, na maioria, pobres. E evidentemente não trabalham, porque têm mais o que fazer. Como trabalhar se têm que ir à praia, fazer ginástica, saber como vão os campeonatos de futebol para poder à noite estar de cabeça fresca dizendo que passaram o dia pensando no momento em que iriam encontrá- la? Como perceber que ela emagreceu, que o vestido é novo se trabalharam o dia inteiro? Sinceramente: um homem sério, que passa a vida cuidando de cálculos, taxas de juros, vai notar que ela fez três mechas no cabelo? Mas é disso que mulher gosta, e é por esses que elas costumam se apaixonar.

As mães vão ser contra, sempre, por amor, é claro. E, quando aparecer um bom rapaz, de boa família, trabalhador, é a favor dele que vão ficar, por amor, é claro. Esse faz tudo direito: é gentil e lembra todas as datas. Já o outro faz com que a filha às vezes se desespere, mas basta um “vem cá meu bem” para ela esquecer tudo que ele aprontou, enquanto o outro dá a impressão de que nunca vai fazê-la sofrer. É disso que mãe gosta, com toda razão. Não adianta tentar explicar que não sente um pingo de emoção quando o vê e que preferiria morrer virgem, se virgem fosse, a dormir na mesma cama com ele. Que mãe que entende isso? Não dá para contar a uma mãe extremosa que, quando o outro chega e passa a mão na cintura dela, dá aquele aperto e diz, baixinho, “gostosa”, ela se arrepia toda. Que ela prefere esse momento a qualquer iate, a qualquer viagem, com direito a comer trufas brancas na Toscana como se fosse farofa. Ah, nenhuma mãe entende isso – porque as mães se esqueceram de quando eram jovens. Não que não tenham memória – têm, sim. Mas se lembram de que, quando preferiram o amor à tal da segurança, um dia o amor acabou; e quando preferiram a segurança ao amor se lembraram com saudades do outro, aquele. Elas só se esquecem de que experiência não se transmite e de que qualquer casamento com qualquer homem pode dar certo ou errado.
Mãe quer, entre outras coisas, um pouco de tranquilidade. Se a filha escolhe um bonitão irresponsável, sabe que vai sobrar para ela, que está cansada de passar noites em claro imaginando onde está a filha. Mãe ama os filhos, mas prefere vê-los ligados a pessoas sérias, com quem possam dividir a responsabilidade, e dormir as noites em paz. As filhas não sabem que mãe, além de amar, também precisa de um pouco de sossego.
Mas, quando essas filhas crescerem e tiverem os próprios filhos, vão pensar e agir exatamente da mesma maneira. Então, e só então, vão entender.
(Danuza Leão)


Psiu...


Um pouco de silêncio
Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.
Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam conosco nem nos interessam.
Não há perdão nem anistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.
O normal é ser atualizado, produtivo e bem informado. É indispensável circular, ser bem-relacionado. Quem não corre com a manada, praticamente nem existe, se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho.
Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou em trilhas determinadas – feito hâmsteres que se alimentam de sua própria agitação.
Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem leva um susto de cada vez que examina a sua alma.
Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arrumou ninguém – como se a amizade ou o amor se "arrumasse" em loja. Com relação a homem pode até ser libertário: enfim só, ninguém pendurado nele controlando, cobrando, chateando. Enfim, livre!
Mulher não. Se está só, em nossa mente preconceituosa é sempre porque está abandonada: ninguém a quer.
Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Pensamos logo em depressão: quem sabe terapia e antidepressivos? Uma criança que não brinca ou salta ou participa de atividades frenéticas está com algum problema.
O silêncio nos assusta por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos. Nos damos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre a casa, o trabalho e o bar, a praia ou o campo.
Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo para além desse que paga contas, faz amor, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse que afinal sou eu? Quais os seus desejos e medos, os seus projetos e sonhos?
No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos a casa e ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou a pasta. Não é para assistirmos a um programa: é pela distração.
O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de ver quem – ou o que – somos, adia-se o defrontamento com a nossa alma sem máscaras.
Mas, se a gente aprende a gostar um pouco de sossego, descobre – em si e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente negativas.
Nunca esqueci a experiência de quando alguém botou a mão no meu ombro de criança e disse:
— Fica quietinha, um momento só, escuta a chuva a chegar.
E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela a gente se refaz para volta mais inteiro ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores.
Então, por favor, me deem isso: um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.

(L. Luft)



**Érica, em épocas de tempestade ela silencia.