sexta-feira, 4 de março de 2011

Olhar de carnaval.



Carnaval chegando...bueno, o clima aqui não tá pra carnaval, mas como diria Zeca Pagodinho: "deixa a vida me levar, vida leva eu..." Melhor dar um perdido na folia e seguir seguindo, tá ligado?

Negócio é o seguinte brother, senta que a parada hoje é sobre esse acontecimento chamado carnaval.

Não falo do carnaval em clubes, cidades pequenas...eventos em extinção. São tão deprimentes que o melhor é ficar em casa. E nem mesmo dos carnavais com suas boquinhas da garrafa, axé music (nada contra, amo Ivetão!) e outras pérolas carnavalescas.

 ♪♪ vou não, quero não, posso não,
 minha mulher não deixa não,
não vou não, quero não ♪♪ 

 (aqui em casa "minha mulher" foi substituída "por minha mãe")


Falo do carnaval de verdade, aquele feito no Rio de Janeiro. São Paulo que me desculpe, mas samba quem faz é o carioca. 
Ok, tenho lá meus senões com os cariocas. "Um pouco folgado demais" para minha paciência paulistana, mas nada é perfeito...que me perdoem os cariocas! 

 ♪♪ O Rio de Janeiro continua lindo ♪♪

Na outra vida quero nascer no Rio de Janeiro. Não pela cidade maravilhosa, bailes funks (eu ainda vou em um quebra barraco dos bons! Sim, tenho meu lado popozuda.), um Fla x Flu e todas suas delícias, mas pelo samba. 
  
♪ Alô Rio de Janeiro
Aquele Abraço!! 

Nessa época do ano é possível acompanhar todos os preparativos para o carnaval. Uma comunidade inteira reunida. Nos dias de desfile não há lugar nas arquibancadas. Mãe, avós, filhos, cantam o hino da sua escola, choram, riem, sambam...de encher os olhos de qualquer um!! 

 ♪♪ Quem não gosta de samba bom sujeito não é.
É ruim da cabeça ou doente do pé. ♪♪ 

E se minha mãe estiver correta eu tô feita. Ela garante que existe uma outra vida e é aí que eu entro sangue bom.

Uma pena gravidez durar apenas nove meses! Eu queria mesmo é ir para avenida na barriga da mamãe e nascer em noite de carnaval.
Nascida no samba...que privilégio!

Iria para os meus primeiros ensaios aos dois anos. Biquini bordado de lantejoulas e muita pedraria, coroa na cabeça e meu sambinha no pé. Igualzinha aquelas meninas da reportagem do jornal de ontem - que inveja!

Aos sete anos seria coroada rainha mirim da bateria da escola. Iria ao lado daquela que eu substituiria uma dia.

Viveria o carnaval 365 dias por ano. Sonharia com o enredo, com o Negrinho da Beija-Flor gritando: "Olha a Beija-Flor aí, gente.. . chora cavaco", mesmo eu não sendo da Beija-Flor. E percorreria todos os cantos da quadra na procura do cheiro, dos brilhos, dos tecidos, dos carros alegóricos, da "minha bateria"...

Ah, os ensaios! Ficaria até altas horas sambando, sambando, sonhando...aprendendo diferenciar cada nota do caixa, do repinique, do surdo e da cuíca. 

Não, nessa outra vida não teria sonhos universitários ou qualquer outra maluquice. Por favor, não me recriminem por isso. Lembra que essa é continuação daquela? Saldo quitado nessa "vida presente" e na outra poderei me dar ao luxo de ser quem eu quiser. 

Profissão?  PA SSIS TA!!! 

E quando meus vinte anos chegarem eu finalmente serei rainha da bateria.
Terei uma daquelas bundas que eu vejo na televisão. Não é bunda de atriz da Rede Globo, é bunda de verdade. Bunda moldada no samba. Se bem que só em nascer no Rio já ajuda muito. Parafraseando o poetinha: as feias que me desculpem, mas carioca é carioca! Vá nas praias do Rio e saberá o significado de mulher gostosa.

Voltando para a bunda...
No ano passado tinha uma passista no programa do Huck (ok, eu também assisto Caldeirão do Huck) com a bunda mais linda que eu já vi. E não me confundam, vocês sabem que eu gosto daquilo que balança. Mas na real, se eu tivesse uma bunda daquelas...meus problemas estariam acabados.

Mas nada de lamentações, na outra vida eu terei uma :) e seguirei feliz da vida o meu reinado.

E por falar em reinado...
Mulher de princípe, anel de pedra azul, souvenirs com foto dos noivos, festa cheias de frescuras...que porra é essa? Meu reinado é que o negócio, tá ligado mermão?!

Infelizmente toda majestade um dia perde seu reinado, aqui para gravidade,  e assim, aos quarentinha eu entraria para ala das baianas. Roupas brancas, evocando a força das mães de santo, minha mãe Janaína e lembranças dos escritos do Jorge (meu)Amado. E rodopiaria, rodopiaria...

Com o passar dos anos chegaria na velha guarda.
Quem sabe D. Vida, nessa minha nova vida, tenha sido ainda mais generosa, e além de uma vida no samba, ela  tenha brindado (escrevi blindado duas vezes, Freud explica) com um amor tipo Cartola e D. Zica? Iria para avenida cercada de filhos, netos, todos criados no macarrão e feijão preto. Eu seria um orgulho para comunidade, um patrimônio da escola. E quando chegasse meu momento de partir para outra vida (minha mãe também garante  que temos várias - tipo vida de gato) seria embalada e não velada, ao som do samba enredo da minha escola do coração e partiria, já com vontade de voltar.

É, vou caminhando e cantarolando Chico:


"Estou me guardando pra quando o carnaval chegar!"






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