domingo, 8 de agosto de 2010

Divas.

"Qdo Leila sorria debruçada na varanda de sua janela, todas as calçadas floriam e iam encantadas ao encontro dela. Com seu jeito Diniz ela dizia o q uma geração queria. Sabia q seu sorriso debochado acendiam labaredas, tanto na meninada a desfilar sem camiseta em suas romisetas; como nos enfurecidos fardados, q escondidos nos porões de seus "senões" batiam incontinentes, bizzaras e doentias punhetas.

Imperatriz de bambas. Rainha e navegante em tantos olhares, mares entre a Holanda e Espanha. Qdo abria seus braços apontados para todos os lados, descortinava os espaços e paria a esperança com seu sorriso criança. Rebolando a bunda para os prantos arrastou a banda lá para as bandas de um cinema novo. Dando goles on the rocks em botecos e telecotecos quebrava ovos, conceitos e tabus.

Do mesmo jardim floresceu um mar de Maysas botando fogo em embriagantes saltos altos, misturando lamentos e dores às alças de uma melodia decotada negra e sedutora. Joana D’arc tupiniquim. Solo macunaima de uma Luz Del Fuego ilhada e nua. Manifestos em blues de um desfraldado pavilhão azul. Luz divina a provocar estragos em sua Cachoeiro de Itapemirim.

Ângelas a rodo ronronaram desejos a gogo. Anjo de asas e ousadias. Cobaia de deuses e canções q despertavam o dia, cobras e lagartos, em alto e bom som nas calçadas do baixo Leblon. No outro lado uma garota desfilava um corpo ao sol de Ipanema, acompanhada por demônios a dançar sonoros e afinados tons.

Liras e Laras. Loucas e lúcidas. Santas e Claras padroeiras de viços. Novas e nascentes. Reluzentes patrícias Pagu. Indias tupis. Indiras grandes. Evoé luz Benazhir. Vozes protestantes de incognitas Marias. Callas q atravessa o tempo e não se cala. Verdes falas q empolgam Olgas em canas caianas.

Mares escuros de confusas marianas. Gritos a percorrer hemisférios. Ecos tentos ao relento das ruas de Ruanda. Africas embriagadas em festa. Balas perdidas. Tiros na testa de uma América descoberta na surdina. Sakineh apedrejada em seu direito de se sentir amada.

Tantas frutas tolhidas nas raizes de sua ternura. Abrupta força bruta q as mantêm de pé. Todos os dias renascem banhadas nas águas de desejos igarapé. Doces femininos estandartes. Suculentos tachos de sabor umbu.

Minhas heroínas são assim. Traquinas. Zombeteiras. Esquecem a dor e se vestem com a flor de suas peles. Soberanas em suas zonas. Marujas sem porto ou embarcação. Levadas qdo amadas. Crianças amargas q se vendem sem noção. Vidas a procura de uma razão. Fêmeas dotadas de tal ambivalência, q em nenhuma gramática se encontra explicação. A cátedra nunca será exata, qdo a ciência é simples emoção.

Abençoadas shivas de destemperadas atitudes. Donas de casa e inconfessáveis virtudes. Mulheres comuns a circular pelas ruas a disfarçar amarguras. Trafegam com desenvoltura a invisível extensão de seu universo. Sem a preocupação com o nexo despejam-se em desejos amplexos, nem sempre com passos firmes ou conexos. Pela própria natureza dispensam latitudes. São versadas. Nem sempre letradas. Desabrocham qdo galopam volúpias por sua escancarada gruta. Qdo saciadas dão deliciosas e debochadas gargalhadas putas.

Musas inconclusas. Intimamente inconseqüentes. Carregam seus fardos repletos de sementes. Chutam latas. Reviram chamas. Visitam camas. Gozam lânguidas na lamas. Viscejam em transas quânticas e viscerais. Em suas asas tântricas transportam seus calabouços e animais.

Divas vitais. Mulheres carnais. Mães serviçais. Gueixas em queixas. Guerreiras. Faceiras. Com diabruras enfrentam sem escudos armaduras. Libertas e libertárias. Por vezes libertinas. São capazes de iludir, mas não costumam fugir, qdo seu corpo treme e sua boca geme a vontade de rugir.

Divinas e doces heroínas. Como são lindas e eternas estas meninas!"

(colhi do blog: http://americodosul.blogspot.com/2010/08/divinas-divas-heroinas.html)

3 comentários:

  1. Lindo o texto! Esse autor sabe valorizar uma mulher!! rsrs. Acompanho o blog dele também e gosto bastante de passar por lá!!
    Beijocas amiga querida!

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  2. Faça bom uso. As meninas heroínas merecem...

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  3. Ju, um bjo amada!
    Américo, obrigada pelo texto, pela visita, pelo comentário.
    Um bjo enorme pra vc

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