segunda-feira, 8 de novembro de 2010

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"Senhor, fazei com que eu aceite

minha pobreza tal como sempre foi.


Que não sinta o que não tenho.

Não lamente o que podia ter

e se perdeu por caminhos errados

e nunca mais voltou.


Dai, Senhor, que minha humildade

seja como a chuva desejada

caindo mansa,

longa noite escura

numa terra sedenta

e num telhado velho.


Que eu possa agradecer a Vós,

minha cama estreita,

minhas coisinhas pobres,

minha casa de chão,

pedras e tábuas remontadas.

E ter sempre um feixe de lenha

debaixo do meu fogão de taipa,

e acender, eu mesma,

o fogo alegre da minha casa

na manhã de um novo dia que começa.”
(Cora Coralina - 1976)

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