quinta-feira, 11 de novembro de 2010

...



Eu disse então a ela na cama

depois de voar todo o caminho

até ali

eu disse a ela na cama

em seguida,

”não tem como voltar atrás,

você sabe, é danado

de ruim…”


e era

contudo eu fiquei dois ou

três dias

e então ela me levou

ao aeroporto

o cachorro no

banco de trás

aquele cachorro que tinha vivido

conosco

naqueles poucos

anos.


eu saí

disse a ela

”não entre”,

o cachorro pulou pra cima

e pra baixo,

ele sabia que eu estava indo embora,

assanhei seu pêlo,

ele lambeu em torno

do meu rosto.

que merda.

inclinei-me para dentro

segurando minha mala,

ela me deu um

beijinho de adeus,

então eu me virei e

caminhei para o

guichê do aeroporto

onde o controlador

destacou a

outra metade do meu bilhete de ida

e volta.


“fumante ou não-

fumante?”, o funcionário

perguntou.


“bebedor”, eu

respondi.


recebi meu bilhete de embarque

e caminhei até

o portão

me sentindo mal


por todos

que eu conhecia


que não conhecia


que ia

conhecer.


(“All the Casualties…" - Bukowski - War All the Time – Poems 1981-1984)


 

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