domingo, 24 de janeiro de 2010

A importância da arte.

Blue Flutist, de Marc Chagall

"... existem outras formas de explicar o mundo tão importantes quanto a ciência. Uma dessas formas, ainda um tanto desvalorizada é arte.
Edgar Morin acredita que a arte é um elemento essencial para analisar a condição humana. No livro "A cabeça bem-feita", ele diz que os romances e os filmes põem à mostra as relações do ser humano com o outro, com a sociedade e o mundo:
O romance do século XX transporta-nos para dentro da História e pelos continentes, para dentro das guerras e da paz. E o milagre de um grande romance, como o de um grande filme, é revelar a universalidade da condição humana.
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A valorização da criatividade e da imaginação só aconteceu recentemente. O filósofo Karl Popper, por exemplo, ao observar as pesquisas de Einstein, que considerava o mais importante cientista do século XX, percebeu que toda descoberta desse cientista encerravam um "elemento irracional", uma " intuição criadora".
O trabalho do pensador alemão Thomas Kuhn, ao demonstrar os aspectos sociais e históricos na construção do conhecimento científico, abriu caminho para que a arte fosse resgatada como forma de conhecimento. Afinal, se o cientista é influenciado pelo mundo em que vive, ele também é influenciado pelos romances que lê, pelos filmes que assiste e pelas músicas que ouve.
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A aceitação da arte como conhecimento implica a necessidade de compreender como essa manifestação se desenvolve. Sabe-se que existe um lado racional na produção artística, mas também existe um lado componente não racional e, portanto, difícil de ser verbalizado.
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A arte constantemente não só analisa a sociedade de uma época, como antecipa suas realizações. Exemplo disso são as histórias em quadrinhos de Flash Gordon e Buck Rogers.
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Em 1984, quando os primeiros astronautas passearam no espaço sem estar ligados à nave, muitos se lembraram que a cena era muito parecida com aquela tira de Buck Rogers: havia a mochila e o recuo da arma sendo usado para direcionar o astronauta.
Flash Gordon antecipou o forno microondas, mostrou mil e uma utilidades para o raio laser e antecipou o uso da minissaia pelas mulheres. Mas Flash Gordon não foi só antecipação. A série representou bem um momento da história em que as pessoas tinham total confiança na ciência, na tecnologia e no racionalismo. Essa época ficou conhecida como modernidade.
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No campo da literatura, os romances de Júlio Verne, são exemplos da crença absoluta na técnica e na ciência.
Verne não só antecipou descobertas científicas, como, principalmente, ajudou a popularizar essa forma de conhecimento, inspirando vários cientistas.
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Como diz Edgar Morin:
"...em toda grande obra, de literatura, de cinema, de poesia, de música, de pintura, de escultura, há um pensamento profundo sobre a condição humana."
( Revista Filosofia, número 17)

Um comentário:

  1. Érica, escrevi um monte pra vc e deu problema na hora de enviar. Não vai dar tempo para escrever tudo de novo, mas quero registrar o quanto fiquei feliz ao encontrar vc, através do seu blog, nesta noite chuvosa de domingo, em Teresina, algo atípico. Falava (no comentário que não consegui enviar) da beleza da tua carta sobre sonho e de como foi importante para mim nesse processo de decisão por qual passo. Além disso, adorei este post (o que me fez visitar o blog), pelos autores citados e pela temática (a arte me proporcionou uma linda pesquisa de campo com crianças e adolescentes que trabalham). enfim, uma pena ter perdido o comentário, tinha escrito tantas outras coisas. uma hora eu volto. Achei vc fantástica! Parabéns!

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