segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Morin e Salo. Com que roupa eu vou?



Estou lendo alguns textos de Edgar Morin, um dos pensadores mais importantes da atualidade, que tem uma produção respeitável na área da educação e do conhecimento.
Ao ler seus textos, ver a forma com que ele conduz as diretrizes para a educação do próximo milênio, fiz um paralelo do filme “A Experiência”, de Oliver Hirschbiegel, com um evento do ano passado.
O filme alemão nos traz um grupo de pessoas que irá passar alguns dias trancafiado (qualquer semelhança é mera coincidência) para viver a experiência de serem policiais ou presos, em troca de dinheiro.
É incrível o que uma simples roupa pode influenciar no comportamento de algumas pessoas.
No tal evento, quando adentrei no hall do luxuoso hotel, me senti em uma festa com a roupa errada.
Ao meu ver, seminários, congressos deveriam servir para aprimoramento, troca de profissionais e estudantes em determinado assunto. Mas hoje em dia, em tempo de modernidade líquida, se transformaram em grandes "festas".
Ali vemos um desfile de ternos de Ricardo Almeida, sapatos que ofuscam os olhos, bolsas luxuosas, saltos e mais saltos. Ah, e os sorrisos? Dariam um excelente comercial de pasta de dentes.
Ao invés de cumprimentos, somos questionados, primeiramente, sobre nossa ocupação.
Você só dá aula? Meu amigo, se você fosse professor, não diria isso.
Mas é preciso um cartão bacana, com uma titulação relevante abaixo do nome.
Não sei das outras classes, mas falo aqui da nossa classe jurídica.
Voltando ao evento, foi aberto com um projeto social. Sim, isso acalmaria nossa alma. Estamos fazendo algo pelo próximo! Que bonito!
Os meninos, todos de cabeças raspadas, uniformizados, começaram a cantar.
Inacreditavelmente, a platéia, de mais ou menos 500 pessoas, ouviu tudo sem mexer um dedo.
Não pega bem uma classe tão diferenciada demonstrar sentimentos.
Ali, vi que estava no lugar errado. Tive uma vontade imensa de ir dançar com aqueles meninos e esquecer aqueles pobres homens.
No decorrer do evento palestras, digo auto-palestra, de 45 minutos, onde mal se podia respirar.
Doutor fulano, doutor x, doutor y, sempre em seus lindos ternos, dando continuidade ao respeitável evento.
Mas, como ainda existem pessoas de carne e osso, educadores de verdade como diria Morin, chega Salo de Carvalho. Sem terno, nem gravata, veio para um diálogo e não uma palestra. Um verdadeiro show, onde não foi preciso palco e nem fantasia.

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