sábado, 31 de outubro de 2009

Para Warat, com todo meu amor.


Desejo a você...


Fruto do mato,


cheiro de jardim,


namoro no portão,


domingo sem chuva,


segunda sem mau humor,


sábado com seu amor,


filme do Carlitos,


chope com amigos,


crônica de Rubem Braga,


viver sem inimigos,


filme antigo na TV,


ter uma pessoa especial


e que ela goste de você.


Música de Tom com letra de Chico,


frango caipira em pensão do interior,


ouvir uma palavra amável,


ter uma surpresa agradável,


ver a banda passar.


Noite de lua cheia,


rever uma velha amizade,


ter fé em Deus...


Não ter que ouvir a palavra não nem nunca, nem jamais e adeus.


Rir como criança,


ouvir canto de passarinho,


sarar de resfriado,


escrever um poema de amor, que nunca será rasgado.


Formar um par ideal,


tomar banho de cachoeira,


pegar um bronzeado legal,


aprender uma nova canção...


Esperar alguém na estação.


Queijo com goiabada,


pôr-do-sol na roça...


Uma festa,


um violão, uma seresta.


Recordar um amor antigo,


ter um ombro sempre amigo,


bater palmas de alegria.


Uma tarde amena,


calçar um velho chinelo,


sentar numa velha poltrona,


tocar violão para alguém,


ouvir a chuva no telhado,


vinho branco,


Bolero de Ravel e ...muito carinho meu.


(C. Drummond)


Parabéns meu querido!!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009



Manifesto público Contra o “revide” da Segurança Pública do Rio de Janeiro.

As operações policiais que estão sendo realizadas pela polícia do Rio de Janeiro desde o dia 17 de outubro, após a queda de um helicóptero no morro São João, no Engenho Novo, próximo ao Morro dos Macacos, já têm um saldo de mais de 40 pessoas mortas e um número desconhecido de feridos. É o resultado evidente de uma política de segurança pública baseada no extermínio e na criminalização da pobreza, que desconsidera a vida humana e coloca os agentes policiais em situação de extrema vulnerabilidade. A lamentável queda do helicóptero e a morte dos três policiais não pode servir como mais um pretexto para ações que, na prática, significam apenas mais violência para os moradores das comunidades atingidas e mais exposição à vida dos policiais. Ao se utilizar do terror causado pelo episódio para legitimar ações que violam a lei e os direitos humanos, o Estado se vale de um sentimento de vingança inaceitável. Em outras palavras, aproveitando-se da sensação de medo generalizada, o governo de Sérgio Cabral oculta mais facilmente as arbitrariedades e violações perpetradas nas favelas, como o fechamento do comércio, de postos de saúde e de escolas e creches – além, é claro, das pessoas feridas e das dezenas de mortos. A sociedade carioca não pode mais aceitar uma política de segurança pautada pelo processo de criminalização da pobreza e de desrespeito aos direitos humanos. Definitivamente, não é possível jogar com as vidas como faz o Estado contra os trabalhadores – em especial os pobres, os negros e os moradores de favela – utilizando-se como desculpa a chamada “guerra contra as drogas”. As organizações da sociedade civil, movimentos sociais, professores da rede pública e outros preocupados com a situação que há cerca de uma semana mobiliza o Rio de Janeiro se uniram para exigir o fim das incursões policiais baseadas na lógica do extermínio e a divulgação na íntegra da identidade dos mortos em conseqüência dessas ações. Até o fim da semana, o coletivo fará visitas às comunidades atingidas e se reunirá com moradores para ouvir relatos relacionados à violência dos últimos dias.

Na quinta-feira, dia 5 de novembro, haverá um ato em frente à Secretaria de Segurança Pública, no Centro do Rio.


Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2009

Justiça Global CRP – Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro SEPE - Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação DDH - Defensores de Direitos Humanos Grupo Tortura Nunca Mais CDDH - Centro de defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis Central de Movimentos Populares Projeto Legal Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência Centro de Assessoria Jurídica Popular Mariana Criola PACS – Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul MNLM – Movimento Nacional de Luta pela Moradia Mandato do Deputado Estadual Marcelo Freixo Mandato do Deputado Federal Chico Alencar Mandato do Vereador Eliomar Coelho DPQ – Movimento Direito Pra Quem? Fazendo Média NPC – Núcleo Piratininga de Comunicação Agência Pulsar Brasil Revista Vírus Planetário ENECOS - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social AMARC – Associação Mundial das Rádios Comunitárias APN – Agência Petroleira de Notícias O Cidadão – Jornal da Maré ANF – Agência de Notícias das Favelas Coletivo Lutarmada Hip-hopBloco Se Benze que Dá! - Maré Sindipetro/RJ - Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro Conlutas Intersindical Círculo Palmarino Fórum 20 de Novembro Criola ACQUILERJ - Associação das Comundiades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro PROEALC-CCS/UERJ - Programa de Estudos de América Latina e Caribe Projeto Políticas Públicas de Saúde - FSS/UERJ Forum de Saúde do Rio de Janeiro Coletivo Desentorpecer a Razão Centro de Direitos Humanos Dom Adriano Hypolito da Diocese de Nova Iguaçu IECERJ - Instituto de Estudos Criminais do Estado do Rio de Janeiro Conectas Direitos HumanosNúcleo Margens - Modos de Vida, Família e Relações de Gênero - CFH/UFSCAPROPUC-SP - Associação dos Professores da PUC-SP

quinta-feira, 29 de outubro de 2009


Você só sabe até onde pode ir quando já foi.
(L. F. Veríssimo)
Ir ou ficar?
Fui...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Onde as ruas não têm nome
(Caderno Mais, Folha de SP, 25/10/09- por Marcelo Ninio)

Ganhador do "Nobel" da criminologia diz que violência se repete em poucos lugares das cidades e que polícias estão agindo de forma errada


No combate ao crime, menos pode ser mais. Aplicada ao espaço das cidades, essa é a tese do professor David Weisburd, professor na Universidade de Jerusalém, que acaba de receber o Prêmio Estocolmo de 2010, considerado o mais importante do mundo na área de criminologia. Duas décadas de pesquisas em cidades dos EUA levaram Weisburd à conclusão de que a grande maioria dos crimes ocorre em um número restrito de ruas. Os dados já começam a influenciar a ação das polícias americanas, que passaram a concentrar suas patrulhas nos locais mais perigosos, deslocando esforços de áreas com menor incidência de crimes. Em entrevista à Folha, Weisburd explicou sua tese.

FOLHA - Por que o sr. decidiu concentrar suas pesquisas na ideia de espaço?
DAVID WEISBURD - Por muitos anos, a pesquisa na área de criminologia teve como foco entender por que as pessoas cometem crimes. Em meu trabalho, comecei a fazer perguntas diferentes: onde o crime ocorre? Por que ele ocorre ali?São perguntas que me interessam por estar na interseção entre a pesquisa básica e a aplicação prática. Muito do meu trabalho se baseia no que podemos chamar de "lei da concentração" do crime. Estudo após estudo mostra que uma proporção muito grande do crime em uma cidade ocorre em um número relativamente pequeno de locais.
FOLHA - Bairros inteiros?
WEISBURD - Não. A visão tradicional era apontar comunidades "boas" e "más". Mas na minha pesquisa percebi que na maior parte das chamadas "más" comunidades praticamente não havia crime. Mesmo nelas, na maioria das ruas as pessoas não estavam sendo mortas ou atacadas todos os dias. Em algumas áreas de Jersey City que pesquisei, a suposição geral era a de que toda a cidade era dominada pelo tráfico de drogas.Eu me dei conta de que havia os pontos de venda, mas que, uma ou duas quadras adiante, a vizinhança era relativamente tranquila.Em outro estudo que fiz em Seattle, analisei rua por rua as 30 mil quadras da cidade. Descobri que 50% do crime era restrito a 4% das quadras. O crime não estava em toda a parte, mas em locais muito específicos. E essa é uma estatística que se mantém há 16 anos, um bom exemplo do que eu chamo de "lei da concentração". Um outro estudo em Minneapolis mostrou que 50% dos crimes ocorriam em apenas 3,5% da área da cidade. Ou seja, geralmente uma porcentagem muita pequena dos lugares produz a maior parte dos crimes. O esquadrinhamento das ruas foi fundamental para chegar às conclusões, pois em muitos casos havia concentração do crime, mas não contínua. Mesmo nas áreas de maior concentração urbana, onde havia mais "hot spots", a maioria dos casos que estudei mostra uma irregularidade: duas ruas boas eram seguidas de ruas "más". Um outro estudo sobre criminalidade juvenil em Seattle mostrou que 86 das quadras, entre 30 mil, produziram um terço de todos os crimes.
FOLHA - Por que isso ocorre?
WEISBURD - Esses "hot spots" de delinquência juvenil estavam em poucas ruas, mas espalhados por toda a cidade -sobretudo perto de locais frequentados pelos jovens, como shoppings e escolas. Isso também se aplica aos crimes em geral. Crimes ocorrem onde há oportunidade. O que meu estudo enfatiza é que há um número relativamente pequeno desses lugares e que o crime nesses lugares costuma manter-se estável. Se sabemos que o crime é concentrado em um número limitado de lugares, que ele se mantém estável e que há certos motivos para ocorrer ali, a conclusão natural é a de que precisamos levar a polícia até eles, não à cidade inteira. Para a polícia, o recado é simples: não desperdice suas patrulhas em todo lugar.
FOLHA - Concentrar a ação policial num ponto não provoca a migração do crime?
WEISBURD - Fiz estudos sobre isso, enfocando tráfico e prostituição, e descobri que o crime não se desloca facilmente. As ruas próximas não ficaram piores e o crime não migrou para outras áreas da cidade. Há alguns motivos para não haver deslocamento. Criminosos atuam em certas regiões por um motivo. Traficantes de drogas, quando são cercados por policiais, não se mudam imediatamente, pois naquela área eles conhecem as pessoas, sabe quem vai denunciá-los ou não à polícia etc. É o lugar dele. Crime, em grande medida, é como qualquer outro trabalho. As pessoas trabalham onde é mais cômodo.
FOLHA - Como o policiamento concentrado se aplicaria a um ambiente como o Rio, onde os pontos de tráfico estão espalhados pela cidade?
WEISBURD - O espaço tem que ser o foco. Em São Paulo e no Rio, há milhares de ruas, não dá para patrulhar a cidade inteira com a mesma eficiência. O sucesso depende de como a polícia faz o seu trabalho.A primeira coisa é fazer um mapeamento para saber onde estão os "hot spots", e por que motivo.Também é importante falar com os moradores, criar uma sensação de cumplicidade. A polícia não pode ser vista como uma força de ocupação, mas como parte da comunidade. A legitimidade da ação policial é um elemento crítico para o seu sucesso.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

De algum modo já aprendera que cada dia nunca era comum,
era sempre extraordinário.
E que a ela cabia sofrer o dia ou ter prazer nele.
Ela queria o prazer do extraordinário
que era tão simples de encontrar nas coisas comuns:
não era necessário que a coisa fosse extraordinária
para que nela se sentisse o extraordinário.
(C.Lispector)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009


"Daquilo que sabes conhecer e medir, é preciso que te despeças, pelo menos por um tempo. Somente depois de teres deixado a cidade verás a que altura suas torres se elevam acima das casas."
Friedrich Nietzsche



Recomeço com uma cola do meu querido amigo Paulo, que retrata tão bem meus sentimentos neste momento.

Como é bom sair da rotina para termos a dimensão exata do mundo que nos cerca. Voltar com os pés no chão...

Foi assim que minha viagem com minhas filhas me fez tão bem. Pude estar ao lado delas por dias, fortalecer meus laços, rever minhas decisões, minhas avaliações.

Fiquei pensando no quanto vamos vivendo nossos dias sem olharmos efetivamente para tantas coisas.

Já reparou no percurso que você faz diariamente e nem se quer olha para os lados? É assim que nossos dias vão passando...

Quantas coisas estou deixando, quantos sentimentos estão ficando, quantas pessoas estou deixando de abraçar, de amar, quantas oportunidades são tão pequenas perto das pessoas que me são caras...

Tudo foi se acalmando, se encaixando, como uma oportunidade de rever minha vida.

Já tive provas que a vida é curta, que devemos olhar para as pessoas com amor, deixá-las com amor, que o ter não é nada perto do ser e um dia antes da minha volta, recebo uma triste notícia: D. Vida me mandava novamente o mesmo recado.

Perdi uma prima linda, com 26 anos, dois bebezinhos lutando para sobreviver de uma tragédia.

E é assim que volto, com lágrimas em meu olhar...

Lágrimas de uma dor indefinível, uma saudade imensa, perdas muito próximas de pessoas tão caras em tão pouco tempo. Meu regresso para meu meu ninho, meu olhar para meu mundo.

Fui para essa viagem sem saber das grandes transformações que me esperavam. Essa é a mágica da vida: não sabemos o que nos aguarda!

Que possamos amar mais, nos valorizarmos mais, deixarmos tudo o que é pequeno, material para um segundo plano.

Nossa vida é esta, agora e tenha certeza que o amanhã é uma incerteza!

Um beijo enorme, com todo meu amor.

sábado, 10 de outubro de 2009

Olhar necessário...


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.

Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,

quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,

de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,

do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,do penúltimo

e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,

que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,

que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!

De quem disse que viria e nem apareceu;

de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito,

de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram como me dizer adeus;

de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes,de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente,

como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...não sei onde...

para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades

Em japonês, em russo, em italiano, em inglês...

mas que minha saudade,por eu ter nascido no Brasil, só fala português,

embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,

espontaneamente quando estamos desesperados...

para contar dinheiro...

fazer amor...

declarar sentimentos fortes...seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples"I miss you"

ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua,

nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...

Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito,

meio nostálgico, meio gostoso,

mas que funciona melhor do que um sinal vital

quando se quer falar de vida e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis!

De que amamos muito o que tivemos

e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência...
(C.Lispector)
Vou sentir saudade...

Olhar de pedido...

Eu tô perdido

Sem pai nem mãe

Bem na porta da tua casa

Eu tô pedindo

A tua mão

E um pouquinho do braço

Migalhas dormidas do teu pão

Raspas e restos

Me interessam

Pequenas poções de ilusão

Mentiras sinceras me interessam

Me interessam, me interessam

Eu tô pedindo

A tua mão

Me leve para qualquer lado

Só um pouquinho

De proteção

Ao maior abandonado

Teu corpo com amor ou não

Raspas e restos me interessam

Me ame como a um irmão

Mentiras sinceras me interessam

Me interessam

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Conferência Internacional - NEV

Há 20 anos o Núcleo de Estudos da Violência foi criado na Universidade de São Paulo para acompanhar as mudanças das instituições brasileiras no contexto da transição democrática.
Esta data e os 30 anos da Lei de Anistia, um dos marcos dessa mesma transição, levam-nos a refletir sobre a incompletude desse processo, uma vez que parentes de mortos e desaparecidos políticos continuam a se indagar sobre o paradeiro de seus familiares e vítimas de crimes cometidos pelos agentes estatais - prisões ilegais, seqüestros e tortura -ainda esperam por justiça.

A Conferência Internacional sobre o Direito à Verdade pretende discutir a possibilidade da criação de uma Comissão de Verdade no Brasil, mediante o intercâmbio de idéias com especialistas de outros países onde foram desenvolvidas experiências dessa natureza. O objetivo é fomentar o debate acerca de todas as formas de viabilizar e efetivar o direito à verdade.
Afinal, é responsabilidade do Estado revelar a verdade aos cidadãos, buscando a não-repetição das violações em massa de direitos humanos institucionalizadas durante o governo autoritário (1964-1985). E é a partir desta revelação que poderemos avançar no processo iniciado na década de 70, de estabelecer, profundamente no Brasil, o Estado Democrático de Direito.

Data e horário: 19 de outubro*, das 09h30 às 18h00
20 de outubro, das 10h30 às 17h30
Local: Auditório Prof. Francisco Romeu Landi (Poli USP)
Mais informações e inscrições gratuitas em: www.nevusp.org/direitoaverdade

* Às 10h50, o Keynote Speaker será Priscilla Hayner, fundadora e diretora do programa de Paz e Justiça do International Center for Transitional Justice em Genebra, autora de Unspeakable Truths facing the challenge of truth commissions, em que analisa experiências de comissões de verdade em mais de 30 países. Confira a programação completa no site, com os especialistas brasileiros e estrangeiros convidados.

Meu olhar...


Não sei da sua formação acadêmica meu leitor, dos caminhos que você trilhou na vida profissional, mas sei que a minha não foi simples.
Não pude fazer a faculdade com aquele nome bacana que hoje eu gostaria de ver impresso no meu diploma.Quando ingressei na faculdade tinha um bebê no meu colo.Minha imaturidade e a dureza da vida daqueles tempos colocaram rapidamente um diploma em minhas mãos. Um canudo...
O mundo rodou, rodopiou, deu cambalhotas...

Em um passado recente, me reencontrei com meus livros, com minha essência e despertei minha alma.
Em pouco tempo já devorava livros, havia passado em um curso e um novo mundo se fez.
Pessoas especiais, anjos de verdade, cruzaram (e cruzam) minha vida, me dão passagens em paisagens indefiníveis. Obrigada!
Tenho um companheiro de verdade ao meu lado,filhos preciosos, que me apoiam e me auxiliam nessa jornada.
Sigo um caminho tranquilo, com passos mais precisos (alguns tropeços) e posso sentir a vida me guiando. Estou indo ao encontro dos meus planos.
Sim, tenho dúvidas, incertezas, medos, monstros gigantescos habitam o meu ser(reais e imaginários).
O mundo real, infelizmente, também coloca em nossas vidas pessoas que nos lembram o quanto amamos nossos cães.Nesses dias me recolho, choro baixinho...
Mas, como sempre digo,SOU MULHER MACHO SIM SENHOR!! E sempre, sempre me levanto e recomeço o que havia ficado suspenso (tenho um prazo de validade para dias tristes: 2 dias e nada mais).
Hoje(que já é amanhã), no finalzinho do dia, fui invadida por uma tristezinha...
Talvez seja a gata sem orelhas que minha mãe trouxe para eu conhecer (ela nasceu com os olhos mais lindos do mundo, para que ninguém pudesse reparar a falta de orelhas); talvez seja o cansaço, o corpo reclamando; talvez a saudade da Julinha, minha bailarina; talvez a saudade antecipada do pequeno homenzinho; talvez...
Terminei um trabalho de dias e mais dias, noites e noites, privação do meu papel de mulher, mãe, filha, amiga, bunda (sim, estou praticamente desbundada de tanto ficar sentada), uma entrega total.
Pensei nos prazeres que pude vivenciar com esse trabalho. Descobri outro universo, uma nova maneira de pensar, uma literatura inigualável!! Salve o Sul do país!
Passei dias saboreando cada palavra, cada novo artigo , cada livro, cada descoberta. “Não era uma mulher com seu livro, era uma mulher com seu amante”, retrucaria Clarice ( e talvez o Mauricio!).
O prazer ao ver o texto pronto..., prova do meu crescimento, da minha dedicação.
Não era somente o resultado de um estudo, era um capítulo da minha trajetória.
Mas o desconforto persistiu e me senti pequena, frágil, incapaz...
Amanhã o sol irá nascer.
Bom dia D. Érica!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009


Acordei com uma saudade dolorida, sem rosto, sem nome...



Batidas na porta da frente é o tempo

Eu bebo um pouquinho pra ter argumento

Mas fico sem jeito, calado, ele ri

Ele zomba do quanto eu chorei

Porque sabe passar e eu não sei

Um dia azul de verão, sinto o vento

Há folhas no meu coração, é o tempo

Recordo um amor que perdi, ele ri

Diz que somos iguais, se eu notei

Pois não sabe ficar e eu também não sei

E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos

Que amores terminam no escuro sozinhos

Respondo que ele aprisiona, eu liberto

Que ele adormece as paixões, eu desperto

E o tempo se rói com inveja de mim

Me vigia querendo aprender

Como eu morro de amor pra tentar reviver

No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer

Eu posso, ele não vai poder me esquecer
(na voz de Nana Caymmi, um alento para a alma!)

domingo, 4 de outubro de 2009

Triste notícia:morre Mercedes Sosa.



Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo
Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia el mas fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante
Cambia el rumbo el caminante
Aúnque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subsiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera
Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Pero no cambia mi amor
Por mas lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente
Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Pero no cambia mi amor...

Imperdível.

Ciclo de debates em BH: Alternativas à privação de liberdade.

5/10/2009 – Segunda-feira.
19h30 – Recepção e credenciamento.
20h – Abertura.
Deputado Alberto Pinto Coelho – Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais – ALMG
Tarso Genro – Ministro da Justiça.
Desembargador Sérgio Antônio de Resende – Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais Alceu José Torres Marques – Procurador-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Deputado Durval Ângelo – Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Deputado Agostinho Patrús Filho – Secretário de Estado de Desenvolvimento Socia.l
Maurício de Oliveira Campos Júnior – Secretário de Estado de Defesa Social.
Belmar Azze Ramos – Defensor Público-Geral do Estado de Minas Gerais.
Emely Vieira Salazar – Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos.
20h20 – Palestra Magna: Alternativas à privação de liberdade: outras formas de promover justiçaJuarez Cirino dos Santos – Professor da Universidade Federal do Paraná e do Instituto de Criminologia e Política Criminal – ICPC.
21h20 – Apresentação cultural.
21h40 – Confraternização.

6/10/2009 – Terça-feira.
9h – Punir ou responsabilizar? Ressignificando a Justiça.
Expositores: Márcia de Alencar Araújo Mattos – Coordenadora-Geral do Programa de Fomento às Penas e Medidas Alternativas da Diretoria de Políticas Penitenciárias do Departamento Penitenciário Nacional – Ministério da Justiça.
Maria Lúcia Karam – Ex-defensora pública e juíza de direito aposentada.
Wanderlino Nogueira Neto – Consultor da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente.
10h – Debates.
Coordenador dos debates: Deputado Durval Ângelo – Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
10h30 – Palestra: As regras de Tóquio e o contexto brasileiro de alternativas à prisão.
Expositores: Leonardo Sica – Doutor e Mestre em Direito Penal.
Ana Lúcia Sabadell – Doutora em Direito e Professora titular da UFRJ.
11h30 – Debates.
14h – Mesa multidisciplinar (roda de conversa): Olhares multidisciplinares sobre as alternativas ao modelo prisional.
Expositores: Rodrigo Torres Oliveira – Vice-Presidente do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais Glays de Fátima Silva Guerra – Assessora Jurídica do Conselho Regional de Serviço Social e Professora da PUC-Minas.
Virgílio de Mattos – Jurista e professor Universitário Ignácio Cano – Sociólogo - UERJ.
15h30 – Debates.
Coordenador dos debates: Deputado João Leite - Presidente da Comissão de Segurança Pública e da Comissão Especial da Execução das Penas no Estado.
16h – Diálogo intersetorial: Perspectivas na efetivação de modelos alternativos de justiça penal. Representante do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Representante do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Representante da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais.
Maurício de Oliveira Campos Júnior – Secretário de Estado de Defesa Social.
José Luiz Quadros de Magalhães – Professor da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – e da PUC-Minas.
Maria Teresa dos Santos – Presidente do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade.
17h30 – Debates.
18h – Encerrame.

inscrições: http://www2.almg.gov.br/almg/inscricao_individual.html?num_evento=173

sábado, 3 de outubro de 2009


Pergunta de uma jornalista para Clarice Lispector: Você já comeu gato por lebre?

Quem nunca comeu que atire a primeira pedra!!
Bom apetite meninas!!!

Por Clarice Lispector:
Você já comeu gato por lebre? Perguntaram-me devido a meu pouco distraído.
Respondi: - Como gato por lebre a toda hora.
Mas não perdôo muito quando o motivo é de má-fé!
Mas a variedade do assunto está exigindo uma enciclopédia.
E há casos em que o gato até que quer ser gato mesmo, mas “lebresse oblige”, o que me cansa muito.
Há também os que não querem admitir que gostam mesmo é de gato, obrigando-nos a achar que é lebre, e aceitamos só para poder comer em paz com tempos e costumes.
Num tratado sobre o assunto, um professor de melancolia diria que já serviu de lebre a muito gato ordinário. Um professor de irritação diria uma coisa que não se publica.
Tenho mesmo vergonha é de quando não aceito lebre pensando que é gato. (Há um provérbio que diz: é melhor ser enganado por um amigo que desconfiar dele.) É o preço da desconfiança!
Estou gostando de escrever isto.
É que várias lebres andaram miando pelos telhados, e tive agora a oportunidade de miar de volta.
Gato também é hidrófobo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009



Os humanos têm olhos. Os répteis e muitos outros animais também. A questão, porém, parece ser que os humanos não sabem como os répteis enxergam. Sabemos, por outro lado, que lhes incrustamos a maça da não-visão, assim como o pai de Gregor Samsa fez quando “bombardeou” seu filho metamorfoseado (Franz Kafka). Bueno, os homens não apenas pensam que olham, mas acreditam que vêem; e isso implica, pelo menos, duas coisas muito marcantes: que, para além dos olhos, não atribuímos a possibilidade da visibilidade aos répteis, afinal de contas, nós é que somos dotados da Razão; mas isso está ligado à segunda implicação, segundo a qual, há algum sentido na auto-imputação da possibilidade de re-parar, isto é, existe uma responsabilidade por ter visão. Não é a toa que a cegueira dos personagens deve ser antecedida pelo aviso àqueles que podem enxergar: se podes olhar, vê; se podes ver, repara (José Saramago). Ainda assim o olho nos engana, visto que um irrelevante copo sem defeito o ilude, confundindo-se com o ar que não se vê (Guy de Maupassant) – cantarolando com Chico Buarque: um copo vazio, está cheio de ar. Quero dizer, há um delírio do olhar em querer ver, em querer conhecer, resolver, solucionar, na medida mesma em que pretende representar isso tudo como a mais pura e bela sanidade. Nessa complexidade toda há também o delírio da visão, que, assumindo-se enquanto tal, é mesmo uma crítica a racionalidade alucinatória e, por isso, outra realidade. Isto é, ser humano, faz toda a diferença; aliás, assumir a impossibilidade da neutralidade é a diferença, pois, se o mundo eu enxergo porque diferente de mim, a visão é o encontro mesmo com aquilo que não sou eu, numa imbricação pulsante e ruminante, senão reflexiva, com o outro que também me constitui e com os Outros, cujas realidades me chocam.

Conferir Maurice Marleau-Ponty, O Olho e o Espírito.

"O Lula disse que nunca tinha participado de um momento tão bonito. Ele é um personagem fantástico, nunca vi alguém com um amor tão grande pelo Brasil", disse o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
O discurso do presidente Lula e o projeto do Rio de Janeiro comoveram os membros do Comitê Olímpico Internacional.

Ele é o cara!
Vejam só:
-Governante da população carente (e de alguns filiados);
-descobridor de petróleo;
-sofre de alzheimer(para alguns assuntos) e aumenta ainda mais seu prestígio;
-descobridor de talentos (Viva o Tóffoli);
-o homem da bolsa (fome, educação...) e agora
-conquistador da sede das olimpíadas de 2016!

Muito bem Lula, ainda teremos saudade de você!
Quem sabe a Dilma ganhe e eu até exclame essa frase...

Schreber.

Começa hoje o Seminário sobre Schreber, com a palestra de Alexandre Morais da Rosa.

Descoberta!





Salo, depois do sucesso da novela, retorna ao seu blog, aos seus livros, suas aulas...
P.S: uso da imagem sem permissão... Salo, conto com sua compreensão (advogados me liguem!)

NEV/USP

Espaço de autonomia crítica, campo de estudos e de atividade profissional, o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) – desde 2000 um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da FAPESP, com o nome de Centro de Estudos da Violência – teve uma importância fundamental na formulação de programas nacionais de direitos humanos.

É o que destaca uma pesquisa de mestrado, defendida na Universidade Federal do Ceará (UFC), intitulada “Violência e Academia: a construção político-intelectual do Núcleo de Estudos da Violência”. O NEV, da Universidade de São Paulo (USP), foi pioneiro no país na pesquisa, denúncia e fiscalização das instituições de justiça e segurança pública no combate aos crimes de direitos humanos no país.

A dissertação, defendida no Departamento de Sociologia da UFC por Francisco Thiago Rocha Vasconcelos, destaca o papel do NEV como espaço de autonomia crítica, em um campo de estudos e de atividade profissional bastante disputado por demandas políticas, seja por parte da militância ou do Estado.

“Meu objetivo foi analisar a construção político-intelectual da instituição no campo do saber da Sociologia da Violência e a sua influência no desenvolvimento de temas, posicionamentos teórico-metodológicos e políticos”, disse Vasconcelos à Agência FAPESP.
Segundo Vasconcelos, a ideia de pesquisar um núcleo externo à UFC surgiu a partir da própria experiência do autor, na iniciação científica, dentro do laboratório de estudos da violência na instituição.

“O NEV foi o primeiro núcleo de estudos da violência surgido dentro de uma universidade. E me chamou a atenção o crescimento desses centros de pesquisa. Minha ideia foi tentar entender o papel político e intelectual como resposta à segurança pública”, disse.

O NEV-USP é um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) que, no Estado de São Paulo, são apoiados pela FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Projeto Temático.

Segundo o pesquisador, o núcleo apresenta algumas características que chamam a atenção. “Foi o primeiro centro que se constituiu dentro de uma universidade para pesquisar os direitos humanos numa época conturbada, de transição democrática”, diz.

O surgimento do NEV se destaca também, segundo o pesquisador da UFC, porque conciliou “militância com a pesquisa”.

“O núcleo está ligado à militância em torno da denúncia e da fiscalização das instituições de justiça e segurança pública. E teve uma importância fundamental, ao longo dos anos de 1990, na parceria com o governo federal na formulação do programa nacional de direitos humanos”, destaca.

O NEV nasceu vinculado ao trabalho desenvolvido pela Comissão Teotônio Vilela, surgida em 1982, a partir de um grupo criado pelo senador Severo Gomes, para investigação de um massacre que ocorreu no hospital psiquiátrico em Franco da Rocha, em São Paulo.

Entre seus fundadores, além do senador Teotônio Vilela, destacam-se nomes como Antonio Candido, Fernando Gabeira, entre outros. Tornou-se Núcleo de Estudos da Violência em 1987, vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, graças em parte à parceria com Sérgio Adorno, professor titular do Departamento de Sociologia da USP e, atualmente, coordenador científico do NEV.

O trabalho mostra como o NEV construiu uma proposta político-intelectual diferenciada, unindo militância à pesquisa, e como ajudou a formatar uma “sociologia da violência” dentro do contexto brasileiro.

“Como casar produção do conhecimento com a atuação em torno dos direitos humanos? Pela fala dos entrevistados, foi interessante perceber que destacavam a ideia de sempre separar o que é o papel do pesquisador e do cientista do papel do militante”, reforça Thiago Vasconcelos.

Segundo ele, ao longo de sua história o NEV aumenta a aliança com a sociedade civil organizada e também com o Estado, alternando momentos de tensão e acomodação.

“É importante destacar que o NEV ocupa um papel importante, principalmente em São Paulo, mas também em nível federal, levando em conta as políticas nacionais de direitos humanos”, reforça.

Para ler a dissertação Violência e Academia: a construção político-intelectual do Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP), de Francisco Thiago Rocha Vasconcelos, defendida em 2009 pelo ao programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), clique aqui.

fonte: http://www.agencia.fapesp.br

Linda, linda...

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Recebi um aviso que o link não abre, mas no meu computador ele abriu normalmente.
Encaminho o manifesto...


MANIFESTO EM DEFESA DO DIREITO AO REFÚGIO
Em breve, o Supremo Tribunal Federal julgará definitivamente o pedido de Extradição 1085, referente ao cidadão italiano Cesare Battisti. Nós, abaixo assinados, cientes da vinculação do Estado brasileiro à prevalência dos direitos humanos em suas relações internacionais (art. 4, II, CF), dirigimo-nos à sociedade em geral e ao STF em particular para ponderar que:
a) A concessão de refúgio representa um instrumento de fundamental importância para a proteção da pessoa humana, tendo sido previsto na Constituição Federal como princípio de política externa visando à preservação dos direitos humanos e da democracia;
b) A participação do judiciário no processo de extradição se caracteriza por sua função protetiva e representa uma garantia ao extraditando, impedindo sua entrega ilegal ou abusiva a outro país, conforme sólida jurisprudência do STF. Nesse sentido, a judicialização da extradição não pode servir ao propósito inverso: modificar o já reconhecido status de refugiado, autorizando sua extradição;
c) A inversão da função protetiva do STF no processo de extradição – transformando-o na principal instância de reconhecimento ou não da condição política de refugiado – representa um enfraquecimento da democracia e dos princípios fundamentais que regem a República Federativa Brasileira;
d) A profunda divergência entre os votos e a polarização da Corte sobre o caso demonstram existir relevantes dúvidas quanto aos pressupostos desta extradição. Nessa hipótese, considerando as conseqüências penais que recaem sobre o extraditando (aplicação da pena de prisão), recomenda-se a aplicação do princípio in dubio pro reo, determinando-se a extinção do processo de extradição.
e) A continuidade do processo de extradição contraria o art. 33 da Lei 9474/1997, segundo o qual o reconhecimento da condição de refugiado obsta o seguimento de qualquer pedido de extradição baseado nos fatos que fundamentaram a concessão de refúgio;
f) A eventual autorização de extradição nessas condições produzirá efeitos negativos não só no plano internacional, mas também no plano interno, abrindo espaço para insegurança jurídica e crise entre as instituições, causando incerteza com relação às atribuições de natureza política do poder executivo.

Diante dessas ponderações, esperamos que o Supremo Tribunal Federal considere extinto o processo de extradição do cidadão italiano Cesare Battisti, reafirmando a sua tradicional função de salvaguarda dos direitos fundamentais e dos princípios constitucionais inerentes à democracia.
Assinam o documento:
Juarez Tavares - Sub-procurador da República, Professor Titular de Direito Penal - UERJ
Antonio Augusto Madureira de Pinho - Professor de Filosofia do Direito - UERJ
Claudio Pereira de Souza Neto - Professor de Direito Constitucional - UFF
Adriano Pilatti - Professor de Direito Constitucional - PUC-Rio
Francisco Guimarães - Professor de Direito Constitucional - PUC-Rio
Roberto Amaral, jurista, constitucionalista, professor universitário, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e primeiro vice-presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro
Thula Rafaela de Oliveira Pires – jurista – professora de direito constitucional
Augusto Werneck, Professor de Direito PUC-Rio, Procurador do Estado
Marcello Augusto Lima de Oliveira - OAB/RJ 99.720
Gisele Cittadino – Professora Direito – PUC- Rio
Antonio Cavalcanti Maia - Professor de Filosofia do Direito - UERJ
Telma Lages – Professora de Direito – PUC-Rio
Diego Werneck Argueles - Professor de Direito Constitucional - FGV-Rio
Ronaldo Cramer – Professor de Direito do PUC-Rio e Procurador Geral da OAB/RJ
José Ricardo Ferreira Cunha- Professor de Teoria do Direitos - UERJ/FGV-Rio
Alexandre Mendes - Defensor Público do Estado do Rio de Janeiro
Vivian Gama - Professora de Direito - IBMEC
Vanessa Santos do Canto – Advogada
Gustavo Sénéchal de Goffredo, Professor de Direito Internacional Público na PUC-Rio e na UERJ
André Barros – Advogado – Rio de Janeiro
Rafael Soares Gonçalves Jurista e historiador - Professor da PUC-Rio
Tiago Joffily – Promotor de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
Regina Coeli Lisbôa Soares - Profa. de Direito Constitucional – PUC-Rio
Sergio Batalha - Presidente do Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro.
Nilo Batista – Professor Titular de Direito Penal da UFRJ e da UERJ
Vera Malaguti Batista – Professora de Criminologia da Universidade Candido Mendes
Assinaturas Institucionais

Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro - Nucleo de Defesa dos Direitos Humanos
Centro Acadêmico Luis Carpenter - CALC - Direito- UERJ
DCE - UNB
Grupo Tortura Nunca Mais – Rio de Janeiro
Instituto Carioca de Criminologia (ICC) – Rio de Janeiro