terça-feira, 1 de junho de 2010

Amor III


Um mundo feito de coisas nunca ditas.
Disso era feito aquela relação.
Fazia muito estavam ali, deitados, em silêncio.
Não ousavam dar nome ao que sentiam, não tinha forma.
Feito apenas de sorrisos, poucas certezas, sons e encontro.
O que importa como isso se chama?

Haviam esperado algum tempo para abrir a porta daquele vasto mundo, que de tão grande só cabia os dois.
Havia muito para ser dito, por isso permaneciam em silêncio. O corpo de um sendo casa do corpo do outro.

Ela pensava, mas pensava bem baixinho para que ele não ouvisse.

De todas as coisas que você não sabe,
das coisas que sinto,
de tudo que penso, quando sinto nós dois.
Coisas boas, leves, tristes, coloridas que voam pela minha cabeça enquanto te olho. É bom te ter ao meu lado.

Ele, que intuia o olhar, pensava alto, mas nunca a ponto de ser ouvido

De tudo que penso enquanto te sinto.
De como gosto de circular tua cintura, na denuncia do laço que nego
Do gosto que tenho por te prender entre braços impedindo teu corpo de escapar.
Escapar deste encontro. Você que sorri, parecendo adivinhar. Tão preso que estou. É bom te ter ao meu lado.


Descobriam juntos em silêncio, que distantes o muito era nada, e de que o pouco, juntos, era o muito mais.

De que, para alguns basta apenas um quarto, uma cama quente e água,
porque amar da sede.

De tudo que pensavam, quando abriam a porta para este pequeno mundo intimo, em que só cabiam os dois, e que nunca diriam, é que era bom amar e que amar dava sentido, mesmo em silêncio.

(Colhido da Andréa Beheregaray, minha assassina predileta!)

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